Educação
Bárbara Allen, Francisca Lígia e Heloísa Helena são doutoras Honoris Causa da Ufal
Reconhecimento foi concedido pela luta e pela superação em prol do fortalecimento da Enfermagem em Alagoas

Na última semana, a Universidade Federal de Alagoas prestou uma homenagem histórica ao conceder o título de Doutora Honoris Causa a três grandes nomes da Enfermagem no estado: as professoras Bárbara Allen Pinto de Campos, Heloísa Helena Lima de Moraes e Francisca Lígia Sobral Garcia. A cerimônia, presidida pelo reitor Josealdo Tonholo, foi realizada no auditório da Reitoria, reunindo docentes, estudantes, servidores e familiares para celebrar a trajetória inspiradora das homenageadas.
A concessão do título reconhece o papel decisivo dessas profissionais na construção e consolidação do ensino da Enfermagem em Alagoas. Por questões de saúde, Bárbara Allen não pôde comparecer à solenidade e foi representada pela professora Vera Monteiro, que exaltou a contribuição da colega para a evolução acadêmica do curso e o desenvolvimento da profissão no estado.
A professora Elizabeth Moura foi responsável pelo discurso panegírico de Bárbara Allen, relembrando sua chegada a Maceió, em 1972, como integrante da equipe de enfermagem do navio-hospital norte-americano Hope. “Bárbara desempenhou um destacado trabalho, como enfermeira e como colaboradora para a criação do curso de Enfermagem da Ufal, o primeiro curso dessa área de nível superior de Alagoas. Ela resolveu ficar em Maceió, onde fincou raízes e desempenhou um relevante trabalho para o crescimento da Enfermagem e formação qualificada de profissionais da área, em Alagoas. Sua contribuição é histórica também junto ao Hospital Universitário, atuando em sua abertura e na otimização de atividades práticas. É um título muito bem-merecido por sua contribuição à Escola de Enfermagem, à Ufal e à enfermagem do Estado”, enfatizou.
Em mensagem enviada à cerimônia, lida por Vera Monteiro, Bárbara agradeceu pela honraria e destacou sua trajetória iniciada no Projeto Hope, agradecendo à equipe que colaborou para a criação da primeira Escola de Enfermagem de nível superior no estado e ao Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HU), referência em saúde pública. “É com muita honra e respeito que represento a professora Bárbara Allen e nesse momento transmito os agradecimentos dela pela outorga do título de Doutora Honoris Causa”, disse a professora Vera Monteiro que leu na oportunidade mensagem da agraciada: “A honraria do título, devo ao Projeto Hope, quando fui selecionada no meu país para fazer parte da equipe de trabalho no Brasil. Agradeço ao dedicado grupo que fez parte do projeto para a criação da primeira Escola de Enfermagem de nível superior de Alagoas, especificamente, aos profissionais da área e ao Hospital Universitário, que é referência como hospital público. Os meus agradecimentos à Ufal à honraria recebida”.
A segunda homenageada foi a professora Francisca Lígia Sobral Garcia, cuja trajetória foi enaltecida no discurso da professora Lenira Andrade. Em sua fala, Lenira destacou numa breve e marcante retrospectiva, o ativismo, a dignidade e o compromisso de Lígia com causas sociais e humanas, bem como toda a sua luta que extrapolou os muros da universidade e os meios acadêmicos.
“Lígia é uma cidadã ativista das causas humanas necessárias com sua dignidade e o seu modo de cuidar de vida, de cuidar de gente, como sujeito de direitos. É uma mulher guerreira, inclusive com militância durante a ditadura militar. O seu ativismo acadêmico, político e institucional tem marcos históricos. Na Ufal liderou a primeira mudança curricular do curso de Enfermagem. Ocupou em Alagoas cargos de gestão e esteve engajada na luta de entidades local e nacional para a Enfermagem no país, exercendo, com liderança, a superação de desafios para históricas mudanças determinantes para o crescimento e evolução da Enfermagem”, afirmou Lenira.
Nos agradecimentos, Lígia Sobral, aproveitou para fazer uma breve retrospectiva de sua vida universitária, assim como, de sua militância em tantas batalhas e frentes de trabalho. “A vida universitária era de muita efervescência universitária no Brasil e também no mundo, com o objetivo de liberdade. Toda a minha atuação contei com o apoio da Ufal e sem esse apoio nada poderia ter sido feito e o meu especial agradecimento à minha família. Eu devo a uma porção de gente. Eu sou a somatória de muita gente. A luta pela saúde pública sempre foi árdua e com muitos desafios. Não entendo saúde pública como aplicação de vacinas”, destacou, completando com apelo à gestão da Ufal, pela importância do papel que a instituição tem junto à sociedade alagoana: “Abram essa universidade para criar espaço no campus. É na universidade e no seu convívio onde deve ser iniciada a consciência política, social e política”.
Compromisso com a saúde pública
A terceira agraciada, professora Heloísa Helena, teve sua trajetória apresentada pela diretora da Escola de Enfermagem, Cícera Albuquerque. O discurso panegírico ressaltou a coragem, o compromisso social e a dedicação de Heloísa à docência e à política, sempre em defesa da saúde pública e da justiça social. A diretora relembrou a vida universitária da agraciada ainda como aluna e nos desafios que enfrentou durante o estágio rural em prol dos mais necessitados, na luta para a igualdade de direitos. O bom convívio no exercício da docência e o seu compromisso com a Enfermagem também foram enaltecidos.
“Estou com o desafio: falar de uma grande mulher, da nossa querida Helô. É uma mulher que não é fácil definir e sua trajetória de vida é, acima de tudo, de muita coragem e de muito compromisso em qualquer frente de trabalho e de atuação. É uma mulher para além do seu tempo. Sempre foi uma mulher de exemplo, de uma grandeza e de realizações. É muito bom termos Heloísa e esse título concedido a ela. Porque, enquanto Heloísa cuidava da política, de uma política que deve ser saudável, ela teve que renunciar às idas às universidades para cursar o seu doutorado. Ela foi cuidar de outros espaços sociais dos quais nós precisávamos”, destacou Cícera.
Cícera finalizou sua fala com uma mensagem simbólica: “Essa homenagem é também uma travessia — do silêncio ao reconhecimento, da memória esquecida à memória restaurada. As homenageadas não apenas passaram pela história: elas escreveram a história”.
A diretora da Escola de Enfermagem parabenizou a outorga de títulos a todas as homenageadas: “Hoje é o tempo de a gente se curvar, mas se curvar diante da coragem e da luz que essas seis mulheres deixaram em nós. O tempo ele nos convoca não apenas a homenagear, mas a agradecer com a alma aberta. Eu gostaria de dizer que essa solenidade faz uma travessia do silêncio para esse reconhecimento, para essa memória restaurada. As homenageadas nos deixam um legado tão grande para que, onde elas plantaram as raízes e as sementes nós possamos, de forma árvore, frutificar ainda mais”.
Cícera finalizou, dizendo: “Eu gostaria de dizer que a Escola de Enfermagem não poderia tomar uma outra decisão que não fosse essa. Essa homenagem, na realidade, nos leva a mergulhar no reconhecimento de que a enfermagem tem um compromisso para transformar a sociedade, um compromisso de transformação social. E essa noite ecoa para além disso e para além dos nossos limites nos mostrando que essas mulheres não passaram pela história, elas escreveram a história. A vocês a nossa eterna gratidão, os nossos profundos reconhecimentos e que essa noite viva para sempre na alma da Ufal, na alma da Escola de Enfermagem e na alma de todos nós que estamos participando e prestigiando essa solenidade”.
Em sua fala, visivelmente emocionada, Heloísa agradeceu à Ufal e à Escola de Enfermagem pela outorga do título, refletindo sobre os caminhos que percorreu: “Sempre me senti devedora da Ufal por não ter concluído meu doutorado. Mas a universidade me concedeu um título que eu gostaria de ter oferecido a ela. Sou enfermeira por vocação e professora por opção. Eu me sinto enfermeira por vocação e professora por opção. Eu tive convicção da minha vocação durante as lutas travadas do cuidado ao outro, em muitas situações adversas e dramáticas. O meu muito obrigada a todas essas pessoas que fizeram e fazem parte da minha vida”, destacou Heloísa, que também falou sobre os desafios enfrentados na política para o direito justo à saúde pública e aos direitos sociais de uma forma geral.
A cerimônia foi encerrada pelos discursos da vice-reitora Eliane Cavalcanti e do reitor Josealdo Tonholo, enaltecendo um grande momento vivido pela Universidade Federal de Alagoas, que homenageou três docentes que receberam o título de Professoras Eméritas, e as três Doutoras Honoris Causa. Eliane destacou a importância simbólica de homenagear essas mulheres. “Estar nesta mesa, majoritariamente composta por mulheres, é mais um orgulho. Na fala de cada uma ficou a expressão e a impressão do que é ser uma cuidadora, do que é ser uma mãe, do que é ser uma militante, do que é acreditar e transformar as pessoas. E, hoje, que antecede uma data comemorativa para todas as mães, nós temos nessa mesa de honra, mães, que pensaram e que gestaram o curso de Enfermagem, que formou tantos bons profissionais e que constrói uma história de saúde pública diferenciada no estado de Alagoas. Parabéns a todas as professoras eméritas e às recém-doutoras. Vocês estão neste lugar que foi e sempre será de vocês”, disse Eliane.
Já o reitor Tonholo ressaltou o poder transformador da educação e o legado das homenageadas: “Essas seis mulheres que hoje recebem o título de Doutora Honoris Causa acreditaram quando tudo parecia impossível. Fizeram a diferença e mostraram que é possível mudar realidades com coragem e compromisso. As honrarias recebidas significam o reconhecimento do histórico trabalho de cada uma delas, cada uma na sua área. Mas sabemos que diante dos desafios que se postam temos que nos dar cada vez mais as mãos, para que possamos fazer, enquanto universidade, a transformação social que Alagoas tanto precisa. Esse reconhecimento é um passo essencial para essa transformação”, destacou.
E completa: “Eu não sou especialista em cuidado, mas gosto muito de falar em educação e do quanto ela faz a transformação social. O exemplo dessas seis mulheres que hoje recebem os títulos honoríficos é um exemplo a ser seguido. Que acreditaram quando o impossível estava posto, que fizeram a diferença e mostraram que é possível fazer as coisas acontecerem”.
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