Economia
Em quatro anos, contas de água sobem mais de 33%
Acumulado supera em quase 8% índice da inflação registrado no mesmo período
Logo no primeiro mês de 2025, que começa nesta quarta-feira (1), as contas de água dos consumidores alagoanos chegarão com um gostinho salgado e cheiro desagradável de reajuste. Em novembro, a Agência Reguladora dos Serviços Públicos de Alagoas (Arsal) publicou resolução autorizando as três empresas privadas no setor de prestação de serviços de água e de esgoto – Águas do Sertão, BRK e Verde Alagoas –, e também a Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) a aplicarem reajustes na tarifa de água. Os reajustes variam entre 3,94% e 4,80%, a depender da concessionária que presta o serviço.
Conforme o Sindicato dos Urbanitários, nos últimos quatro anos, o reajuste acumulado foi de 33,36%, sendo, respectivamente, 14,4%; 5,26%; 8,9% e mais recentemente o de 4,80%.
Os reajustes na tarifa da água ficaram 7,85% acima da inflação acumulada nos últimos quatro anos. O índice, somado, chegou a 25,51%, sendo em 2024, inflação de 4,84%; em 2023, 4,62%; em 2022, 5,79% e 2021 inflação de 10,26%.
No Litoral Norte e na Zona da Mata de Alagoas, abrangência da Verde Alagoas, o reajuste fica em 4,80%. No Agreste e Sertão, área da Águas do Sertão, o aumento será de 4,54%. O mesmo índice aplicado às cidades atendidas pela Casal. Em Maceió e na Região Metropolitana, atendidas pela BRK, o percentual de reajuste será de 3,94%.
O reajuste desagradou a dona de uma lanchonete na Zona da Mata do estado. “Limpeza é essencial em uma lanchonete. E limpeza só se faz com água e se a gente passar esse valor aumentado para o cliente, a freguesia se espanta e foge. Isso sem falar que estamos chegando no verão e o calor está insuportável. A gente já toma três, quatro banhos por dia para economizar a energia do ventilador, aí agora até a água aumenta. Difícil encerrar o ano e já entrar no ano novo com mais essa conta”, reclamou Ana Lúcia Pereira.
O pior, segundo ela, é que apesar das constantes elevações de preços nas contas, o fornecimento de água na região é muito irregular, como também a qualidade.
Casal ainda atende diretamente a 16 municípios
As 16 cidades atendidas diretamente pela Casal são Arapiraca, Batalha, Campo Alegre, Campo Grande, Canapi, Coite do Nóia, Craíbas, Estrela de Alagoas, Girau do Ponciano, Jacaré dos Homens, Lagoa da Canoa, Major Izidoro, Minador do Negrão, Olho D’água Grande, Olho D’água das Flores e São Sebastião.
Nesses municípios onde não há participação das concessionárias privadas no processo de distribuição de água, terão um reajuste no valor das contas de água de todas as categorias, isto é: residencial, comercial, industrial, pública, social, entre outras.
Na resolução 176 da Arsal, publicada no Diário Oficial, do último dia 7, consta também o valor correspondente do metro cúbico de água para cada uma delas, em cada faixa de consumo.
Conforme o documento da Arsal, o metro cúbico para uma unidade residencial vai passar de R$ 6,403 para R$ 6,694, em um consumo de 0 a 10 metros cúbicos. Assim, a tarifa mínima residencial passa de R$ 64,03 para R$ 66,94 (em imóveis que não dispõem de rede coletora de esgoto). Na prática, um aumento de R$ 2,91 (dois reais e noventa e um centavos).
Quando o consumo mensal passa de 10 metros cúbicos, ou seja, de 10 mil litros, é aplicada uma tarifa diferenciada para cada metro cúbico excedente a 10 (os detalhes também estão na publicação da Arsal no Diário Oficial).
A BRK afirmou que o reajuste é anual e é calculado conforme a inflação. A BRK atende os 13 municípios da Região Metropolitana de Maceió, dez dos quais com concessão compartilhada com a Casal, que é responsável pela produção da água distribuída pela empresa em Barra de São Miguel, Coqueiro Seco, Maceió, Messias, Murici, Paripueira, Pilar, Rio Largo, Satuba e Santa Luzia do Norte.
Apenas em Atalaia, Barra de Santo Antônio e Marechal Deodoro a BRK é responsável por todas as etapas de abastecimento de água.
Na Verde Alagoas, os consumidores dos 27 municípios alagoanos pagarão 4,80% a mais cada vez que ligar torneiras e chuveiros a fim de cair água.
A concessionária Águas do Sertão atua em 34 cidades alagoanas.
Alagoanos perderam com as privatizações, aponta sindicato
A presidente do Sindicato dos Urbanitários de Alagoas, Dafne Orion, afirmou que após mais de quatro anos do início do processo de privatização da água em Alagoas, a única vantagem para a população alagoana é a eficiência nas cobranças, de resto o povo perdeu.
“Para piorar a situação, os investimentos são feitos com recursos públicos, o que é uma contradição total. Além disso, tem a redução dos salários no setor, o que precariza os serviços e piora sua qualidade. A população atingida já percebeu as graves consequências da privatização, demonstrada nos protestos semanais de falta de água, aumento da tarifa e péssima qualidade nos serviços. O povo mais pobre é o que mais sofre com a falta de água. O Sindicato dos Urbanitários alertou para essas consequências que a privatização acarreta, mas, infelizmente, o governo optou por esse caminho”, finalizou.
Apesar da quantidade de concessionárias e dos sucessivos reajustes, os números sobre saneamento básico ainda estão longe do ideal.
O estado ainda trava uma luta para conseguir levar os serviços de água e esgotamento sanitário para os mais de 3,3 milhões de habitantes que vivem no estado. Só 2,6 milhões têm esgoto.
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