Prevenir é melhor do que remediar. O ditado popular se aplica às escolas brasileiras, por isso, conhecer os estudantes com potencial risco de abandono e evasão escolar, a fim de adotar medidas preventivas, pode evitar que muitos deles deixem o sistema escolar. Com o auxílio da ciência de dados e da inteligência artificial, pesquisadores do Núcleo de Excelência em Tecnologias Sociais (Nees) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), em parceria com o Ministério da Educação (MEC), desenvolveram um Sistema de Alerta Preventivo, que consegue mapear os riscos de abandono e evasão escolar de alunos nos anos finais do ensino fundamental.

Hoje, estima-se que cerca de dois milhões de crianças e adolescentes, de 11 a 19 anos, não estejam frequentando a escola, de acordo com o estudo Educação brasileira em 2022 – a voz de adolescentes.

A pesquisa, realizada pelo Ipec - Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica para o Unicef e divulgada em setembro, evidencia que mais de um em cada dez brasileiros nessa faixa etária estão fora da escola. O estudo lança, ainda, um alerta: 21% dos estudantes brasileiros de 11 a 19 anos pensaram em desistir de estudar nos últimos três meses.

Para enfrentar o desafio do abandono e da evasão escolar, agravados pelo contexto da pandemia da covid-19, especialistas recomendam seguir o ditado popular e realizar ações preventivas para evitar que mais crianças e adolescentes deixem de frequentar as escolas. No entanto, como identificar quais estudantes têm maior risco de abandonar ou evadir as escolas antes que isso aconteça?

Responder essa pergunta pode parecer, à primeira vista, praticamente impossível. No entanto, o Sistema de Alerta Preventivo é uma solução tecnológica que consegue mapear os riscos de abandono e evasão escolar de estudantes que estão nos anos finais do ensino fundamental, a partir da análise de dados do contexto social e da trajetória escolar, tais como engajamento, reprovações, distorção idade-série, frequência, condições materiais da escola e suporte familiar.

Por meio desse mapeamento, o Sistema identifica e apresenta, automaticamente, uma classificação quanto ao risco que cada estudante apresenta, de acordo com as dimensões analisadas. As informações oferecidas por essa ferramenta são fundamentais, por sua vez, para a tomada de decisão dos gestores educacionais, que podem optar pela estratégia de prevenção mais adequada em cada situação de risco.

O Sistema de Alerta Preventivo, criado pelos pesquisadores do Nees da Ufal, em parceria com a Secretaria de Educação Básica (SEB) do MEC, já está disponível para as escolas brasileiras.

Engajamento

Para que a ferramenta avalie os níveis de risco de cada aluno, é preciso que os gestores das escolas acessem uma plataforma virtual. Nela, está disponível um questionário com questões específicas para a escola e para os estudantes.

Atualmente, esse trabalho de coleta de dados está em andamento e a meta é, até o final de 2022, obter 15 mil questionários respondidos. Quanto mais dados são coletados, melhor o desempenho do Sistema de Alerta Preventivo.

O Sistema de Alerta Preventivo é uma das estratégias que fazem parte do Programa Brasil na Escola, além de estar ancorado pela Política Nacional para Recuperação das Aprendizagens na Educação Básica. A ferramenta foi desenvolvida com a participação de especialistas de diversas áreas do conhecimento, em especial da Computação e da Psicologia, que criaram uma metodologia estruturada de mapeamento de risco a partir de evidências científicas. Além disso, o Sistema garante a segurança de todos os dados coletados, de acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).