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Estados Unidos pedem que Rússia mantenha aberto o canal de comunicação

Linha de comunicação entre os dois países para tratar de conflito na Síria foi interrompida abruptamente na quinta durante o bombardeio

Por G1 07/04/2017 14h49
Estados Unidos pedem que Rússia mantenha aberto o canal de comunicação
Reprodução - Foto: Assessoria

O Pentágono, departamento de Defesa dos Estados Unidos, pediu nesta sexta-feira (7) que a Rússia mantenha abertos os canais de comunicação que os dois países mantêm para tratar do conflito na Síria.

A linha foi abruptamente interrompida nesta quinta-feira (6), durante o bombardeio promovido pelos EUA a uma base militar síria, perto da cidade de Homs. Como justificativa para o bombardeio, o presidente americano, Donald Trump, afirmou que o ataque químico que deixou mais de 80 mortos nesta semana havia partido justamente daquela base.

A agência de notícias Reuters já havia informado que a Rússia concordou em manter o canal para tentar evitar eventuais problemas ou mal-entendidos entre americanos e russos.

O canal de comunicação entre Estados Unidos e Rússia funciona entre um centro americano de operações no Catar e um centro russo operando a partir de território sírio. Ele foi criada em 2015, pouco depois de a Rússia se envolver definitivamente no conflito sírio.

Nesta quinta, militares americanos utilizaram a linha direta para alertar a Rússia sobre o ataque ordenado pelo presidente Donald Trump contra uma base aérea síria.

Em resposta, de acordo com o Pentágono, a parte russa anunciou que suspenderia qualquer cooperação com os americanos no caso da Síria.

"A parte russa suspendeu os efeitos de um memorando para a prevenção de acidentes e para melhorar a segurança dos voos sobre operações na Síria, que havia sido acordado com os Estados Unidos", afirmou o ministério do Exterior russo em um comunicado, divulgado na ainda na quinta.

Rússia disse que suspenderia comunicação

O governo russo disse ainda que irá reforçar a defesa antiaérea síria. "Com o objetivo de proteger as infraestruturas sírias mais sensíveis, vamos adotar uma série de medidas o mais rápido possível para reforçar e melhorar a eficácia do sistema de defesa antiaérea das Forças Armadas sírias", declarou o porta-voz do exército russo, Igor Konachenkov.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, fez uma reunião com o conselho de segurança do país para discutir a ação na Rússia, onde faz bombardeios desde setembro de 2015. "Manifesto profunda preocupação com as consequências negativas inevitáveis decorrentes da ação agressiva da Luta contra Terrorismo Global", declarou em um comunicado, segundo a Reuters.

Em comunicado divulgado pelo Kremlin, o presidente Putin afirmou que a ação americana é uma "agressão contra um Estado soberano", baseada em "pretextos inventados". A Rússia tem negado que o governo sírio foi o responsável pelo ataque químico. Os russos dizem que as forças sírias bombardearam um depósito de armas dos rebeldes.

Putin "vê nos ataques uma tentativa por parte dos EUA de desviar a atenção da comunidade internacional das muitas vítimas entre a população civil no Iraque", onde tropas americanas lideram uma operação militar contra o Estado Islâmico".

Imagem divulgada pela TV estatal síria mostra fumaça após ataque dos Estados Unidos a uma base área síria (Foto: Syrian TV via Reuters)

‘Irresponsável’

O governo sírio afirmou que o ataque dos Estados Unidos à base militar de Al-Shayrat foi "irresponsável" e "imprudente", segundo a Associated Press. O presidente americano, Donald Trump, afirmou que o ataque químico que deixou mais de 80 mortos nesta semana partiu dessa base aérea.

Em apoio ao presidente da Síria, Bashar al-Assad, a Rússia anunciou que irá reforçar as defesas antiaéreas do exército sírio.

Na noite de quinta, os EUA lançaram 59 mísseis Tomahawk contra a base aérea, o que mostra uma mudança significativa na ação americana na região. Até então, os Estados Unidos vinham atacando apenas o Estado Islâmico e agora atingiram deliberadamente uma área de Assad.

O bombardeio deixou vítimas. A agência estatal síria afirma que nove civis, entre eles crianças, morreram. O Exército sírio diz que 6 pessoas morreram, mas não indica se as vítimas são civis ou militares. Já o Observatório Sírio afirma que quatro soldados morreram no ataque. Os Estados Unidos dizem que apenas um dos mísseis não atingiu o alvo, segundo a Associated Press.

O Exército Livre da Síria, que se opõe ao regime Assad, deu “boas-vindas” à ação dos Estados Unidos, ressaltando que é uma “grande responsabilidade” e que “não deve terminar nesta operação”. O grupo teme que as tropas promovam ataques contra eles em retaliação. Veja a repercussão da ação dos Estados Unidos na Síria.

ONU pede moderação

O Conselho de Segurança da ONU irá se encontrar nesta sexta-feira para discutir a situação na Síria. O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu moderação e ressaltou a necessidade de buscar uma solução política à guerra que atinge a Síria. "Peço moderação para evitar qualquer ato que aumente o sofrimento do povo sírio. Não existe outro caminho para colocar fim ao conflito (sírio) que não seja uma solução política", declarou Guterres, em um comunicado.

Decisão de Trump

O presidente americano responsabiliza o presidente sírio, Bashar al-Assad, pelo ataque com armas químicas e pediu o apoio de países aliados. "Pedi a todas as nações civilizadas que se unissem a nós, buscando acabar com o massacre e o derramamento de sangue na Síria. Anos de tentativas anteriores de mudar o comportamento de Assad falharam, e falharam muito dramaticamente", afirmou Donald Trump.

O Pentágono informou que as forças da Rússia que atuam na Síria foram comunicadas sobre o ataque com antecedência e que setores da base onde havia russos foram evitados e não foram atingidos.

Bombardeio à Síria

Os Estados Unidos lançaram 59 mísseis Tomahawk contra uma base aérea na Síria na noite desta quinta. Os mísseis atingiram a base de Al Shayrat, perto de Homs, por volta das 21h40 (hora de Brasília), 4h40 na hora local da Síria. O porta-voz do Pentágono, Jeff Davis, disse que os mísseis foram lançados dos destróieres USS Porter e USS Ross contra “aeronaves, abrigos de aviões, áreas de armazenamento de combustível, logística e munição, sistema de defesa aérea e radares”.

O Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), de oposição a Assad, informou que a base síria bombardeada foi “quase” totalmente destruída.