Interior
'Vamos Subir a Serra é vitrine para a culinária e gastronomia afro em Alagoas', afirma antropóloga e gastróloga
Evento acontece em novembro, na Praça Multieventos, na Orla da Pajuçara, em Maceió, e na Serra da Barriga, em União dos Palmares
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A culinária e gastronomia afro se misturam com a história brasileira e de Alagoas. E é para dar visibilidade a esse aspecto cultural que o Vamos Subir a Serra levará para o público a culinária de 20 afro-empreendedores alagoanos. O evento ocorre entre os dias 11 e 15 de novembro, na Praça Multieventos, localizada na Orla da Pajuçara, em Maceió.
Ao todo, serão 15 empreendedores negros no espaço cultural Kizomba, com a feira gastronômica, acompanhada de apresentações culturais, e mais 05 no espaço Cultural Zumbi dos Palmares, todos na orla da Pajuçara.
Para Isabela Maria Pereira Barbosa, que é professora, gastróloga e doutoranda em antropologia social, o Vamos Subir a Serra é uma vitrine para mostrar à sociedade a gastronomia e culinária próprias de Alagoas, que provém do povo negro.
“Não provém dos portugueses essencialmente e nem dos povos europeus. E onde está essa gastronomia e cultura alimentar que não é divulgada, propagandeada, difundida, comercializada, economicamente rentável em Alagoas? Temos uma maioria de população negra, por que essa maioria da população negra não é percebida dentro do índice per capita econômico voltado para o turismo e gastronomia do local?”, indaga Isabela Pereira.
Segundo ela, o Vamos Subir a Serra viabiliza e dar visibilidade a uma gastronomia do povo negro que já existe. “É um processo de valorização. Não é resgate, porque nada se perdeu. Alimentação, cultura, as pessoas que vendem sua comida deliciosa de identidade muito forte não foram perdidas. Só precisam de reconhecimento. Então o Vamos Subir a Serra tem uma função extremamente importante para a gastronomia de Alagoas que é dar vitrine, espaço, reconhecimento a essas pessoas que já produzem há um tempo”.
De acordo com Isabela Maria Pereira, cultura e história do Brasil e de Alagoas não podem se dissociar da culinária proveniente do povo negro. “No contexto cultural de alimentação, a gente puxa pela historiografia e compreende quais são as influências que temos em termos de construção alimentar e cultural no Brasil”, diz a gastróloga, que acrescenta:
“Tivemos influência - e claro que não foi dada de forma espontânea, foi brutal -, mas que o povo negro, as nações africanas tiveram grande importância na construção da nossa alimentação, desde o Sul até o Nordeste. Isso é incontestável”.
Ela afirma que os quilombos foram os que exerceram maior influência na culinária e cultura do estado de Alagoas.
“Agora, em termos de Alagoas, maior quilombo da América Latina, maior espaço de resistência negra da América Latina, nós temos uma conjuntura de alimentação afro e quilombola. É preciso pensar que a influência gastronômica e cultural alimentar dos povos quilombolas na nossa alimentação é de 98% eu diria, porque os outros porcentos ficariam pelos franceses que não habitaram, mas passaram e deixaram suas influências na alimentação, na culinária praiana”, explica a antropóloga.
O evento
O Vamos Subir a Serra já se consolidou como um dos maiores eventos voltados para a cultura negra de todo o país. Ele é realizado há seis anos pelo Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô, uma entidade do movimento negro alagoano. O projeto tem entre os parceiros, a Fundação Municipal de Ação Cultural- FMAC, por meio do projeto Saurê Palmares.
Na programação, uma variedade de atividades voltadas para a gastronomia afro-brasileira, empreendedorismo, estética afro, apresentações culturais, shows musicais, oficinas, debates, palestras, participações de figuras importantes do movimento negro, com o objetivo de fomentar, fortalecer e dar visibilidade às potencialidades e à ancestralidade negra.
Na Praça Multieventos, o Vamos Subir a Serra conta com dois espaços: o Kizomba, local aberto, onde haverá apresentações culturais, feira de gastronomia afro-brasileira e espaço Ozenga Palmares destinado a uma experiência de 360° da Serra da Barriga; e o Espaço Cultural Zumbi dos Palmares, uma tenda de 1 mil metros quadrados, que abriga a Praça Dandara (palco de apresentações culturais e debates), feira de empreendedores negros e quilombolas e espaço Beleza Negra destinado à estética afro.
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