Economia
Vale Verde é vendida a grupo chinês por US$ 420 milhões
Informação foi divulgada ontem pela assessoria da mineradora, que faturou em 2024 cerca de R$ 6 bilhões

A Mineradora Vale Verde (MVV) foi vendida a um grupo chinês por US$ 420 milhões, algo em torno de R$ 2,352 bilhões, na conversão do dólar valendo R$ 5,60. A informação foi confirmada ontem pela assessoria de comunicação da MVV. Considerado um “negócio da China”, a venda da mineradora foi anunciada, na grande mídia, pelo grupo britânico Appian Capital Advisory LLP, que adquiriu a mineradora em 2018 do grupo canadense.
Segundo a assessoria de imprensa da Appian, a venda da MVV, localizada no município de Craíbas, no Agreste de Alagoas, para o grupo chinês Baiyin Nonferrous foi considerada um sucesso. A operação, no valor de US$ 420 milhões, abrange 100% do capital da mineradora MVV, que passa agora a ser gerida pela Baiyin. A negociação foi estruturada em base livre de caixa e dívidas.
A Mineração Vale Verde é a única mineradora instalada em Alagoas que explora minério de cobre e foi responsável por inserir Alagoas no mapa das exportações e garantir laços sólidos com diversos países. A China aparece como a maior parceira comercial da empresa, que desde o início de suas operações já enviou 18 envios de minério de cobre para o país asiático.
De acordo com Michael W. Scherb, fundador e CEO da Appian, a transação reforça a capacidade do grupo inglês em identificar ativos subvalorizados e aplicar expertise técnica para otimização e valorização. A venda representa a 13ª transação do grupo britânico no setor de mineração global.
“Esta transação reforça a capacidade da Appian de identificar ativos promissores muitas vezes subvalorizados e aplicar nossa expertise técnica interna para potencializá-los e otimizar seu valor para nossos investidores. Ela destaca o posicionamento estratégico do portfólio da Appian, que visa atender à crescente demanda por um fornecimento seguro e confiável de minerais críticos de alta qualidade” afirmou Michael W. Scherb, em entrevista à mídia especializada.
Mesmo após a venda, a Appian seguirá fornecendo suporte operacional para garantir a transição e a integração da MVV à nova controladora. A Baiyin reafirmou seu compromisso com as práticas ESG e padrões de segurança implementados pela Appian, que tornaram a operação uma referência no setor.
A sigla ESG vem do inglês Environmental, Social and Governance, traduzindo para o português significa “Ambiental, Social e Governança”.
ESTUDO DE VIABILIDADE
Após a compra da mineradora, a britânica Appian concluiu um Estudo de Viabilidade Definitivo (DFS) revisado, baseado em sua visão interna de um projeto reestruturado desenvolvido durante o processo de diligência (due diligence). Isso incluiu a redução da capacidade de processamento da planta e o foco na operação de uma seção de recursos de maior teor, com uma relação estéril-minério mais baixa.
Essas mudanças resultaram em um orçamento de CAPEX inicial reduzido para US$ 243 milhões, em comparação com os US$ 420 milhões previstos no plano original da mina, além de menores custos operacionais ao longo da vida útil do ativo.
Já a chinesa Baiyin Nonferrous, fundada em 1954, atua na mineração e fundição de metais não ferrosos e possui operações na China, África do Sul e Peru. No mercado doméstico, a empresa é proprietária e opera minas e fundições nas províncias de Gansu, Shaanxi, Mongólia Interior e outras regiões.
Sua capacidade produtiva inclui 400 mil toneladas por ano de cobre, além de operações de ouro, prata, chumbo e zinco.

Mais 300 mil toneladas de concentrado de cobre já foram exportadas de Alagoas
A Mina Serrote da MVV é responsável por inserir Alagoas no mapa das exportações internacionais de minério de cobre, se tornando um importante produto na balança comercial do estado.
Desde o início de suas operações, a MVV já exportou mais 300 mil toneladas secas (dmt) de concentrado de cobre, totalizando 29 embarques já contando com o realizado este mês.
Além da China, a Finlândia aparece como o segundo mercado importador do minério de cobre alagoano, com nove envios por meio do Porto de Maceió, seguido de uma operação para a Índia e outra para a Polônia.
De acordo com informações do Porto de Maceió, nos últimos quatro anos, a exportação de minério de cobre chegou a mais de 320 mil toneladas. Como a MVV é a única produtora de minério de cobre em Alagoas, com certeza essa produção exportada é toda dela, segundo informações da Administração do Porto.
Se os números não batem, levantam suspeita de sonegação de imposto. Já que a empresa divulgou que produziu no ano passado cerca de 70 mil toneladas de minério de cobre, quando na movimentação de cargas do Porto de Maceió aparece uma produção exportada de 103.447 toneladas, cerca de 33 mil toneladas a menos que a produção divulgada pela empresa.
Caso os números tenham sido manipulados configura um escândalo sem precedentes, já que o faturamento da MVV – com uma produção média anual em torno das 100 mil toneladas – ultrapassa a casa dos R$ 6 bilhões, com um dólar valendo R$ 5,60.
Para o matemático Tancredo Barbosa, morador de Craíbas, caso a MVV esteja subestimando a sua produção ou maquiando os dados, isso reflete no pagamento de impostos e pode configurar sonegação. “Uma coisa é pagar uma carga tributária de uma produção de 70 mil toneladas de minério de cobre, outra é calcular o pagamento de impostos sobre uma produção de 103 mil toneladas”, argumenta Barbosa.
Segundo ele, os números também não batem com relação ao preço da venda da MVV para o grupo chinês. “Como uma mineradora que fatura cerca de R$ 6,1 bilhões ao ano, é vendida por pouco mais de R$ 2,3 bilhões? Se o preço comercializado foi esse mesmo, com certeza, para o grupo chinês, foi um negócio da China”, concluiu.
MANUTENÇÃO
Desconfianças à parte, uma coisa é certa, depois que a Tribuna Independente divulgou a produção da mineradora, na terça-feira (1), a página do site do Porto de Maceió, com os dados da exportação de minério de cobre, foi retirada do ar.
No entanto, a administração do porto negou qualquer pedido da mineradora para o apagamento dos dados e disse que a página foi retirada da internet para manutenção e que nos próximos dias estará de volta ao ar.
No site, no lugar dos dados sobre movimentação de cargas, há um aviso: “Página em manutenção. Informações detalhadas sobre indicadores operacionais e movimentação de cargas no Porto de Maceió em breve”.
Veja mais sobre empresas envolvidas no negócio
A Appian Capital Advisory é uma gestora de fundos de capital privado com foco em mineração e metais, com sede em Londres e presença no Brasil desde 2018. No Brasil, atua também com os ativos Atlantic Nickel e Graphcoa, mantendo compromisso com o desenvolvimento regional e práticas socioambientais de excelência.
Em 2018, a Appian adquiriu a Mina Serrote da MVV, que era de propriedade da Aura Minerals – uma mineradora canadense com foco na exploração, desenvolvimento e operação de projetos de ouro, cobre e outros metais nas Américas.
Na época da aquisição, com apenas dez funcionários, o fundo britânico identificou na operação alagoana um projeto de cobre raro, pronto para construção, com significativos subprodutos de metais preciosos, que poderia se beneficiar de sua estratégia de arbitragem técnica e desenvolvimento de ativos.
SOBRE O BAIYIN
O Baiyin Nonferrous atua na mineração, fundição, processamento e comércio de diversos metais não ferrosos na China. Fundado em 1954, o Baiyin Nonferrous possui operações na China e no exterior. No mercado doméstico, a empresa é proprietária e opera minas e fundições nas províncias de Gansu, Shaanxi, Mongólia Interior e outras regiões. Suas operações internacionais incluem o Gold One Group, na África do Sul, e a Minera Shouxin, no Peru.
Globalmente, o Baiyin Nonferrous tem uma capacidade produtiva de 400 mil toneladas por ano de cobre, 400 mil toneladas por ano de chumbo e zinco, 15 toneladas por ano de ouro e 500 toneladas por ano de prata.
SOBRE A MVV
A MVV atua nas atividades de exploração, mineração, beneficiamento e comercialização do concentrado de cobre, em Craíbas. Até então, a mineradora integrava a Appian Capital Brazil, fundo de investimentos privados especializado em mineração e metalurgia, que é a representante no país do grupo Appian Capital Advisory, fundo de investimentos britânico.
Recentemente, a MVV conseguiu autorização da Agência Nacional de Mineração (ANM) para explorar minérios de cobra em 48% do território de Craíbas. Com isso, caso a produção continue crescendo, a mineração ameaça varrer a cidade do mapa. A mineradora nega esse risco.
“O compromisso da MVV é trabalhar de forma segura, respeitando o meio ambiente e as comunidades, investindo em iniciativas que contribuem para o desenvolvimento do território”, afirmou a assessoria de comunicação.
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