Interior

Geofísico avalia danos de abalos sísmicos no Agreste alagoano

Laboratório de Sismologia do Rio Grande do Norte estuda motivações dos tremores de terra que acontecem na região

Por Davi Salsa - Sucursal Arapiraca / Tribuna Independente 25/05/2024 09h05 - Atualizado em 25/05/2024 14h05
Geofísico avalia danos de abalos sísmicos no Agreste alagoano
Geofísico Eduardo Menezes visitou cidades atingidas pelos tremores de terra no Agreste alagoano - Foto: Willian Almeida / Cortesia

Os mais recentes tremores de terra que vêm ocorrendo nas cidades de Craíbas, Arapiraca e Feira Grande trouxeram ao estado de Alagoas o biofísico do Laboratório de Sismologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LabSis/UFRN), professor Eduardo Menezes.

O cientista desembarcou esta semana, na cidade de Arapiraca, onde se reuniu com acadêmicos da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) e depois o grupo seguiu até a vizinha cidade de Feira Grande, distante 15 km da Capital do Agreste.

O professor Eduardo Menezes e o acadêmico do curso de Geografia, William Almeida, visitaram alguns locais da área rural de Feira Grande, com o propósito de conhecer de perto a topografia da região onde estão ocorrendo os tremores de terra.

Até agora, somente no município de Feira Grande, já foram registrados 48 abalos sísmico desde o dia 29 de abril deste ano. Nesse curto período, o maior tremor de terra teve magnitude 2.2 na Escala Richter e ocorreu a uma profundidade de quase dez quilômetros.

O Laboratório de Sismologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LabSis/UFRN) também detectou três abalos de terra nas cidades de Arapiraca e Craíbas, nos meses de janeiro e fevereiro deste ano.

Além disso, em Craíbas, desde o ano de 2021 que os moradores de sítios localizados nas proximidades da Mineradora Vale Verde (MVV) denunciam prejuízos na estrutura física de suas casas.

Os imóveis apresentam rachaduras nas paredes e teto, colocando em risco a vida das pessoas. Os moradores acreditam que as explosões nas minas da MVV podem ser a causa das rachaduras.

A empresa continua afirmando que os tremores de terra e as rachaduras não têm relação com as atividades e explosões nas minas.

Na semana passada, a Câmara de Vereadores de Arapiraca realizou uma audiência pública para debater o problema dos tremores de terra e a defesa do meio ambiente.

Representantes da mineradora, Ministério Público Estadual (MP/AL), Defensoria Pública Estadual, Uneal, Ufal, Defesa Civil, lideranças comunitárias e da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente participaram da reunião.

De acordo com o geofísico do LabSis/UFRN, professor Eduardo Menezes, a universidade e as Defesas Civis dos municípios ainda não dispõem de recursos financeiros para a instalação da Estação Sismográfica em Feira Grande. Mas os recursos já foram solicitados.

Laboratório instala vários equipamentos na região

O cientista Eduardo Menezes explica que o mapeamento da região e as observações de possíveis locais para a instalação do equipamento foram realizados durante a visita.

Também foram feitas entrevistas com moradores das áreas mais próximas do epicentro dos abalos para levantamento de dados e informações sobre os tremores de terra na cidade agrestina alagoana.

“Enviamos uma proposta para a Defesa Civil de Alagoas e estamos aguardando o retorno. Ainda não foi dado o retorno sobre a viabilidade da instalação de uma estação sismográfica para estudos locais, tendo como ponto central a cidade de Arapiraca”, acrescenta.

Todas as informações sobre a sismicidade da região são repassadas aos órgãos responsáveis para mitigar possíveis problemas que possam vir ocorrer no futuro.

“Não temos nenhum contrato com a mineradora para fazer o monitoramento ou falar alguma coisa das ocorrências, mas os impactos ambientais já são irreversíveis. A previsão é de que, no futuro, os tremores sejam mais intensos e as edificações cada vez mais abaladas, principalmente os prédios, visto que os mesmos não têm estrutura para suportar abalos mais fortes”, completou o geofísico.