Interior

Sanguinetti diz que morte de Boiadeiro foi execução; POAL diz que ele não é perito

Médico legista está realizando trabalho a pedido da família de Emanuel Boiadeiro

Por Da redação com Assessoria 21/11/2016 16h06
Sanguinetti diz que morte de Boiadeiro foi execução; POAL diz que ele não é perito
Reprodução - Foto: Assessoria

Depois de chegar pela manhã à cidade de Batalha, o médico legista George Sanguinetti seguiu para Belo Monte, onde está realizando um minucioso trabalho de perícia, a pedido da família de Emanuel Boiadeiro, que faleceu no dia 1º de outubro deste ano em uma suposta troca de tiros com a polícia.

A família acredita que Emanuel Boiadeiro foi assassinado e discorda da versão policial de que ele teria morrido durante um confronto ocorrido na cidade de Belo Monte, no Sertão alagoano.

A versão dos parentes é de que policiais da Divisão Especial de Investigação e Capturas (Deic) executaram Boiadeiro enquanto ele dormia, sem dar chance de defesa e reação à vítima.

Ainda segundo familiares, a polícia não tinha nenhum mandado de prisão contra o rapaz.

A família Boiadeiro faz outra denúncia de que a polícia teria implantado armas no local do crime para justificar o assassinato e ainda teria obrigado pessoas a assinarem documentos no dia em que aconteceu o crime.

Na ação policial, ocorrida no dia 1º de outubro, Fabrício Barbosa dos Santos, que estava com Emanuel Boiadeiro também morreu atingido por disparos. Outras quatro pessoas foram presas e armas de fogo foram apreendidas.

Segundo a polícia, a ação foi desencadeada para combater suspeitos de participar de uma quadrilha de roubo a bancos. 

A mãe de Emanuel Boiadeiro, Dona Maria das Graças está desde cedo acompanhada de seu marido e pai da vítima, Xisto Vieira, o trabalho de perícia do médico legista George Sanguinetti, no local onde aconteceu o crime em Belo Monte.

Segundo ela, o advogado Ricardo de Morais afirmou que o policial civil Matos, filho do sargento Eudson Matos, morto por Emanuel em uma discussão, na praça da cidade de Batalha, conforme inquérito policial, não poderia estar à frente da operação, por conta da suspeição no caso.

Dona Maria das Graças disse que seu filho, a convite do prefeito eleito de Belo Monte Avânio Feitosa, fazia parte do comitê de campanha.

Emanuel respondia pelo homicídio em liberdade, tendo como seu advogado Raimundo Palmeira, que alegou que seu cliente não respondia por mais nenhum caso e que não fazia parte de nenhuma lista de investigados.

Após a chegada no local do crime, o médico legista George Sanguinetti pediu reserva para a sua análise pericial e que daria uma entrevista ao terminar o trabalho, mas ele adiantou que suas primeiras impressões reforçam a tese de execução.

“Várias evidências me fazem concluir que as vítimas foram pegas de surpresa. Só há tiros de dentro para fora do ambiente. Encontramos uma calça do Emanuel perfurada a tiros e no hospital o corpo estava de bermuda,” declarou o médico legista.

Ele disse que vai continuar o trabalho e, se for o caso, solicitará até a exumação cadavérica para comprovar a tese de execução de Boiadeiro.

Perícia Oficial afirma que George Sanguinetti não é perito criminal

A Perícia Oficial de Alagoas (POAL) confirmou no domingo (20), que George Sanguinetti não é perito criminal do Instituto de Criminalística. A dúvida surgiu, após uma família da cidade de Belo Monte contratar os serviços profissionais do referido médico para atuar como assistente técnico no caso da morte de Emanoel Messias de Melo Araújo, 30 anos, conhecido como Emanoel Boiadeiro.

Manoel Melo, perito-geral, explicou que George Sanguinetti não integra os quadros de servidores da POAL, e que o mesmo nunca exerceu o cargo de perito criminal oficial. Melo explicou ainda que conforme prevê a Lei n° 12.030/2009, a atividade de perícia oficial de natureza criminal, é exigido concurso público, com formação acadêmica específica, para o provimento do cargo de perito oficial.

De acordo com o currículo do senhor Sanguinetti, disponibilizado pelo próprio, em várias redes sociais, ele é coronel médico reformado da Polícia Militar do Estado de Alagoas, especialista em medicina legal. E que segundo ele, após, aposentadoria passou a atuar na elaboração de parecer médico-legal e assistente técnico de defesa ou acusação.