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Peixe ameaçado de extinção é resgatado por equipes do ICMbio, Biota e Projetos Meros do Brasil

O mero adulto medidno 181 cm foi encontrado encalhado por um monitor do projeto

Por Tribuna Hoje com Projeto Meros do Brasil 29/07/2022 14h10
Peixe ameaçado de extinção é resgatado por equipes do ICMbio, Biota e Projetos Meros do Brasil
Os meros são peixes marinhos criticamente ameaçados de extinção e têm a captura proibida integralmente no Brasil desde 2002 - Foto: Márcio Lima/Projeto Meros do Brasil

Uma parceria entre Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio - RESEX Marinha da Lagoa do Jequiá, Instituto BIOTA de Conservação e Projeto Meros do Brasil, foi feito o resgate de um Mero (Epinephelus itajara), no Litoral Sul de Alagoas.O resgate da espécie ocorreu nessa quinta-feira (28).

O animal é um Mero adulto, medindo 181 cm e foi encontrado encalhado pelo monitor do instituto Sergio Rickardo durante o Projeto de Monitoramento de Praias executado pelo ICMBio e Instituto Biota. Em seguida, a equipe do Projeto Meros em Alagoas foi acionada para dar apoio, mobilizando o pesquisador Marcio Lima Júnior.

"Durante o resgate, foi realizado o protocolo de encalhe, a equipe observou que o mero ainda estava vivo e tinha sido recentemente desembarcado de uma pescaria. Rapidamente então, foi iniciado o procedimento de reintrodução, retirando o peixe da areia e colocando-o no mar. Foi necessário fazer um furo na bexiga natatória (órgão que ajuda o peixe a regular sua flutuabilidade), para ajudá-lo a imergir novamente. Cerca de uma hora depois do início do atendimento, o mero apresentou sinais de recuperação e ganhou o oceano novamente", informou a equipe de proteção.

O Mero, Epinephelus itajara, ou senhor das pedras como é conhecido popularmente. Pertence ao grupo das grandes garoupas e é classificado pela IUCN (International Union for Conservation of Nature) como uma espécie criticamente em perigo de extinção e possivelmente já extinta em alguns lugares do mundo, antes mesmo que o ser humano tenha tido informações sobre sua biologia e ecologia.

O resgate da espécie ocorreu nessa quinta-feira (28) (Foto: Sérgio Rickardo - Biota)

Os Meros são peixes marinhos criticamente ameaçados de extinção e têm a captura proibida integralmente no Brasil desde 2002. Além disso, o beneficiamento, o transporte e/ou a comercialização do mero são crimes ambientais e infratores estão sujeitos à detenção, multa ou ambas as penas cumulativas.

CURIOSIDADES

Devido à sua lenta taxa de crescimento, maturação tardia (cerca de cinco anos), alta longevidade (até quarenta anos), formação de agregados reprodutivos em áreas rasas e a alta fidelidade ao hábitat fazem com que esta espécie torne-se altamente suscetível à sobrepesca. É um dos maiores peixes ósseos encontrados no oceano Atlântico podendo alcançar mais de 2,3 metros de comprimento e pesar até 400 quilos, grande predador de topo de cadeia apresenta papel ecológico importante modelando as comunidades onde vivem exercendo efeito positivo na abundancia e biodiversidade de peixes recifais destas áreas

O projeto "Meros do Brasil" visa a preservação da espécie e de seus ambientes associados - os manguezais, os recifes de corais e os ambientes rochosos. Costões Rochosos são os ambientes marinhos habitados pelos Meros principalmente no Sudeste e Sul do Brasil. O Mero Epinephelus itajara foi batizado por um pesquisador alemão que esteve no Brasil no século XIX, segundo uma denominação Tupi-Guarani (ita= pedras; jara=senhor). O nome é referência ao alto nível ocupado pelos Meros na cadeia trófica marinha e por seus hábitos crípticos de viver em grandes tocas dentre as rochas.

O bioma Mata Atlântica é muito importante no ciclo de vida de muitas espécies marinhas, como o Mero. A vegetação de manguezal na interface com a água do estuário e vegetação de Mata Atlântica (floresta ombrófila) é um ambiente propício à espécie. Raízes dos manguezais são adequados para os jovens Meros e outros peixes e crustáceos se protegerem nas fases iniciais da vida. Recifes de Corais também são os ambientes marinhos habitados pelos Meros principalmente no Norte e Nordeste do Brasil. Além do Mero, uma enorme diversidade de organismos habita estes que são os ambientes marinhos de maior biodiversidade.