Interior

Pesquisa da Uneal mapeia a atividade sísmica em Arapiraca

Estudo abrange ocorrências entre anos de 2020 e 2023 e revela localidades mais afetadas pelos tremores na região

Por Davi Salsa - Tribuna Independente 28/11/2024 09h18
Pesquisa da Uneal mapeia a atividade sísmica em Arapiraca
Pesquisadores da Uneal discutem mapeamento dos abalos sísmicos ocorridos na região de Arapiraca - Foto: Cortesia

Estudantes pesquisadores do curso de Geografia da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) realizaram um novo mapeamento, ampliado e detalhado, sobre a atividade sísmica em Arapiraca.

A nova pesquisa traz à tona dados importantes sobre os tremores de terra registrados entre os anos de 2020 e 2023.

O mapeamento faz parte da pesquisa conduzida pelos pesquisadores Willian Almeida, Marcos Araújo e Sandro Maciel. Os estudantes-pesquisadores identificaram os epicentros dos abalos sísmicos e apontam os bairros e localidades mais afetados.

O estudo, inédito na região, foi desenvolvido após análise dos dados disponibilizados pelo Laboratório de Sismologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LABISIS/UFRN) e tem o objetivo de compreender o comportamento das ocorrências sísmicas e auxiliar no planejamento urbano e na prevenção de possíveis danos estruturais.

Segundo os dados levantados, foram mapeados 58 tremores de baixa magnitude entre os anos de 2020 e 2023. Os tremores ocorreram com maior frequência nas regiões centro e norte de Arapiraca, com maior concentração de registros na zona rural próximo ao município de Craíbas, mas com vários registros em área urbana, como destaca o mapa feito pelo grupo.

Além de identificar as áreas mais impactadas, o mapeamento evidencia um padrão nos eventos sísmicos. Os pesquisadores destacaram que a sismicidade em Arapiraca pode estar relacionada a atividades humanas, como a extração de recursos naturais, reforçando a importância de monitoramentos mais frequentes.

“Este mapeamento nos ajuda a visualizar os locais mais sensíveis e a entender como os tremores estão distribuídos. É uma ferramenta essencial para a gestão de riscos”, explica Willian Almeida Melo, estudante da Uneal e um dos autores do estudo.
A equipe também sugere que os resultados podem servir como base para ações do poder público, como a criação de planos de emergência e campanhas de conscientização sobre como agir em caso de tremores. “Esperamos que a pesquisa contribua para a comunidade científica”, afirma.

Pesquisadores apresentaram o estudo em simpósio brasileiro

Mapa mostra os epicentros dos tremores de terra acontecidos em Arapiraca, segundo os estudos da Uneal

Em outubro passado, os pesquisadores participaram do Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada, apresentando a pesquisa intitulada “Sismicidade no Agreste Alagoano, um Estudo de Caso Sobre os Tremores de Terra em Arapiraca-AL”, que aborda as causas e impactos desses fenômenos na região, gerando discussões relevantes sobre a interação entre fatores geológicos, atividades humanas e o ambiente urbano.

Além disso, no final de agosto deste ano, a pesquisa foi apresentada para a turma do Curso de Formação de Oficiais (CFO) do Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas (CBM/AL).

A pesquisa trouxe à tona uma análise detalhada dos fenômenos sísmicos que têm ocorrido na região, com foco nos impactos sociais, econômicos e estruturais. Durante a apresentação, foram discutidos aspectos como as possíveis causas dos tremores, métodos de monitoramento sísmico, e medidas preventivas para minimizar riscos à população e à infraestrutura local.

O encontro teve como objetivo ampliar a compreensão dos futuros oficiais sobre a temática e reforçar a importância de um preparo técnico-científico para atuar em situações emergenciais relacionadas à sismicidade. O diálogo promovido entre a academia e os profissionais do Corpo de Bombeiros evidenciou a relevância de unir ciência e prática para fortalecer ações de prevenção e resposta frente a desastres naturais.

“Essa iniciativa reflete o compromisso com a disseminação do conhecimento científico e a formação de profissionais capacitados para lidar com desafios reais em nossa sociedade”, disse.

Os pesquisadores ainda estão ampliando o estudo para outras cidades do Agreste, e o próximo foco é o mapeamento em Craíbas.