Interior

Obras do Fortim Bass devem ser concluídas no mês de março

Após concluída restauração, patrimônio será entregue ao município de Porto Calvo para exploração turística

Por Claudio Bulgarelli com Tribuna Independente 22/02/2019 09h21
Obras do Fortim Bass devem ser concluídas no mês de março
Reprodução - Foto: Assessoria
A notícia mais importante para a história turística de Porto Calvo, enfim chegou. Técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan) que estiveram reunidos com o prefeito do município, David Pedrosa, afirmaram que o órgão vai concluir a restauração do Fortim Bass até o final do mês de março deste ano. A partir da conclusão, o patrimônio será entregue ao município. A restauração do Fortim Bass teve início em novembro de 2017 e sua primeira etapa concluída em maio do ano passado com a pesquisa e montagem da estrutura da fortificação. A última fase que inclui a plantação do gramado teve início em janeiro e será concluída no próximo mês. O chefe de divisão técnica do Iphan, Sandro Gama, confirmou que a restauração será concluída em março e logo em seguida repassará a gestão do patrimônio à prefeitura, que deve cuidar da manutenção e da gestão do Fortim Bass. O prefeito de Porto Calvo garantiu que tomará todas as medidas necessárias. “Assim que for entregue à prefeitura vamos tomar todas as providências. Vamos cuidar com muito zelo desse importante patrimônio na nossa cidade”, afirmou. Segundo o estudo do Iphan, o reduto da Ilha do Guedes é um provável acampamento de Johannes Lichthard, um almirante neerlandês a serviço da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, no século XVII, época que a região foi cenário de movimentações de tropas, de batalhas e de fortificações durante o embate travado entre holandeses e ibéricos pelo território brasileiro. Em Porto Calvo, entre 1637 e 1645 , ocorreram cercos e batalhas que alternaram a sua posse, até que a campanha conduzida pelo conde Maurício de Nassau, após batalha decisiva, o conquistou, expulsando as tropas íbero-brasileiras para a Bahia. A revelação do fortim ocorreu em março de 2015 durante o 1º Fórum de Arqueologia em Alagoas Período Ibérico/Holandês, que ocorreu na cidade de Penedo. O estudo realizado pelo Iphan teve início em 2013 e os arqueólogos fizeram diversas visitas ao histórico município. A pesquisa contou também com a parceria da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e da Arqueolog Pesquisas. Projetos visam desenvolver turismo arqueológico na Região Norte     São quatro os projetos desenvolvidos pelo Iphan, em parceria com o Governo do Estado, no Norte de Alagoas, que pretendem desenvolver o turismo arqueológico na região. Um deles, que pretende revitalizar o fortim de terra holandês encontrado no município de Porto Calvo, é o que está mais adiantado. Os outros três estão apenas no papel, sem data para início das obras. São eles: o prédio da Cadeia Pública de Porto de Pedras; a consolidação das ruínas do Mosteiro de São Bento, em Maragogi; e a revitalização do Teatro Aurélio Buarque de Holanda, em Passo de Camaragibe. O antigo prédio da Cadeia Pública, bem no centro de Porto de Pedras, abandonado e depredado nos últimos anos, será o segundo a receber obras de restauro. As importantíssimas ruínas do Mosteiro de São Bento, no povoado de São Bento, em Maragogi, deve receber atenção redobrada pela sua importância histórica. Por último o projeto de revitalização do Teatro Aurélio Buarque de Holanda, em Passo de Camaragibe. Os quatro projetos têm a clara intenção de construir um ambiente cultural rico na região Norte, para o alagoano e para o turista que visita Alagoas, oferecendo mais opções turísticas. FORTIM BASS O Fortim Bass, descoberto pela pesquisa arqueológica acerca da movimentação e ocupação holandesa no Rio Manguaba no século XVII, é um projeto para construção de um parque histórico e de um museu arqueológico no Reduto Ilha do Guedes. A ideia é desenvolver o turismo de cunho histórico e arqueológico em Porto Calvo, um dos primeiros núcleos de povoamento de Alagoas, beneficiando-se do fluxo de visitantes que se direciona a municípios já consolidados turisticamente como Maragogi, Japaratinga, São Miguel dos Milagres e Porto de Pedras. Esses dois na Rota Ecológica. O objetivo é diversificar a oferta de atrativos turísticos e manter o visitante por mais tempo hospedado na região da Costa dos Corais. A meta é conseguir trazer 20% dos turistas que visitam esses quatro municípios para conhecer a história das batalhas entre holandeses e portugueses em Porto Calvo. Com isso a economia da cidade será dinamizada, gerando mais emprego, melhorando a vida das pessoas e garantindo mais oportunidades para a juventude. Os fortes e redutos construídos em terra foram comuns ao longo dos séculos iniciais da colonização, mas praticamente desapareceram ao longo do tempo. Segundo o arqueólogo Marcos Albuquerque, que coordenou a pesquisa iniciada em 2013, há poucos fortes de terra identificados no Brasil e tão bem conservados como o encontrado em Porto Calvo. A estrutura foi edificada em meio ao Rio Manguaba como estratégia de defesa. Para o arqueólogo, a descoberta é importantíssima não só para a história de Porto Calvo, mas do Brasil e da Europa. O Rio Manguaba servia de rota de escoamento por onde circulavam as caixas de açúcar com destino à Europa. Seguiam em barcaças até Porto de Pedras e daí a portos maiores onde se concentrava o grosso do produto a ser embarcado. O fortim de terra holandês ocupa uma área de 472,37m² e possui quatro pontas, um fosso e a praça de armas. De acordo com a pesquisa do Iphan, o Reduto Ilha do Guedes foi também o provável acampamento do almirante Lichthardt, que comandava as tropas holandesas ali instaladas. A pesquisa arqueológica identificou ainda outros dois fortins em Porto Calvo e ratificou a existência de uma fortificação portuguesa no Alto da Forca, onde hoje se encontra instalado o Hospital Municipal São Sebastião, local onde Domingos Fernandes Calabar foi morto.