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Mudanças climáticas: relatório alerta para “trajetória desastrosa”

Por Olhar Digital 07/12/2023 14h58
Mudanças climáticas: relatório alerta para “trajetória desastrosa”
Derretimento de geleiras é um dos graves efeitos das mudanças climáticas - Foto: EFE

Um relatório apresentado na COP28, Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2023, realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, aponta que “o mundo está em uma trajetória desastrosa”. No documento, cientistas pedem a urgente eliminação do uso de combustíveis fósseis e a adoção de medidas capazes de reduzir as emissões de dióxido de carbono para salvar o planeta.

Impactos das mudanças climáticas

O Global Tipping Points Report (Relatório Global sobre Pontos de Não Retorno) foi produzido por uma equipe internacional de mais de 200 pesquisadores, coordenada pela Universidade de Exeter, no Reino Unido, em parceria com o Bezos Earth Fund. E alerta para as consequências irreversíveis das mudanças climáticas.

Os pontos de não retorno no sistema terrestre representam ameaças de uma magnitude nunca enfrentada pela humanidade. Podem desencadear efeitos dominó devastadores, incluindo a perda de ecossistemas inteiros e da capacidade de cultivo de culturas básicas, com impactos sociais que incluem deslocamentos em massa, instabilidade política e colapso financeiro.

Tim Lenton, diretor do Global Systems Institute (GSI), professor da Universidade de Exeter e coordenador do relatórioCom base em uma avaliação de 26 pontos de não retorno negativos, o relatório conclui que “continuar do jeito que está não é mais possível”, com mudanças rápidas na natureza e nas sociedades já acontecendo e outras ainda mais intensas a caminho.

Se aquecimento global ultrapassar o patamar de 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais, desrespeitando o que foi estabelecido no Acordo de Paris, pelo menos cinco pontos de não retorno do sistema terrestre podem acontecer. Entre eles o colapso dos grandes mantos de gelo do planeta.

Além disso, os cientistas alertam para os efeitos cascata resultantes desse processo. Isso acontece quando um compartimento do sistema que ultrapassou seu ponto de não retorno desestabiliza outro compartimento, que, em consequência, também ultrapassa seu limiar crítico.

O derretimento das geleiras da Groenlândia, por exemplo, deve causar um substancial enfraquecimento da Célula de Revolvimento Meridional do Atlântico, que, por sua vez, forçará o colapso das florestas tropicais localizadas no norte da América do Sul, da África Equatorial e da Oceania, além do sul da Península Asiática. As reconstituições do clima do passado geológico, que nosso grupo de pesquisa tem realizado, nos mostram claramente que o efeito cascata é uma ocorrência comum e altamente preocupante.

Recomendações para reverter o cenário atual


  1. Interromper a utilização de combustíveis fósseis e as emissões provenientes de mudanças no uso do solo muito antes de 2050;
    Fortalecer os mecanismos de adaptação e de governança de perdas e danos, reconhecendo as desigualdades existentes entre e dentro das nações;
    Incluir pontos de não retorno no Inventário Climático Global e nas Contribuições Nacionalmente Determinadas;
    Coordenar os esforços políticos para promover pontos de não retorno positivos;
    Convocar uma reunião de cúpula global urgente sobre pontos de não retorno;
    Aprofundar o conhecimento dos pontos de não retorno.
    As informações são da Revista Galileu.