Interior

Serra da Barriga: famílias esperam por indenização

Processos continuam tramitando na justiça um ano após o acidente em União

Por Valdete Calheiros - colaboradora / Tribuna Independente 25/11/2025 06h50
Serra da Barriga: famílias esperam por indenização
Ônibus caiu na ribanceira, deixando 20 mortos e 28 feridos - Foto: Reprodução

Um ano depois, ainda tramita na Justiça todos os processos de indenização aos sobreviventes e familiares das vítimas fatais do acidente com o ônibus que prestava serviço à prefeitura de União dos Palmares, ocorrido na Serra da Barriga.

O acidente aconteceu no dia 24 de novembro de 2024, quando um ônibus que fazia o trajeto de subida da Serra da Barriga bateu em uma árvore e caiu da ribanceira, deixando 20 mortos e 28 feridos.

A prefeitura de União dos Palmares afirmou que o poder público municipal, por meio da Procuradoria Geral do Município, vem acompanhando de forma ininterrupta o andamento dessas ações, com o objetivo de garantir maior celeridade e efetividade nas indenizações.

Em junho deste ano, o Ministério Público realizou uma audiência pública no auditório da prefeitura com as vítimas e seus familiares, com o objetivo de apresentar detalhes sobre o andamento das ações indenizatórias.

O procurador de União dos Palmares, Thalles Emery, garantiu que tanto as vítimas quanto seus familiares seguem recebendo integralmente todo o assistencialismo que foi disponibilizado desde os primeiros momentos após a tragédia.

“O apoio social, o acompanhamento médico e psiquiátrico, bem como a assistência jurídica continuam sendo oferecidos de forma contínua, garantindo que todos recebam o suporte necessário”, assegurou.

O veículo que prestava serviço à Prefeitura de União só foi içado do local sete meses após o acidente. Até a retirada total da estrutura, surgiram várias denúncias sobre a situação do ônibus.

Entre as denúncias, a que dizia que as peças que ajudariam na investigação teriam sido furtadas. A perícia descartou falha mecânica e apontou falha humana.
As apurações oficiais que seguiram ao acidente caminharam em direções diferentes. A Polícia Civil concluiu que o veículo não apresentou falha mecânica e atribuiu o tombamento a erro humano por parte do motorista.

O Ministério Público de Alagoas (MP/AL), no entanto, enxergou um conjunto de fatores que teriam contribuído para o desfecho: superlotação, uso do ônibus para atividade distinta da qual foi projetado, originalmente destinado ao transporte escolar, e ausência de capacitação adequada para condução em terreno acidentado. O órgão também registrou que o motorista havia comunicado problemas anteriores no veículo.

Com base nesses elementos, o MP ingressou com ações judiciais cobrando indenizações individuais e requerendo R$ 5 milhões por danos coletivos, a serem destinados ao Fundo de Defesa dos Direitos Difusos.

No fim de outubro, a 1ª Vara Cível de União dos Palmares estabeleceu que a Prefeitura de União dos Palmares deve garantir assistência integral aos sobreviventes.

A determinação inclui consultas especializadas, exames, cirurgias, medicamentos e, se necessário, atendimento domiciliar. Cada despesa deve ser paga ou reembolsada no prazo de 15 dias, sob pena de multa diária de R$ 5 mil por vítima. Segundo a decisão, não houve recurso por parte do município dentro do prazo.

Após o acidente, a prefeitura proibiu que ônibus subissem o trecho mais elevado da serra e instalou placas de advertência na área onde o veículo tombou.

A estrada, sob responsabilidade do DER, permanece sem intervenções estruturais. O órgão informou que o percurso integra área considerada patrimônio cultural, o que limita alterações físicas no local.

Para marcar o primeiro aniversário da tragédia, a prefeitura programou a inauguração de um memorial em homenagem às vítimas. O espaço pretende ser um ponto permanente de lembrança coletiva e um marco da busca por segurança e responsabilização.