Interior

Soltura de 2 peixes-boi no Santuário do Rio Tatuamunha é uma marca de sucesso da política de conversação do ICMBio

Por Claudio Bulgarelli - Sucursal Região Norte com Tribuna Hoje 23/11/2022 09h31
Soltura de 2 peixes-boi no Santuário do Rio Tatuamunha é uma marca de sucesso da política de conversação do ICMBio
Soltura de peixes boi - Foto: Divulgação

A soltura continua sendo uma das estratégias mais importantes para conservação de uma das espécies de mamífero aquático mais ameaçadas de extinção do Brasil, o peixe boi. E foi isso que aconteceu na manhã desta terça-feira, dia 22, dentro do Santuário do Rio Tatuamunha, em Porto de Pedras, quando equipes do ICMBio fizeram a soltura de dois animais. Depois de 3 meses de tratamento de uma nadadeira gravemente machucada em uma corda de jangada, Ariana, um peixe boi nativa, ganhou a liberdade. Em seguida, Paty, peixe boi que seria solta há 2 anos, teve sua oportunidade adiada por estar grávida; foi mãe, perdeu sua cria, a Flori, também pode nadar pelo rio.

A atividade de soltura faz parte das ações do Programa Peixe-boi Marinho executado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) na Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais, com parceria da Fundação SOS Mata Atlântica, Fundação Toyota do Brasil e Associação Peixe Boi, uma associação de base comunitária que, além de realizar os passeios pelo rio Tatuamunha, faz o também o monitoramento de 20 peixes-boi na região.

Com histórias marcadas por dor e superação, as duas peixe boi fêmeas, que mobilizaram equipes em prol da soltura, marcou também um ano de sucesso da soltura de Raimundo e o batizado de dois peixe-boi filhotes de fêmeas solta na APACC, já que o município de Porto de Pedras é atualmente o único local de soltura de peixe-boi em atividade no Brasil.

A história mais interessante dessa soltura é a da peixe-boi Paty, que foi resgatada ainda filhote, em 2014, no litoral norte do estado de Alagoas, na praia de Pratagy. As equipes do ICMBio, do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos (CMA), da APA Costa dos Corais e do Instituto Biota de Conservação perceberam que seu estado de saúde inspirava sérios cuidados. Cinco anos depois, mais forte, Paty foi transferida para a área de Porto de Pedras, onde ficaria num recinto de aclimatação para que fosse preparada para ser devolvida à natureza. Os planos eram para que, em 2021, a fêmea fosse reintroduzida na vida selvagem. Entretanto, antes disso, os veterinários se depararam com uma surpresa. Após passar algum tempo com o macho Raimundo, Paty acabou engravidando. Decidiu-se então pelo adiamento da soltura.