Economia
MVV assume produção de 310 mil toneladas de minério de cobre
Vendida esta semana por 420 milhões de dólares aos chineses, mineradora não revela o seu faturamento anual, mas confirma que sua produção representa 28,2% do total das exportações do Estado

A Mineradora Vale Verde, que esta semana mudou de dono, ao ser vendida ao grupo chinês Baiyin Nonferrous por 420 milhões de dólares, cerca de R$ 2,352 milhões, esclareceu ontem, em contato coma reportagem da Tribuna Independente, que a empresa produziu, de 2021 para cá, cerca de 310 mil toneladas secas de minério de cobre, na Mina Serrote, localizada no município de Craíbas, no Agreste de Alagoas. A informação foi divulgada pela assessoria de comunicação da MVV, para desfazer um mal-entendido quanto a produção de minério de cobre exportado pelo Porto de Maceió, nos últimos quatro anos.
“Entre 2021 e março de 2025, foram exportadas cerca de 310 mil toneladas do minério (concentrado de cobre) em 30 embarques para Ásia e Europa”, informou a assessoria de comunicação da MVV. “Essas acima são as informações oficiais da empresa”, acrescentou o assessor de imprensa, esclarecendo que se essa produção for comprada aos dados de exportação de minério de cobre vai dar uma diferença “porque estamos nos referindo a 310 mil toneladas secas (dmt) de concentrado de cobre”.
O assessor da MVV explicou que essa diferença, em torno de 10 mil toneladas, acontece porque há uma pesagem feita com ela "molhada", onde a unidade de medida seria wmt; e uma pesagem em toneladas secas (dmt) de concentrado de cobre, que a pesagem do Porto. “Então talvez seja essa a diferença com os dados do Porto. Apenas essa questão técnica entre dmt e wmt”, esclareceu o assessor de imprensa.
Mesmo assim, a empresa tendo produzido nos últimos quatro anos cerca de 310 mil toneladas de minério de cobre, o faturamento deve ter sido alto, com o preço do produto sendo cotado a 9.500 dólares a toneladas. Por isso, perguntamos: Qual o faturamento da MVV nos últimos quatro anos? Ou então, qual o faturamento da mineradora em 2024, levando em consideração o preço da tonelada de minério de cobre a 9.500 dólares?
“Por questões estratégicas, a empresa não comenta sobre esse assunto, devido ao zelo junto aos acionistas, até por conta do momento de transação recente”, respondeu o assessor.
No entanto, o faturamento da MVV deve ser alto, levando em consideração a sua produção de 310 mil toneladas de minério de cobre, nos últimos quatro anos. O que representa uma produção média anual de 77,5 toneladas. Com o preço do minério de cobre custando, em média, 9.500 dólares a tonelada, de acordo com a cotação da Bolsa de Mercadorias & Futuros, o faturamento bruto da MVV, por ano, ficaria em 736,250 milhões de dólares, algo em torno de R$ 4,1 bilhões, calculando o dólar a R$ 5,60.
MUDANÇA DE DONO
Esta semana, a MVV mudou de dono, deixou de pertencer ao grupo britânico, que havia adquirido a empresa de um grupo canadense, e passou a pertencer a um grupo chinês. Ou seja, de 2018 para cá, a mineradora já mudou três vezes de dono.
No entanto, até agora nada de novo foi apresentado pelo grupo chinês que comprou a MVV por 420 milhões de dólares. A transação foi anunciada na última quarta-feira e confirmada pela empresa no mesmo dia. Em Alagoas, a MVV responde por 28,2% do total das exportações do Estado, segundo dados da sua assessoria de comunicação.

Venda foi anunciada como um “negócio da China”
Com relação à venda da MVV para o grupo chinês, a assessoria de comunicação da mineradora divulgou que o grupo britânico Appian “entregou uma operação de mineração a céu aberto de cobre e ouro de médio porte de alta performance, a partir de um ativo greenfield”.
O termo “ativo greenfield” é aplicado quando o produto do projeto é realizado a partir do zero, em situações em que não se conta com instalações e facilidades pré-existentes que possam ser incorporadas ao produto do projeto. Geralmente refere-se a novos empreendimentos. A origem do termo remete à implantação física em lugares em que só havia anteriormente mato (green). Em alguns tipos de projeto este termo está também associado a from scratch (do princípio), para reforçar a inexistência de trabalhos anteriores.
Sobre a estrutura da MVV, a assessoria divulgou que “em apenas três anos após o investimento inicial o Grupo britânico implantou e deu início às operações em Alagoas, com atualmente mais de 1.050 empregados na região.
“Além de alto desempenho financeiro, a MVV segue com histórico exemplar de segurança, de zero incidentes com afastamento ("LTI") nos últimos três anos”, acrescentou a assessoria, mas sem poder revelar o faturamento médio da mineradora.
Quanta à vida útil da operação da Mina Serrote, localizada na zona rural de Craíbas, a assessoria da empresa informou que “a MVV continuará a fornecer cobre por décadas, com operações eficientes que posicionam a mina Serrote de forma competitiva na curva de custo da indústria”.
A venda da MVV para grupo chinês, no valor de US$420 milhões, figura como a 13ª transação do grupo britânico. “Isso demonstra a eficácia de seu modelo operacional em identificar, adquirir e otimizar projetos de mineração subvalorizados utilizando arbitragem técnica para gerar valor significativo para seus investidores”, destacou a assessoria da mineradora.
“Esta transação reforça a capacidade da Appian de identificar ativos promissores muitas vezes subvalorizados e aplicar nossa expertise técnica interna para potencializá-los e otimizar seu valor para nossos investidores. Ela destaca o posicionamento estratégico do portfólio da Appian, que visa atender à crescente demanda por um fornecimento seguro e confiável de minerais críticos de alta qualidade” afirmou Michael W. Scherb, fundador e CEO da Appian.
A assessoria da MVV disse ainda que “o modelo de negócios aplicado pela Appian em todas as suas operações é sustentado por uma equipe multidisciplinar de ponta, composta por geólogos, engenheiros, metalurgistas e profissionais de finanças, focados na criação de valor em todos os aspectos do portfólio do grupo”, acrescentou.
DETALHES DA TRANSAÇÃO
De acordo com a assessoria da MVV, a venda da Mina Serrote, no valor de US$ 420 milhões, abrange 100% do capital da mineradora, controlado pelos fundos da Appian, e foi acordado em uma base livre de caixa e de dívidas.
“Com a conclusão da venda, o grupo chinês Baiyin Nonferrous, assume a gestão da Mineração Vale Verde (Mina Serrote) em Alagoas, e a Appian, comprometida em garantir o sucesso contínuo da operação, irá fornecer todo o suporte operacional para facilitar a transição e integração do ativo ao novo grupo. Como parte da transação, o novo comprador reafirma seu compromisso com a segurança e com a manutenção das práticas ESG da MVV, as quais foram implementadas pela Appian em conformidade com rigorosos padrões globalmente reconhecidos”, relatou a assessoria de comunicação da MVV.
“O Standard Chartered e o Citigroup atuaram como assessores financeiros, enquanto a Norton Rose Fulbright foi a assessoria jurídica da Appian nesta transação”, completou.
HISTÓRICO DA MVV
O perfil da MVV, de acordo com informações oficiais da empresa, é esse: Adquirida em 2018 pela Appian, a Mina Serrote, ativo greenfield de cobre e ouro a céu aberto em Alagoas, era de propriedade da Aura Minerals – grupo de origem canadense. Na época da aquisição, com apenas dez funcionários, o fundo britânico identificou na operação alagoana um projeto de cobre raro, pronto para construção, com significativos subprodutos de metais preciosos, que poderia se beneficiar de sua estratégia de arbitragem técnica e desenvolvimento de ativos.
Após a compra, a Appian concluiu um Estudo de Viabilidade Definitivo (DFS) revisado, baseado em sua visão interna de um projeto reestruturado desenvolvido durante o processo de diligência (due diligence). Isso incluiu a redução da capacidade de processamento da planta e o foco na operação de uma seção de recursos de maior teor, com uma relação estéril-minério mais baixa.
Essas mudanças resultaram em um orçamento de CAPEX inicial reduzido para US$ 243 milhões, em comparação com os US$ 420 milhões previstos no plano original da mina, além de menores custos operacionais ao longo da vida útil do ativo.
INVESTIMENTOS
A Appian trabalhou ativamente em todos os aspectos do investimento para agregar valor à operação. Isso incluiu a estruturação da equipe de gestão local e a implementação de padrões e procedimentos operacionais alinhados às melhores práticas globais. O Grupo também garantiu um financiamento de US$ 140 milhões para o projeto por meio de um sindicato de três bancos internacionais e firmou contratos de fornecimento para traders [pessoas que compram e vendem ativos financeiros] e smelters [fundidores] globais.
A implantação do complexo industrial foi realizada durante a pandemia de Covid-19 e entrou em operação em maio de 2021. O projeto foi entregue antes do prazo e abaixo do orçamento em US$ 48 milhões, três anos após a aquisição pela Appian. A fase de ramp-up [aceleração] da operação comercial foi concluída no quarto trimestre de 2022. A MVV opera de forma estável há mais de dois anos e atualmente conta com mais de 1.050 empregados.
SEGURANÇA
A MVV possui um histórico de segurança exemplar e opera com os mais altos padrões ESG. O projeto está há três anos sem nenhum incidente com afastamento ("LTI"), totalizando mais de 5,5 milhões de horas trabalhadas sem qualquer ocorrência dessa natureza. Sua intensidade de emissões de Escopo 1 e 2 por tonelada de cobre produzida foi de 1,53 t CO2e/t em 2023, menos da metade da média da indústria, conforme relatado pela Agência Internacional de Energia.
PERFORMANCE
Em 2024, a MVV alcançou sólidos resultados operacionais e financeiros, com a produção de 18,3 kt de cobre e 8,2 koz de ouro, gerando um EBITDA de US$ 83,9 milhões a partir de uma receita de US$ 184,4 milhões. O custo operacional médio C1 da mina em 2024 foi de US$ 1,74/lb Cu.
MINA SERROTE: POTENCIAL E VIDA ÚTIL DA OPERAÇÃO
A MVV informou também que continuará a fornecer minério de cobre por várias décadas, com operações eficientes que posicionam a mina de maneira competitiva na curva de custo da indústria. “A mina Serrote está estrategicamente localizada com acesso a três portos e ao aeroporto de Maceió. A operação é conectada à rede elétrica nacional por meio de uma linha de transmissão de 230 kV, garantindo acesso à energia renovável de baixo custo, em um contexto em que a matriz energética do Brasil é 86% renovável”.
EXPORTAÇÕES
Maior exportadora da região de Alagoas, a MVV é responsável por 28,2% do total das exportações do Estado em valor. 100% dos funcionários da MVV são brasileiros, e mais de 80% são oriundos dos municípios locais. A MVV mantém um relacionamento positivo com os stakeholders [pessoas impactadas] locais e autoridades regionais.
As iniciativas comunitárias são parte essencial das operações da mina e incluem apoio a programas educacionais STEM em escolas, projetos sociais para empreendedoras locais e cursos de educação ambiental, entre outras iniciativas.
SOBRE A APPIAN
A Appian Capital Brazil, fundo de investimentos privados especializado em mineração e metalurgia, é a representante no país do grupo Appian Capital Advisory. Fundada em 2011 em Londres com investimentos em diversos países, a empresa é referência no setor, com seu modelo diferenciado de mineração inteligente, respeitando o meio ambiente, trabalhando de forma integrada com as comunidades onde atua e apoiando o desenvolvimento destas regiões.
Com seis anos de atuação no mercado brasileiro e, atualmente presente em dois estados (Minas Gerais e Bahia), o fundo se estabeleceu no país em 2018. O grupo possui dois ativos no país: Atlantic Nickel e Graphcoa, além da subsidiária Omnigen Energy.
Com sólido compromisso e missão de transformar recursos naturais em prosperidade e desenvolvimento sustentável, o grupo trabalha alinhada às melhores práticas ESG. Transformando regiões onde atua, aliado à Integração Social, o grupo Appian tem como prioridade o profundo respeito com as pessoas e com a segurança nas operações.
SOBRE O GRUPO CHINÊS
O grupo chinês Baiyin Nonferrous atua na mineração, fundição, processamento e comércio de diversos metais não ferrosos na China. Fundado em 1954, o Baiyin Nonferrous possui operações na China e no exterior. No mercado doméstico, a empresa é proprietária e opera minas e fundições nas províncias de Gansu, Shaanxi, Mongólia Interior e outras regiões. Suas operações internacionais incluem o Gold One Group, na África do Sul, e a Minera Shouxin, no Peru. Globalmente, o Baiyin Nonferrous tem uma capacidade produtiva de 400 mil toneladas por ano de cobre, 400 mil toneladas por ano de chumbo e zinco, 15 toneladas por ano de ouro e 500 toneladas por ano de prata.
SOBRE A MVV
A MVV atua nas atividades de exploração, mineração, beneficiamento e comercialização do concentrado de cobre no Agreste alagoano, em Craíbas. A empresa integra a Appian Capital Brazil, fundo de investimentos privados especializado em mineração e metalurgia, que é a representante no país do grupo Appian Capital Advisory, fundo de investimentos britânico.
“O compromisso da MVV é trabalhar de forma segura, respeitando o meio ambiente e as comunidades, investindo em iniciativas que contribuem para o desenvolvimento do território”, disse a assessoria de comunicação da mineradora.
SOBRE RISCOS
Quanto aos riscos que a mineração pode causar aos moradores de Craíbas, a MVV esclareceu, por meio de sua assessoria, que a cidade não está ameaçada de ser “varrida do mapa”. Muito pelo contrário, o compromisso da empresa, segundo sua assessoria, é com o bem-estar da população e o desenvolvimento social do município. Nesse sentido, a empresa esclareceu também o seu potencial de exploração de minérios no município alagoano.
“Como vocês afirmam, a ANM teria concedido 48% do território de Craíbas para pesquisas de lavra na cidade, no entanto, este percentual serve para empresas em geral, não apenas para a MVV. Esse é o ponto”, afirmou a assessoria, referindo-se à informação de que a MVV teria autorização da Agência Nacional de Mineração (ANM) para explorar minérios em quase a metade do território do município.
“Isto é, os dados trazidos pelo jornal Tribuna Independente, anteriormente, não são fatos”, afirmou, acrescentando, como muito importante: “Atente-se para o detalhe que ‘pesquisa de lavra’ não é ‘lavra/cava’. É uma busca, procura, pesquisa”.
“Desse modo, a empresa não fará de Craíbas um grande canteiro de obras, ‘varrendo a cidade do mapa’, como a reportagem sugeriu. Essa associação feita foi equivocada, pois outras empresas podem fazer pesquisa na região, não somente a MVV”, conclui a assessoria, para quem o título da reportagem anterior, sobre a possibilidade de a cidade ser “varrida do mapa”, poderia causar pânico desnecessário na população da cidade.
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