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Julian Assange é interrogado sobre acusação de estupro na Suécia
É a primeira vez que fundador do WikiLeaks dá sua versão sobre o caso à Justiça
O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, foi ouvido nesta segunda-feira (14) na embaixada do Equador em Londres, onde está refugiado desde 2012, por um procurador equatoriano na presença de uma magistrada sueca. Ele respondeu questões sobre uma acusação de estupro na qual foi envolvido na Suécia.
A procuradora sueca Ingrid Isgren, instrutora adjunta na investigação de Assange, chegou à embaixada pouco antes das 8h (horário de Brasília). Suécia e Equador negociaram há meses as condições de interrogatório. O Equador impôs que um procurador equatoriano fizesse as perguntas, mesmo que sugeridas pelos investigadores suecos.
A audiência "deve durar vários dias", indicou Per Samuelsson, advogado sueco de Julian Assange, que espera participar de pelo menos parte do processo. Esta é a primeira vez que o australiano, de 45 anos, acusado de estupro desde 2010, vai dar a sua versão dos acontecimentos à Justiça.
Enquanto a Justiça sueca o acusa de fugir sistematicamente de suas convocações, Samuelsson afirma que Assange "sempre quis dar a sua versão dos acontecimentos diretamente para os investigadores."
"Pedimos esta audiência desde 2010", explicou. "Ele quer uma chance de limpar a sua honra (...) e espera que a investigação preliminar seja abandonada [após o interrogatório]."
Próximos passos da investigação
A Justiça deverá recolher, se Assange consentir, amostras de seu DNA, segundo a procuradoria sueca. A transcrição do interrogatório será entregue posteriormente aos magistrados suecos, que decidirão o futuro da investigação.
A procuradora sueca encarregada do caso, Marianne Ny, comemorou o fato "de a investigação preliminar poder avançar com a audiência do suspeito".
Uma primeira audiência prevista para meados de outubro com o procurador Wilson Toainga havia sido adiada a pedido de Assange, que evocava a falta de garantias sobre a "sua proteção e defesa", segundo o Equador.
O australiano permanece desde junho de 2012 na embaixada equatoriana da capital britânica, quando pediu asilo a Quito para evitar ser extraditado à Suécia.
O Ministério Público sueco quer interrogá-lo pelo suposto estupro cometido em 2010, que ele nega. Assange é alvo de um mandato de prisão europeu, emitido como parte dessa investigação.
Batalha judicial
Assange não quer voltar à Suécia por medo de ser extraditado aos Estados Unidos, onde é criticado pela publicação no WikiLeaks em 2010 de 500 mil documentos classificados sobre o Iraque e o Afeganistão, assim como 250 mil comunicações diplomáticas.
Ele não deixou o local desde então, recluso em um pequeno apartamento e tendo que se contentar com algumas aparições públicas em sua varanda.
O australiano perdeu outra batalha judicial em setembro, quando, pela oitava vez em seis anos, um tribunal sueco rejeitou o recurso e confirmou o mandado de detenção europeu contra ele. O ativista solicitou no final de outubro uma suspensão deste mandato para ir ao funeral de um amigo, o que também foi recusado.
Petição pelo 'perdão' de Trump
Durante a campanha presidencial americana, o WikiLeaks divulgou milhares de mensagens hackeadas de pessoas próximas a Hillary Clinton, levando John Podesta, chefe da equipe de campanha da candidata democrata a acusar Assange de fazer o jogo do republicano e agora presidente eleito Donald Trump.
Uma petição, assinada por cerca de 18 mil pessoas, pede que Trump conceda "perdão presidencial" a Assange a o isente de perseguição nos Estados Unidos. Uma petição semelhante foi dirigida ao então presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, sem sucesso.
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