Educação
Projeto avalia alternativas para priorizar transporte público em Maceió
Pesquisa da Ufal aponta BRT como mais viável e reforça que planejamento não pode ser pontual
Priorizar o transporte público tem sido cada vez mais necessário a medida que as avenidas ficam saturadas com o crescente número de automóveis. A grande quantidade de poluentes e a deterioração da qualidade de vida pública reforçam a urgência em criar medidas para aliviar, coletivizar e humanizar as vias de transporte. Um projeto da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), intitulado alternativas para a massificação do transporte público coletivo: o caso da cidade de Maceió, avaliou a viabilidade de implantação de dois modais na capital.
Existem algumas propostas para a cidade com o objetivo de melhorar a mobilidade urbana: a implantação de um Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) no eixo Fernandes Lima/Durval de Góis Monteiro, no bairro do Farol, e de um BRT, da sigla em inglês Bus Rapid Transit, na Av. Menino Marcelo, no bairro da Serraria. O projeto da Ufal busca identificar incentivos que podem ser apresentados para o uso do transporte público com maior ênfase.
A deficiência na variedade de modais é o ponto fraco no caso de Maceió. Aqui, o principal tipo de transporte público urbano é o ônibus. O orientador da pesquisa, professor Alexandre Lima, explica que a possibilidade de integração do ônibus com outros modais são alternativas já pensadas, mas que esbarram em dificuldades financeiras. “Ambos [VLT e BRT] já estão elaborados, mas ainda falta o recurso para os projetos serem colocados em prática”, explica.
O VLT é um sistema sobre trilhos, com estrutura mais leve que os metrôs e trens. Exige uma infraestrutura maior quando comparado ao BRT, mas a capacidade de transporte é maior. “Para justificar esse investimento é necessário ter comprovadamente uma demanda de passageiros que certifique a implantação deste modal. Se efetivamente houver, aí sim à médio prazo esse custo termina sendo válido”, completa. O BRT é um ônibus comum, que utiliza vias já existentes, mas conta com um processo de integração tarifária e de bilhetagem mais rápida, feita assim que o passageiro entra no terminal, dando a possibilidade de uma quantidade maior de usuários transportados de forma rápida.
A análise da implantação desses transportes e, também, do novo sistema de integração Ônibus-Ônibus (SIMM), iniciado em 2016, foi feita por meio da comparação com o quadro da integração de outras cidades do Brasil. Concluiu-se que, para uma cidade do porte de Maceió, a melhor opção de modal para trafegar nos eixos viários principais seria o BRT, por seu menor custo de instalação, operação e manutenção, cerca de dois terços menor, porém o prosseguimento do projeto do VLT previsto poderá acarretar em uma maior migração de usuários para o transporte público, por suas qualidades estéticas e maior conforto.
Entretanto, a estudante Taynah Rabelo, participante do projeto, explica que as estratégias para melhorar a mobilidade urbana não podem ser pensadas pontualmente. “Quando o VLT for implantado, não sabemos como o sistema vai se organizar, porque o Plano de Mobilidade Urbana prevê algumas outras mudanças que deveriam ser implantadas juntas. Não se pode planejar a cidade pontualmente, pensar na Fernandes Lima, por exemplo, e esquecer do restante da cidade. É preciso muito estudo e só o governo tem condições de bancar”, ressalta.
Projeto
O estudo começou em 2015, já foi renovado e faz parte do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic). O trabalho foi apresentado no Congresso de Engenharia, Ciência e Tecnologia (Conecte) e no Pluris, congresso fruto de parceria entre pesquisadores do Brasil e de Portugal realizado desde 2005. Recentemente, o projeto ganhou certificado de excelência acadêmica pela Ufal.
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