Produtores de orgânicos da zona rural de Arapiraca e região serão beneficiados com a doação de mantas da Agreste Saneamento, operação da Iguá em Alagoas. A iniciativa faz parte do projeto Agreste Rural que dá destinação 100% sustentável aos resíduos do tratamento da água que abastece 400 mil alagoanos.
Com quatro anos de existência, o projeto atende de forma contínua 22 produtores rurais cadastrados em parceria com a Prefeitura de Arapiraca. A partir daí eles recebem as mantas ou geobags além de consultoria para sua utilização. Em geral, a técnica é empregada no cultivo de hortaliças e legumes, mas tem sido testada em outras atividades do campo.

O gerente operacional da Agreste Saneamento, Emílio Nascimento, comemora o sucesso do projeto. “Tais resultados atestam que é possível atuar de forma consciente, sustentável e gerando impacto social. Os benefícios para os produtores envolvem a facilidade em conseguir as mantas, o acompanhamento especializado, economia que ajuda na produção, no controle dos custos e ainda temos benefícios para o meio ambiente com a reutilização dos resíduos e produtos livres de agrotóxicos”, pontua.

Em abril, pesquisadores do Mestrado Profissional em Tecnologias Ambientais do Instituto Federal de Alagoas (IFAL) publicaram um manual técnico contendo orientações de aplicação correta, forragem do solo e os benefícios. Com isso, agricultores receberão, além das informações práticas, um guia para dar suporte no dia-a-dia.
A cartilha é uma das frentes de trabalho desenvolvidas pelos pesquisadores do IFAL Marcelo Cavalcante e Anderson Soares.

“O manual serve para demonstrar viabilidade técnica e econômica do uso da manta, nesse caso, para cultivo de alface em sistema de irrigação por gotejamento, mostrando os pontos envolvidos”, destaca Anderson Soares.

Marcelo Cavalcante, Anderson Soares e o também pesquisador Silvio Serafim produziram outros artigos atestando a viabilidade e os benefícios do uso das mantas doadas pela Agreste Saneamento. Um dos mais recentes foi publicado pela conceituada Revista Gaia Scientia.

Segundo Marcelo, quando a ideia do projeto de pesquisa surgiu, a manta já era utilizada. A partir daí foram iniciados os testes.
“Hoje os agricultores acompanham os resultados na prática. Um ponto fundamental é a parte econômica com a redução do volume de água que era usado no plantio, com reflexos na economia de energia. Com a manta também não há necessidade de carpina, reduzindo a mão de obra e livre de agrotóxicos”, acrescenta.

SUSTENTÁVEIS E ECONÔMICAS
As mantas integram o processo de tratamento da água retendo os resíduos resultantes dos processos físicos e químicos do recurso que abastece 10 cidades alagoanas. Após o fim de vida útil nas Estações de Tratamento da Água (ETA’s), são abertas, o lodo é retirado e destinado a cerâmicas para produção de tijolos ecológicos.

A partir daí, os agricultores utilizam o material para forragem do solo numa técnica conhecida como “mulching” que aplica plásticos agrícolas no solo, neste caso específico, as coberturas de polipropileno da Agreste. Com isto, os produtores otimizam o trabalho, diminuem custos e obtêm até 40% de economia de água, ideal para locais de clima semiárido, como é o caso da região.

Também resíduo do tratamento da água, o lodo, vem sendo avaliado pelo pesquisador Anderson Soares como substrato na produção destes mesmos cultivos, ou seja, dois produtos que são obtidos sem nenhum custo pelos produtores e que vem para agregar valor à produção. O artigo contendo os resultados das análises também foi submetido à aprovação de revista científica.