Em vias de ser adquirida ainda neste mês de março, pelo grupo chinês Baiyin Nonferrous, com a negociação no valor de R$ 2 bilhões, a Mineração Vale Verde (MVV) tem autorização para pesquisa mineral na cidade de Arapiraca, desde o ano de 2013, conforme mostra o site da Agência Nacional de Mineração (ANM).

De acordo com informações contidas no site da ANM, a empresa de mineração possui processos ativos que permitem a realização de estudos para avaliação da viabilidade de exploração mineral em muitos territórios da Região Agreste.

Um dos processos cadastrados é o de número 844.010/2013, que contempla uma área de quase 2 mil hectares, com a finalidade de pesquisa de minério de cobre para uso industrial.

O status atual do processo está na fase de “Autorização de Pesquisa”. O último evento registrado foi o pagamento de vistoria de fiscalização efetuado em 24 de outubro de 2018.

A Tribuna pesquisou as informações no site da ANM, e ainda há um segundo processo, de número 844.011/2013, também com autorização de pesquisa, desde 2013, indicando uma segunda área de estudo na cidade.

Os avanços das negociações para a compra da Mineração Vale Verde (MVV), entre os municípios de Craíbas e Arapiraca, pelo grupo chinês Baiyin Nonferrous em valor estimado de R$ 2 bilhões levanta a perspectiva do aumento da produção de cobre no Agreste de Alagoas.

A MVV vem operando a mina e planta de processamento de cobre no Serrote da Laje, em Craíbas, desde o ano de 2021.

A mina com lavra a céu aberto tinha reservas iniciais confirmadas em 52,7 milhões de toneladas de minério de cobre, mas esse número pode aumentar significativamente nos próximos anos, com novas pesquisas na região.

A empresa estava trabalhando em um projeto visando a expansão das reservas da mina, que estava com vida útil prevista para 14 anos. Com a aquisição do grupo chinês, a estimativa é de que seja ampliada a extração do minério para 20 anos.

Além do Serrote da Laje, e em terras de Arapiraca, há a possibilidade também do Projeto Caboclo, em Igaci, para lavra a céu aberto de minério sulfetado de cobre, a ser transportado até a Mina Serrote para beneficiamento.

Cobre, níquel, ferro e ouro

De acordo com publicação recente, no site da Agência Nacional de Mineração (ANM), existe ainda forte tendência de valorização, por meio de uma expansão potencial para recursos medidos e indicados de 108,85 Mt (milhões de toneladas) na própria mina Serrote e também de depósitos satélites potenciais próximos.

No ano de 2024, a Mineração Vale Verde fez 25 embarques para outros países, totalizando 74 milhões de quilos de minério de cobre para a China, Índia, Finlândia e Polônia.

Em janeiro de 2025, a empresa realizou seu primeiro embarque do ano com 9,3 mil toneladas secas (dmt) de concentrado de cobre, consolidando mais uma etapa de sua operação de exportação pelo Porto de Maceió.

O carregamento, enviado ao Porto de Qingdao, na China, foi transportado pelo navio Chayanee Naree e marca o 29º embarque da empresa desde 2021. Com essa movimentação, a MVV atingiu a marca histórica de 300 mil toneladas secas de concentrado de cobre exportadas via Porto de Maceió. As informações são da assessoria de imprensa da empresa.

Os embarques estão sendo feitos pelo Porto de Maceió, consolidando a empresa por inserir Alagoas no mapa das exportações de minério de cobre no mercado internacional.

Cobre é utilizado para eletrificação de veículos e outras tecnologias

O cobre é utilizado para a eletrificação de veículos e outros avanços da revolução energética. Segundo dados do Centro Internacional de Negócios de Alagoas (CIN/AL) e da Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (Fiea), no primeiro semestre de 2024, a balança comercial alagoana teve destaques para exportação de açúcar, minério de cobre, tabaco e placas de cerâmica, seguindo a tendência observada em meses anteriores.

Com isso, Alagoas foi o 6º estado com mais exportações no Nordeste, sendo Craíbas o maior município exportador, por conta do concentrado de cobre beneficiado na Vale Verde.

Segundo a gerente do CIN Alagoas, Dielze Mello, a entrada da mineradora Vale Verde na pauta de exportações do estado tem contribuído para a diversificação do mix de produtos alagoanos que são comprados por outros países, o que fortalece a economia local.

Novos projetos

Em 2024, a Appian Capital Advisory LLP, controladora da Appian Capital Brazil, firmou uma carta de intenções com a Pacific Bay, listada na bolsa de Toronto, para alienação de outra área em Alagoas, o prospecto de ouro Pereira-Velho, próximo à mina Serrote. O projeto abrange 11 concessões minerais, totalizando uma área de 14.596 hectares.

O mercado mineral estima que a demanda por cobre relacionada às atividades de transição energética – energia limpa e transporte eletrificado e a infraestrutura que os suporta – crescerá cerca de 4% ao ano até 2040.

Em todos os cenários avaliados, o mercado global de concentrado de cobre e refinado apresenta projeções de déficit futuro acentuado. A tendência é de enorme valorização do cobre ou de ajuste no crescimento da demanda (oferta insuficiente de cobre, substituição, menor intensidade de uso, novas tecnologias etc.) e elevação da reciclagem (de 20% para cerca de 35% em duas décadas).

Atualmente, além de MVV no Agreste de Alagoas, a produção de cobre no Brasil também é realizada por outras empresas nos estados do Pará, Goiás e Bahia.

A possibilidade de expansão da atividade mineradora para Arapiraca, com novas jazidas de cobre, níquel, ferro e uma pequena quantidade de ouro, ganha relevância diante da exploração mineral já em andamento no município vizinho de Craíbas.

A proximidade geográfica entre Craíbas e Arapiraca levanta questionamentos sobre a expansão das atividades mineradoras e os impactos socioambientais que podem advir dessa possível ampliação.

As informações obtidas pela Tribuna foram colhidas diretamente do site da Agência Nacional de Mineração (ANM).