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No 5º aniversário do movimento dos 'Guarda-chuvas', Hong Kong tem confrontos

Protestos acontecem desde o mês de junho contra o retrocesso de liberdades e para pedir reformas democráticas

Por AFP e G1 28/09/2019 20h21
No 5º aniversário do movimento dos 'Guarda-chuvas', Hong Kong tem confrontos
Reprodução - Foto: Assessoria
A polícia de Hong Kong usou canhões de água neste sábado (28) contra um grupo de manifestantes que jogava pedras e coquetéis molotov em direção ao prédio do Escritório de Ligação, que abriga a representação do governo central chinês. Os constantes protestos, que acontecem desde junho, visam denunciar o retrocesso das liberdades e pedir reformas democráticas. Na última quarta-feira (25), uma autoridade do alto escalão do governo de Hong Kong descartou quaisquer tipos de novas concessões. Próximo ao prédio oficial chinês, dezenas de mascarados atiravam garrafas incendiárias e outros projéteis. O local é alvo frequente de ataques durante as recentes manifestações, por vezes violentas. Também neste sábado, uma multidão de manifestantes invadiu a Harcourt Road, uma grande avenida que cruza o distrito central de Admiralty. Esta mobilização começou quando a polícia usou gás lacrimogêneo contra um pequeno grupo de estudantes. Os manifestantes se protegeram abrindo seus guarda-chuvas, um objeto que se tornou emblemático. "Acho que as pessoas estão prontas para um longo combate, porque não é fácil obter a democracia do Partido Comunista Chinês", disse à AFP, a engenheira Yuan, de 29 anos. Em 2014, ela não participou do Movimento dos Guarda-Chuvas, mas este ano, sentiu-se obrigada a protestar por causa da atitude partidária da polícia local. Lançado em 28 de setembro de 2014, o Movimento dos Guarda-Chuvas, uma ocupação pacífica do coração político e financeiro da megalópole, durou 79 dias. Cinco anos depois, a ex-colônia britânica volta a enfrentar uma grave crise política. Mas o fracasso de 2014 radicalizou o movimento pró-democracia. "O comportamento da polícia tem sido um catalisador", estima Yuan, referindo-se a acusações generalizadas de brutalidade policial. A atual contestação surgiu da rejeição a um projeto de lei que visava autorizar as extradições para a China continental. A chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, finalmente desistiu do projeto no início de setembro. Mas essa medida foi considerada tardia pelos manifestantes, que ampliaram consideravelmente suas demandas para exigir reformas democráticas. Essa mobilização é também uma denúncia das ingerências cada vez mais frequentes de Pequim nos assuntos de sua região semi-autônoma, violando, segundo os manifestantes, o famoso princípio "Um país, dois sistemas" que regeu a retrocessão. "Se as reivindicações fossem atendidas com ações pacíficas, racionais e não violentas, não precisaríamos de métodos mais radicais", declarou neste sábado um estudante de 20 anos. "Quando olhamos para trás, o pacífico Movimento dos Guarda-Chuvas não obteve nada". Os manifestantes de Hong Kong planejaram várias ações até terça-feira, quando a China celebrará o 70º aniversário de sua fundação, incluindo uma grande parada militar. Manifestações também estão previstas para o próximo domingo (29) na ex-colônia britânica por ocasião de um dia mundial contra o totalitarismo. Os estudantes planejam uma greve escolar na segunda-feira (30) e novas manifestações foram convocadas para terça-feira (1). A polícia não permitiu nenhuma manifestação pró-democracia em 1 de outubro. Outros grupos pró-democracia também se reuniram, pacificamente, em um parque, por ocasião do 5º aniversário do início do "Movimento dos Guarda-chuvas".