Educação
Jornalista alerta calouros da Ufal sobre utilização responsável da inteligência artificial
Palestra da aula inaugural também abordou o combate às informações falsas
Esta terça-feira (21) foi dia de calourada no Campus de Engenharias e Ciências Agrárias (Ceca). Os ingressantes do semestre 2024.2, dos nove cursos oferecidos pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), em Rio Largo, foram recebidos com a apresentação da orquestra de violinos formada no projeto de Extensão, coordenado pela professora Débora Borges.
Em seguida, a mesa de honra foi composta, sob a presidência da pró-reitora de Graduação, Eliane Barbosa, que representou a gestão da Universidade. Também estavam na mesa: Gaus Silvestre, diretor geral do Ceca; Rosa Cavalcante Lira, diretora acadêmica do Ceca; Alexandre Lima, pró-reitor estudantil; Thais Teles, representando a Pró-reitoria de Extensão e o estudante Cliton Oliveira, do Diretório Central dos Estudantes (DCE).
O professor Gaus Silvestre destacou a trajetória do Ceca e a contribuição ao desenvolvimento do Estado de Alagoas feita por gerações de pesquisadores. Ele fez questão de apresentar aos ingressantes todos os docentes presentes. “Aqui neste auditório, eu visualizo pelo menos três gerações de pesquisadores. Eu fui aluno de alguns dos meus atuais colegas, assim como fui professor de alguns que são agora docentes deste Campus”, relatou o diretor.
Todos os componentes da mesa fizeram falas breves de saudação e colocaram informações importantes para os ingressantes se situarem. Para encerrar as falas da mesa, a representante da gestão da Ufal, professora Eliane Barbosa, incentivou os calouros e calouras a buscar crescer na vida acadêmica. “A dedicação aos estudos pode fazer com que essa graduação seja um divisor de águas na vida de vocês e o início de uma produtiva trajetória acadêmica e profissional”, ressaltou.
Fake news em tempos de Inteligência Artificial
O jornalista Roberto Amorim, palestrante da aula inaugural, é um profissional com décadas de experiência e também tem uma contribuição acadêmica na área de Comunicação. Graduado em Jornalismo pela Ufal, ele fez especialização em Literatura Brasileira e Linguística na Universidade Cidade de São Paulo (Unicid), mestrado em Sociedade, Tecnologias e Políticas Públicas do Centro Universitário Tiradentes (Unit AL) e atualmente é doutorando em Análise do Discurso no Programa de Pós-Graduação em Linguística e Literatura da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
Como profissional de Jornalismo, Roberto atuou nas redações do impresso O Jornal, da TV Alagoas e do Pajuçara Sistema de Comunicação. É ainda servidor público, do quadro do Instituto Zumbi dos Palmares (IZP), que reúne as rádios Difusora AM, FM Educativa Maceió e Arapiraca, TV Educativa de Alagoas e Espaço Cultural Linda Mascarenhas. Com toda essa trajetória profissional, Roberto manifestou preocupação com a forma como estamos lidando com a disseminação de informações falsas e com os interesses por trás dessa realidade impactante.
Para exemplificar, Roberto mostrou na apresentação um slide produzido por ele com uma informação falsa, utilizando o suporte da inteligência artificial. “Eu só apresentei o tema, pedi uma foto e indiquei um layout utilizado nas redes digitais de uma empresa de comunicação do estado. Em segundos, eu tinha uma informação falsa pronta para circular nos grupos de aplicativos de mensagens, com uma identidade visual bastante convincente, alcançando centenas de pessoas. Quantas delas abririam o link para ver a reportagem, quantas iriam checar veracidade? O estrago feito pelo título chamativo já estaria feito”, alertou o jornalista.
Outro exemplo concreto que o jornalista avaliou foi a desinformação sobre taxação do Pix. “Isso causou tanto rebuliço que o padeiro do estabelecimento onde sou cliente veio me perguntar o que ia acontecer com o pequeno negócio dele. Muitos comerciantes chegaram a recusar pagamento em pix. Isso porque a informação institucional não ficou clara e foi manipulada por pessoas que tinham a intenção de causar essa apreensão na sociedade”, ponderou Roberto.
Diante dessa situação, que não é simples, Roberto Amorim alertou aos estudantes que, como universitários, a responsabilidade com a checagem de informações aumenta. “Estamos num contexto social onde cursar o ensino superior já coloca vocês como uma certa autoridade diante das comunidades de onde vieram. Se um estudante universitário está veiculando uma mensagem, ela é considerada verdadeira. Portanto, ajam de acordo com essa referência que vocês passaram a ter. Chequem as informações antes de passá-las adiante”, ressaltou o jornalista.
Sobre a Inteligência Artificial na vida acadêmica
Como professor universitário, Roberto Amorim sabe muito bem que a Inteligência Artificial vem sendo cada vez mais utilizada por estudantes, no apoio aos trabalhos acadêmicos. “Mas não terceirizem o conhecimento. Quem precisa aprender são vocês. Então não adianta colocar a IA para fazer o texto e vocês não saberem explicar nada sobre o assunto, caso sejam consultados pelos seus professores”, orientou o jornalista.
Roberto ponderou ainda que a IA pode gerar informações úteis, mas não é isenta de erros. “Devemos usar esses recursos tecnológicos como apoio, sabendo que a IA pode acelerar processos, mas não substitui o esforço de estudar. O mercado de trabalho valoriza profissionais que saibam pensar criticamente e usar tecnologias de forma estratégica. Isso vale para a Comunicação, mas também em todas as áreas que vocês vão atuar”, finalizou o palestrante.
A comemoração pela conquista
Mesmo com tantas responsabilidades e sabendo que muitos desafios vêm pela frente, os calouros e calouras estavam muito felizes. Essa turma do segundo semestre esperou meses, desde a inscrição no Sisu, no início de 2024, para ter a confirmação de que conseguiram uma vaga na Ufal. Diante de tanta espera, com consultas quase diárias ao site da Copeve para ver se havia publicação de novas chamadas, os ingressantes estavam mesmo querendo comemorar.
Matheus Victor de Souza Farias entrou no curso de Engenharia Florestal, ele disse que algumas vezes até se sentiu desanimado, mas quando finalmente viu o nome dele na segunda chamada, foi uma explosão de alegria. A rotina não vai ser fácil para o estudante, que vai fazer o trajeto entre São Miguel dos Campos e Rio Largo todos os dias. “Virei no ônibus da Prefeitura até o Campus A.C. Simões e de lá até aqui tem um transporte do Ceca. Sei que vai ser cansativo, mas estou muito animado”, garantiu o estudante.
Outra estudante que fará um longo percurso diário é a Micaele Barbosa, de 21 anos. Ela mora em Atalaia e entrou em Zootecnia. “Eu fiquei muito nervosa enquanto esperava esse momento. Ver o meu nome na chamada para a pré-matrícula foi uma alegria. O curso que escolhi está em alta no mercado de trabalho, então acredito que esse esforço vai valer muito a pena”, destacou a jovem.
Um pouco mais perto, mas também com uma logística de deslocamento diário, a ingressante Raquel Lins mora em Ipioca, último bairro de Maceió no sentido norte da capital. Não foi a primeira vez que ela fez o Enem e a inscrição no Sisu, mas dessa vez ela obteve o tão esperado sucesso: ser aprovada em Engenharia Florestal. “Até que enfim, eu consegui! Esse dia foi muito sonhado, fazer parte da comunidade do Ceca. Eu estou muito feliz!”, comemorou a caloura.
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