O Legado dos Jogos Olímpicos para o Brasil. Este foi o principal tema da 6ª Edição do Encontro Nacional de Editores, Colunistas, Repórteres e Blogueiros (Enecob), que levou ao Rio de Janeiro, esta semana, 34 editores e repórteres de jornais das 27 capitais que estiveram presentes às palestras, discussões e bate-papos promovidos no Complexo Cecília Meireles, na Cidade Maravilhosa.

O Enecob ocorreu durante dois dias e contou com vários medalhistas olímpicos brasileiros, como Rafaela Silva, Poliana Okimoto, Martine Grael e Kahena Kunze. Estiveram presentes ainda o escritor Marcos Eduardo Neves e o ministro do Esporte, Leonardo Picciani, além da diretoria dos Correios, que discorreu sobre a logística empregada nos Jogos do Rio.

O Jornal Tribuna Independente foi um dos veículos convidados pela coordenação do evento, que surgiu em 2013, da reunião de jornais e portais de notícias clientes da LM Comunicação. Desde essa época, já foram promovidos cinco eventos, com jornais parceiros da Coluna Esplanada, de responsabilidade do jornalista Leandro Mazzini, que o TI publica diariamente.

Sob a coordenação de Mazzini, o evento revelou detalhes da Olimpíada do Rio e serviu para fazer um balanço das atividades dos órgãos envolvidos, além do depoimento pessoal de algumas das principais estrelas dos Jogos.

Uma delas foi a judoca campeã olímpica Rafaela Silva, ouro no judô, que relatou as barreiras que teve que superar como menina criada na favela da Cidade de Deus. No bate-papo com os jornalistas, Rafaela agradeceu pelo apoio dos programas federais como o Bolsa Atleta e Bolsa Pódio, criados nos governos do presidente Lula e Dilma Roussef.

Rafaela — cujo ouro foi a cara do Brasil por ter sido conquistado por uma negra, pobre e ‘Silva’ — ressaltou na conversa com os repórteres que sua vitória é fruto de muito trabalho no tatame e também fora dele. “Pensei que fosse largar o judô depois da minha derrota em Londres. Fiz um trabalho com minha psicóloga e meu técnico que me incentivaram a cada dia. Em 2014 e 2015 não tive bons resultados, estava meio desacreditada. Disseram que eu era uma incógnita, mas treinei ao máximo e o resultado vocês viram”, disse.

Medalhista olímpica Rafaela Silva, ouro no judô nos Jogos Olímpicos, relatou barreiras que enfrentou (Foto: Francisco Chagas / Cortesia)

Já Poliana Okimoto revelou ter passado por um período de depressão logo depois dos Jogos de Londres, em 2012. Chegou a pensar em abandonar a maratona aquática, mas recuperou o entusiasmo a tempo de ganhar medalha na Rio-2016.

Com a crise econômica e instabilidade política por que passa o País atualmente, todos os medalhistas revelaram que as vitórias na Olimpíada não significaram aporte de patrocínios. Ganharam mais visibilidade, mas a iniciativa privada continua distante das modalidades olímpicas.

Mas a aflição demonstrada por todos os atletas convidados para o evento sobre o pós-Olimpíada, não preocupou o ministro dos Esportes, Leonardo Picciani (PMDB), outro convidado para o evento, que garantiu aos jornalistas que o orçamento de sua pasta para 2017 não sofrerá impactos a partir da PEC do Teto, que limita gastos públicos do Governo Federal nos próximos anos.

Ministro Leonardo Picciani responde a perguntas de jornalistas (Foto: Francisco Chagas / Cortesia)

“Nosso recurso em 2016 foi de R$ 505 milhões. Para o ano que vem, nossa estimativa é de R$ 656 milhões em recursos do ministério. Ou seja, com aumento de 30%”, ressaltou.

Os jornalistas lembraram a Picciani que o Brasil vive atualmente uma crise financeira e também institucional, inclusive com delações que envolvem o presidente Michel Temer, do mesmo partido do ministro do Esporte.

Porém, Picciani disse que dará continuidade ao projeto de fomento a atletas de alto rendimento, ao garantir que os repasses dos projetos Bolsa Atleta e Bolsa Pódio serão mantidos.

O ministro afirmou ainda que o Ministério do Esporte deve anunciar nos próximos dias que assumirá o controle da gestão do Parque Olímpico, que até então estava sob a tutela da Prefeitura do Rio de Janeiro.

“Caso isso de fato ocorra, o que faremos é construir um calendário intenso de treinamentos e de eventos no Parque Olímpico, o que deve ocorrer a partir de janeiro do ano que vem”, disse, citando, como exemplo, a realização do o Pan-Americano Júnior de ciclismo no Velódromo do Rio.

Biógrafo de Renato Gaúcho revela “saia justa” com técnico

Já o jornalista e biógrafo Marcos Eduardo Neves, autor de obras sobre o jogador e ídolo botafoguense Heleno de Freitas, e do atual técnico do Grêmio e recém-campeão da Copa do Brasil, Renato Gaúcho, também participou de um bate-papo com os jornalistas, dando dicas sobre o processo de criação literário.

Neves contou que seguia de perto a carreira de seu ídolo, o então atacante Renato Gaúcho. Decidiu então transformar em livro a história do jogador. Lançado em 2002, “Renato Gaúcho: Anjo ou Demônio?” estremeceu a amizade entre o escritor e o atual técnico do Grêmio.

“Eu era o fã número 1 do Renato. Até hoje eu sou fã dele, principalmente como jogador. Talvez a parte da boemia, das aventuras fora de campo, das indisciplinas mil que ele teve, das inúmeras expulsões, isso não cabe bem na função de treinador. De repente, um comandado pode chegar e falar: ‘Renato, como você está me mandando fazer isso? Eu li o seu livro e o livro mostra o que você fazia’”, afirmou o escritor.

Os jogos do Rio levaram à cidade delegações de 206 países e 15 mil atletas com custo de cerca de R$ 40 bilhões. Além dos milhares de competidores que atuaram em 1.006 disputas, o evento contou com mais de 50 mil voluntários.

Evento revelou detalhes e bastidores da Olimpíada Rio-2016

O jornalista Leandro Mazzini coordenou a 6ª edição do Enecob, evento que levou ao Rio de Janeiro 34 jornalistas de todo Brasil e revelou detalhes da Olimpíada do Rio, que serviu para fazer um balanço das atividades dos órgãos envolvidos, além do depoimento pessoal de algumas das principais estrelas dos Jogos.

*O REPÓRTER VIAJOU A CONVITE DA ORGANIZAÇÃO