Interior
Audiência: família pede indenização e pensão vitalícia por morte de estudante em Joaquim Gomes
Mislan Odilon, 15 anos, morreu atropelado quando caiu do ônibus escolar da cidade em 2021; processo criminal movido contra Prefeitura segue em andamento

Mais de um ano da morte do estudante Mislan Odilon Lima dos Santos, 15 anos, que teve os sonhos interrompidos quando subiu no ônibus escolar de Joaquim Gomes e caiu sendo atropelado e morrendo no local. O processo criminal movido contra a prefeitura da cidade segue em andamento, mas, além do processo foi solicitada uma ação cível pedindo indenização pelo ocorrido e a audiência de conciliação será às 10h desta quarta-feira (15).
De acordo com um dos advogados da família, Paulo Guilherme dos Santos Lins, foi solicitado uma pensão vitalícia mais danos morais. “Além do processo criminal que segue em andamento pedimos essa pensão vitalícia e danos morais, porém não sabemos se a prefeitura vai oferecer algum tipo de acordo. Mas, a audiência está prevista para amanhã’’.
A reportagem entrou em contato com assessoria de comunicação do município na manhã desta terça-feira (14), para saber se há alguma proposta para a família de Mislan, e aguarda um posicionamento para atualização do material .
Mislan era estudante do 9° ano da Escola Municipal São José, no município. De acordo com familiares, professores e colegas, ele era um aluno dedicado, filho exemplar, bom amigo e que sonhava em ser um psicólogo, mas esse sonho foi interrompido no dia 25 de novembro de 2021 quando o adolescente subiu no ônibus escolar da prefeitura da cidade, como fazia diariamente. Mas, nesse dia, um acidente trágico interrompeu seus sonhos e mudou a vida de sua família. O garoto caiu da porta do veículo, que segundo outros alunos, o motorista teria avisado que estava quebrada e não queria ninguém encostada nela, mas como o ônibus estava superlotado o adolescente não tinha outra opção. Infelizmente caiu e o próprio veículo acabou atropelando na região do tórax e ele não resistiu aos ferimentos.
Reportagem da Tribuna Independente conversou com os pais do adolescente na época do acidente
“Eu não consigo nem falar, ainda não acredito. Estou sem forças, e nossas vidas mudaram completamente. Sinto uma dor imensa todos os dias, tudo lembra ele. Eu tento ser forte por conta da irmã dele que me ver chorar e também cai aos prantos. Eles eram apegados dormiam no mesmo quarto e agora ela não consegue mais, agora está no quarto com a gente. Vejo as outras crianças chegando da escola e meu filho não. Estamos passando por tratamento psicológico. Essa é uma dor que não desejo a ninguém’’, disse a dona de casa Jaciane Rosa de Lima, mãe do estudante.
Já o pai de Mislan Odilon, o aposentado Misael Odilon dos Santos, disse à época que preferia levar uma pisa todos os dias do que passar pelo o que estão passando com a perda do filho. “É uma perda irreparável. Interromperam o sonho do meu filho. Um menino bom, estudioso e que tinha um futuro pela frente. Ninguém nunca viu Mislan entrar em confusão na rua ou na escola, ele preferia estar em casa estudando, ou sentado neste lugar que você sentou com o celular nas mãos. Não é porque é meu filho, não tenho nada a reclamar, queixa sobre ele. Era um garoto ótimo e não saia de casa, apenas de casa para a escola e da escola para casa’’.

REPERCUSSÃO
No dia 29 de novembro daquele ano, um grupo de moradores da cidade realizaram um protesto pedindo por justiça pela morte do garoto. Vestidos de branco e com cartazes, alunos da rede pública municipal de ensino, caminharam até a prefeitura da cidade com apitos e gritos por justiça. Professores e a família do jovem também participaram do protesto. O ato também foi até a Câmara de Vereadores para chamar atenção das autoridades para o sucateamento do transporte público na cidade.
Na ocasião, a Prefeitura Municipal de Joaquim Gomes informou por meio de nota, que iria aguardar o curso das investigações e os laudos da perícia para saber qual a real causa do acidente. Veja a nota divulgada no dia do ocorrido.
"A Prefeitura Municipal de Joaquim Gomes, através do chefe do poder executivo, lamenta profundamente o falecimento do aluno da rede municipal de educação, Mislan Odilon Lima dos Santos, aluno do 9° ano C, da EMEB São José, vítima de um grave acidente, na manhã de hoje, com um ônibus escolar pertencente à frota municipal. O Prefeito Adriano Barros, neste momento de dor e consternação, manifesta o mais sincero sentimento de pesar, desejando força aos pais, familiares e amigos do jovem; colocando-se à disposição dos mesmos. Em tempo, decreta suspensas as aulas em toda rede municipal, na próxima sexta-feira (26), bem como luto oficial por três dias. A prefeitura entende que é prematuro apontar fatos. E irá aguardar o curso das investigações, laudos da perícia para saber qual a real causa deste triste acidente''.
Motorista, mecânico e secretária de educação se tornaram réus por morte de estudante
Em janeiro de 2022, a Justiça acatou a denúncia do Ministério Público Estadual (MP-AL) e tornou três pessoas réus pela morte do estudante. O motorista, o mecânico e o secretária de Educação estão respondendo a uma ação penal por homicídio culposo.
De acordo com o MP, se tornaram réus na ação José Anízio da Silva, que era o motorista que dirigia o ônibus; Jadiel Trajano de Oliveira Júnior, o mecânico responsável por fazer as manutenções dos veículos do município; e Neide Maria da Silva Lins, secretária de educação.
Além de requerer a condenação, o promotor de Justiça Leonardo Novaes Bastos também pediu que os três réus paguem pensão aos pais da vítima, no valor de um salário-mínimo, pelos próximos 50 anos.
O motorista foi denunciado por homicído culposo na direção de veículo automotor. Segundo Leonardo Novaes Bastos, a perícia comprovou que a porta do ônibus não estava devidamente travada, o que terminou por não oferecer a devida segurança aos alunos que ali estavam sendo transportados.
Os demais denunciados
Jadiel Trajano de Oliveira Júnior, responsável pela oficina da Prefeitura de Joaquim Gomes e mecânico que fazia a manutenção em todos os carros do poder público, disse em depoimento que o ônibus estava em perfeitas condições para trafegar, o que foi desmentido pelo laudo pericial.
Já a secretária de Educação Neide Maria da Silva Lins se tornou ré em razão de ter cometido negligência por não providenciar a renovação da frota escolar da cidade de Joaquim Gomes. Desde 2017 havia uma ação civil pública para a adequação dos veículos escolares de acordo com as normas vigentes. A secretária pediu uma prorrogação do prazo, até o final do ano passado, mas não houve as adequações.
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