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Após protestos da torcida, Marcos Braz reafirma respaldo a Paulo Sousa no Flamengo

Dirigente deu entrevista nesta sexta-feira, após manhã de manifestações na entrada do CT

Por Gustavo Rotstein com Globo Esporte 08/04/2022 16h58
Após protestos da torcida, Marcos Braz reafirma respaldo a Paulo Sousa no Flamengo
Marcos Braz, VP de futebol do Flamengo - Foto: Gilvan de Souza / Flamengo

Depois da apresentação de Santos e Ayrton Lucas, os dirigentes do Flamengo Marcos Braz e Bruno Spindel responderam perguntas dos jornalistas sobre o momento vivido pelo time. O dirigente comentou sobre as reuniões canceladas com conselheiros e torcedores e reafirmou o respaldo ao técnico Paulo Sousa.

- Vou falar da minha relação com o Paulo, que é a melhor possível. Conversamos sistematicamente, desde Portugal. É um relacionamento direto. Ficamos mais sem essa relação quando fiz a minha viagem e peguei Covid. A confiança no técnico e na comissão é bem clara. Quando a bola não entra e temos outras dificuldades, há questionamento por todos os lados. Nem confirmo e nem desminto jornalista, senão não faço outra coisa. O que posso dizer é que minha relação é a melhor possível. Se chegou desta maneira, foi totalmente fora de contexto.

Sobre o protesto da manhã desta sexta, em que torcedores chegaram a dar tapas e socos no carro de alguns atletas, Braz disse que ainda não teve relatos sobre o que aconteceu.

- Ainda não temos relato dos jogadores. A polícia militar estava ali fora desde cedo junto com alguns seguranças. Vamos analisar e, posteriormente, vamos ajustar o que poderia acontecer. Não estou dizendo que isso é natural, só estou dizendo que ainda não houve relato grave.

Outros temas da entrevista de Braz e Spindel:

Divergências no elenco?

Bruno Spindel - As relações são muito boas. Com o técnico e com o grupo. Vemos uma narrativa sento construída em cima de coisas que não procedem. Não há problema do elenco com o técnico. Não tem problema do treinador com o elenco. Ficamos estarrecidos. Brigas que não existiram. Mas se a gente desmentir tudo, só vamos fazer isso e não vamos fazer nosso trabalho. De forma nenhuma isso procede, temos total confiança no treinador, na comissão e no grupo. O trabalho está em curso e precisamos de tempo. Fizemos cinco contratações. Discutimos com o Paulo o que seria necessário. O processo do Banco Central nos atrasou um pouco.

Trouxemos peças que julgamos necessárias. Fabrício Bruno, Ayrton e Pablo ainda lesionados, e o Santo não estreou. Acreditamos que vão ajudar a qualificar e dar os resultados. Basicamente é isso. O dia a dia é muito claro. Todos os treinos são claros, e as ideias do treinador também. Claro que existe a frustração nas duas finais, mas todos estão trabalhando duro para reverter isso.

Estrutura do clube é profissional?

Bruno Spindel: O Marcos é o vice-presidente estatutário, e eu o diretor executivo, remunerado pelo clube. Há uma estrutura profissional em todas as áreas do clube. E vamos uma falácia na mídia de que o clube não é profissional. A estrutura atende ao corpo estatutário para cumprir metas, com funções muito claras. Temos uma relação muito boa. Claro que existe a cobrança do Marcos. E tem o presidente. Temos os gerentes também, um corpo profissional em cada gerência. Isso acontece em todas as pastas.

Braz: Eu respeito o jornalista, as fontes, a seriedade... Mas nesse mundo de hoje as interpretações de uma fala fora do contexto deixam as informações truncadas. Sobre a comemoração do gol, acho que o gol foi do lado oposto ao banco. Acho que isso não é uma síntese de uma verdade de ter boa relação ao não.

Cancelamento das reuniões desta semana

Braz: Também não posso deixar que todo acontecimento ácido seja o Landim. Eu e o Bruno conversamos no domingo sobre várias situações e concluímos que seria bom ele ir para Lima com todos os profissionais. Juan, Fabinho... único que fiquei fui eu. Entendemos que era importante eu ficar para fazer as articulações. Fui na reunião no Conselho Diretor. Lá, disse que sou o VP de futebol, mas que tinha certeza de que outros VPs também são cobrados. Me coloquei à disposição para responder algumas perguntas e dar subsídios aos companheiros de diretoria quando também forem perguntados.

A reunião foi boa. O Landim estava na tela. O Dunshee também estava presente. Dentro das arrumações, tinha entendido de uma forma que precisaria falar com alguns conselheiros, uns de situação e outros de oposição, e demandas de organizadas que não são de agora. Realmente houve um desencontro. Entendemos que não deveriam ocorrer as reuniões.

É importante dizer que as torcidas organizadas não era só dos jogadores. A linha de frente do futebol também estaria. Eu estaria, e o Bruno também. Juan e Fabinho também. Todos cientes. Nunca foi marcado para dentro do Ninho, gostaria que acreditassem nisso. Se eu deveria ou não ter a reunião, respeito a opinião de cada um. Mas nunca foi marcado para dentro do Ninho. Mas achamos que essas ações não deveriam acontecer.

Sobre o protesto agressivo na entrada do CT

Braz: Primeiro, que a torcida ser beneficiada, não posso entrar nessa seara porque aqui não temos qualquer tipo de situações que possam ser ajustadas. Por exemplo, os ingressos nem passam pelo departamento de futebol. Só estou dando exemplo, não estou dizendo que acontece.

Sobre o que aconteceu na entrada do CT, ainda não temos relato dos jogadores. A polícia militar estava ali fora desde cedo junto com alguns seguranças. Vamos analisar e, posteriormente, vamos ajustar o que poderia acontecer. Não estou dizendo que isso é natural, só estou dizendo que ainda não houve relato grave.

Bruno Spindel: Pedimos reforço policial. Só para fazer esse complemento.

Mais sobre a reunião (que não aconteceu) com torcedores organizados

Braz: Vou falar pouco disso. Evidente que os jogadores sabiam, alguns deles. Até porque tínhamos um jogo e não queríamos conversar com todos que iriam participar por causa disso. Mas podem acreditar que tinha atleta que estava ciente. Se o Everton não estava sabendo... eu até entendo ele, foi perguntado no saguão. Mas a questão central é que os jogadores que acreditamos que deveriam saber, sabiam.

Desenvolvimento da temporada do Flamengo

Bruno Spindel: Enxergamos um trabalho em construção, com a chegada de novas peças até para adaptar ao que deseja o treinador. É um trabalho contínuo que leva tempo de implementação. Então, em diversos momentos vimos o time organizado e mostrando as ideias. Temos total confiança de que o trabalho vai evoluir e dar resultado. Todos estamos frustrados com a Supercopa e Carioca. Julgamos que jogamos bem na Supercopa, e lamentamos uma influência relevante da arbitragem. Viramos um jogo duríssimo contra uma equipe muito forte e tivemos a chance de decidir nas penalidades. A gente vai trabalhar nesse trabalho de construção para buscar os títulos.

Braz, sobre a cobrança sobre seu trabalho

Braz: Sobre cobrança do trabalho, acho que é uma coisa natural. A torcida do Flamengo, os conselheiros... sempre foram duros com dirigentes quando os resultados não vieram. No passado longo e recente, e não seria diferente comigo. Sobre os resultados, o que posso dizer é que sempre saio daqui todos os dias de que deixei tudo que podia deixar. Com um sonho realizado. Com toda pressão, procuro dar tranquilidade e serenidade ao ambiente.

Sobre minha imagem, é em função do resultado. O que posso dizer é que compromisso... sou quem mais tempo ficou na pasta direto. Tenho noção do que é estar no cargo e sei da pressão. Mas não posso chegar, tomar decisões e pensar só na minha imagem porque o Flamengo é maior. Estou preparado para a cobrança e respaldado pelo presidente Rodolfo Landim.

Declaração do técnico Abel Braga

Eu não ouvi.

Sobre a relação do elenco com Paulo Sousa

Braz: Volto a dizer. Quando os resultados não acontecem, a temperatura se eleva. O Paulo foi contratado para fazer ajustes que precisávamos que fossem feitos. Sabíamos da qualidade da comissão dele. Qualquer técnico faz os pedidos de reforços em posições que acha que deveria. E o que aconteceu? Talvez elas não tenham acontecido onde ele achava que poderia ser mais importante. Ele pediu alguns jogadores, e isso deixamos claro. Tivemos vários problemas. Conseguimos contratar, mas não na velocidade que se imaginava. O problema do Banco Central aconteceu e um momento muito ruim. Mas trouxemos os reforços.

Entendemos que vamos passar por essa fase. Ano passado ganhamos esses dois campeonatos (Supercopa e Carioca), e a temporada não terminou bem. Espero que dessa vez a gente consiga premiar com um fim de temporada melhor.

Sobre ter renovado com Diego Alves e Diego Ribas

Braz: Esses jogadores foram renovados em outubro, sequer tinha o Paulo Sousa. Estava a 60 dias de uma possível final de Libertadores, ainda com chance de título de Brasileiro. Estava em pé na Copa do Brasil. A minutagem era altíssima no ano passado. Atrelar Paulo Sousa a renovações de Diego, Diego Alves e Filipe Luís é uma loucura.

Renovamos por um ano. Depois que perdemos os campeonatos e o Paulo Sousa optou por dar pouca minutagem, vem esse questionamento todo.

Bruno Spindel: Filipe jogou quase 5 mil minutos em 2021, eu acho que é o ano da carreira que jogou mais. Diego Alves mais de 4 mil minutos. Até o meio do ano, o Diego (Ribas) era quem tinha mais minutos. Diego Alves foi fundamental para chegarmos na final da Libertadores. Esse foi o pano de fundo para nossa decisão de renovação por mais um ano.

Sobre possível renovação com Rodinei

Braz: Não vou falar sobre possível renovação. O que vou dizer é que poderia ter sensibilidade do momento. O Rodinei não teve. Tinha que estar em casa vendo Pantanal (nota: o lateral foi fotografado em um evento noturno na noite de quinta para esta sexta).

Sobre a possibilidade de ser candidato

Braz: Não tem nada decidido, estou sob o mandato de quatro anos. Seria uma decisão minha. Tudo o que os conselheiros entenderem que tenha que ser feito, de transformação do estatuto, tem que ser respeitada. Não estou pensando no dia 18 e nem na convenção do partido. Se o conselheiro entender que tem que ter essa posição no estatuto, será aceito. Mas não estou pensando nisso (ser candidato a deputado).