Educação

Nível de aprendizagem cresce em 65% das escolas da rede estadual de Alagoas avaliadas em 2021

Na prova do Saeb, a proficiência em português e matemática, que compõe a nota do Ideb, apresenta desempenhos superiores ou iguais aos de 2019

Por Assessoria 16/08/2022 22h14
Nível de aprendizagem cresce em 65% das escolas da rede estadual de Alagoas avaliadas em 2021
Nível de aprendizagem cresce em 65% das escolas da rede estadual de Alagoas avaliadas em 2021 - Foto: Assessoria/Arquivo

Cerca de 65% das escolas estaduais de Alagoas que tiveram o Desempenho de Proficiência divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e o Desempenho de Fluxo, este mensurado pelo Censo Escolar, apresentaram um índice superior ou igual ao aferido em 2019 - período anterior à pandemia da Covid-19, que levou ao fechamento das escolas de todos o país.

A avaliação de proficiência mede o aprendizado, com foco nas disciplinas de matemática e português. A avaliação de fluxo é mensurada pelo Censo Escolar, com foco nos índices de evasão, reprovação e abandono nas unidades escolares.

Das 134 escolas da rede pública estadual onde a avaliação de proficiência foi aplicada para mais de 80% dos alunos, foi observado crescimento desse índice em 87 escolas. Esse resultado leva em consideração a nota aferida pela prova do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), aplicado a toda rede pública de ensino no país.

O corpo técnico da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), que aplica o exame no âmbito local e acompanha o desempenho de Alagoas durante a série histórica, avalia que o resultado é positivo para o estado e superou as expectativas diante da situação vivida durante quase dois anos da pandemia, em que as escolas permaneceram fechadas e o ensino presencial teve que ser substituído pelo ensino remoto.

As provas do Saeb foram aplicadas em novembro de 2021, apenas um mês depois que os alunos das escolas da rede pública de ensino de Alagoas passaram a ter aulas regulares 100% presenciais. Desde março de 2020, o ensino da rede estadual alagoana estava em sistema remoto, e até o segundo semestre de 2021 foi realizado por meio do Regime Especial de Atividades Escolares Não-Presenciais (Reampe), programa criado pela Seduc, onde as aulas eram online e, caso o aluno não tivesse acesso a internet, ele ou responsável retiravam o material semanalmente na escola para realizar atividades em casa.

O que esperar dos resultados do Ideb, após dois anos de pandemia

Os indicadores de Proficiência (avaliado pelo Saeb) e de Fluxo (mensurado pelo Censo Escolar) são dois itens que compõem o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que é o principal indicador de qualidade do ensino no país. Mas é possível que o desempenho positivo de Alagoas nas escolas avaliadas, não se reflita no resultado final do Ideb, que deve ser divulgado no próximo mês de setembro. Os exames foram realizados um mês após o retorno presencial dos alunos, depois de quase dois anos com as escolas fechadas e as aulas funcionando de maneira remota.

Com os índices de evasão escolar apontando para um quantitativo de 30 mil estudantes durante a pandemia, o estado nem tinha, ainda, iniciado os programas de busca ativa dos alunos para o retorno às escolas, na abertura presencial. Com isso, a participação de escolas e alunos nos exames para compor a nota do Ideb foi bem abaixo do quórum de 80% que o sistema considera razoável para contabilizar os índices de desenvolvimento da educação. Das 230 escolas da rede pública estadual de Alagoas, apenas 134 obtiveram o percentual de participação exigido pelo Ministério da Educação.

Essa é uma preocupação que aflige a maioria das secretarias de Educação dos estados brasileiros. Os exames foram realizados num momento em que as escolas de todo o país saíam do regime especial de ensino remoto e retornavam ao sistema presencial, com uma dura realidade a ser enfrentada - um enorme quantitativo de alunos que haviam evadido das escolas durante a pandemia.

No caso de Alagoas, as atividades nas escolas da rede pública estadual retornaram em agosto de 2021, de forma híbrida - com aulas presenciais e remotas acontecendo de forma simultânea. Em grande parte das famílias, o medo da Covid ainda manteria, por algum tempo, os estudantes em casa, longe das escolas, o que representou um grande vácuo de participação nos exames de avaliação, com prejuízos presumíveis nas avaliações de fluxo e proficiência que compõem o Idep.

Em novembro, quando as provas do SAEB foram aplicadas, havia apenas um mês que as escolas da rede estadual estavam funcionando com aulas regulares 100% presenciais e o sistema registrava um índice de aproximadamente 30 mil estudantes que não retornaram às salas de aula na reabertura do sistema presencial.

Nesse cenário, que é bem parecido em grande parte do país, a perspectiva das secretarias de Educação é que seus estados tenham problemas com a nota do Ideb, este ano, embora tenham registrado bom desempenho de proficiência dos alunos e das escolas que conseguiram participar do processo.

Programas de busca ativa para combater a evasão

Os altos índices de abandono e evasão escolar registrados durante a pandemia, percebidos com mais evidência no retorno presencial das escolas, levaram o Estado de Alagoas a realizar, por meio da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), um processo de busca ativa dos alunos que não haviam respondido ao retorno das aulas 100% presenciais.

Com os objetivos de garantir o bom funcionamento das escolas, após o longo período de fechamento e de resgatar esses alunos evadidos para o ambiente escolar, foram implantados, no segundo semestre do ano passado, os programas Rumo Às Aulas e o Cartão Escola 10. O primeiro deu condições para que os gestores escolares pudessem realizar obras e adequações para retomada segura das atividades presenciais. Já o segundo, concede bolsas de incentivo aos estudantes para que, diante da frequência em sala de aulas, eles sejam bonificados com um repasse mensal em dinheiro.

O Cartão Escola 10, que trouxe de volta à rede 40 mil alunos em 2022, beneficia mais de 100 mil pessoas em todo o estado, com três tipos de bolsa: a frequência, para quem tem 90% presença em sala de aula; a de imunização, que gratifica com um repasse único de 500 reais os estudantes que apresentam cartão de imunização contra a covid-19 completa; e a de conclusão, que premia o aluno concluinte do ensino médio com dois mil reais.