Economia

Procon fiscaliza valor da gasolina em Maceió

Ação acontece após cobrança do presidente da Petrobras para verificar postos que estão cometendo abusos com preços altos

Por Luciana Beder - colaboradora com Tribuna Independente 22/08/2023 09h15 - Atualizado em 22/08/2023 10h06
Procon fiscaliza valor da gasolina em Maceió
Petrobras autorizou reajuste de R$ 0,41 nas distribuidoras, mas na bomba consumidor percebe aumento maior - Foto: Edilson Omena

O Procon Maceió iniciou a fiscalização em postos de combustíveis da capital para apurar se houve algum caso de cobrança abusiva. A fiscalização acontece após o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, cobrar fiscalização nos postos de abastecimento que estão cobrando valor acima de R$ 6 no litro da gasolina, depois do reajuste anunciado pela estatal de R$ 0,41 no litro do combustível.

Segundo a diretora-executiva do Procon Maceió, Cecília Wanderley, foram percorridos 23 estabelecimentos e solicitadas as documentações de compra dos combustíveis nas distribuidoras.

“Desde a última terça-feira, começamos as ações de fiscalização e notificações nos postos. Fornecemos o prazo de 48 horas para apresentação de esclarecimentos e documentações. Na sexta-feira, começamos a receber as documentações e isso seguirá nos próximos dias, quando faremos com a equipe técnica a análise e comparativo dos documentos com os preços praticados”, afirmou Cecília Wanderley.

A diretora-executiva do órgão destacou que o valor cobrado ao consumidor depende de diversos fatores. “O valor cobrado vai variar a depender do preço de compra das distribuidoras e custos das operações. Quando verificamos, em média, algo muito maior que 30% de margem de lucro, solicitamos detalhamento maior de comprovação porque o Código de Defesa do Consumidor não dispõe limite ou valor do que é excessivo ou abusivo. Temos que analisar cada caso e situação”, explicou.

Ainda segundo Cecília Wanderley, caso o consumidor suspeite de cobrança de preço abusivo, o primeiro passo é comunicar oficialmente o órgão. “Pelo nosso WhatsApp ou presencialmente, mandando o relato e a foto do valor encontrado. Como são muitos postos, não é possível percorrer todos. Mas buscamos ir atrás de informações dos mais demandados”, disse.

Já o Procon Alagoas informou que começaria ontem (21) a realizar visitas aos postos de combustíveis para conferir os aumentos praticados.

Por meio de nota, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de Alagoas (Sindicombustíveis/AL) informou que não acompanha os reajustes dos combustíveis e não tem acesso à relação dos postos com as distribuidoras, portanto, não tem como precisar os motivos de alterações nos preços ou fazer previsões.

REAJUSTE
Consumidores sentem no bolso e reclamam dos preços altos

Muitos consumidores já estão sentindo o aumento pesar no bolso e têm reclamado dos preços. A inspetora Luziena Santos costuma encher o tanque quando abastece e sente a diferença. “Aumentou bastante. Na última vez que enchi o tanque, era na casa dos R$ 5,30. Agora, está R$ 5,89. Uma média de 50 centavos a mais por cada litro”, contou.

O técnico em lubrificação Livisson Timóteo também sentiu o aumento pesar no bolso e trocou a gasolina pelo etanol. “Sempre coloquei gasolina porque o etanol consome mais rápido. Estava abastecendo por R$ 5,32 o litro da gasolina, mas agora estou colocando etanol porque a gasolina subiu muito, não tem condições de manter. Ainda mais porque nas horas vagas sou motorista por aplicativo, aí para mim não compensa”, afirmou.

O frentista Pedro Henrique Gomes disse que o valor está alto, mas, independentemente do preço, não abre mão de abastecer em postos de ‘confiança’. “Eu abastecia na média de R$ 5,50 e agora está R$ 5,89. Pesa um pouco no bolso, mas não vou pelo preço e sim pela confiança no combustível”, contou.

ECONOMISTA

Segundo o economista Diego Farias, o aumento nos preços dos combustíveis vai pesar bastante na inflação de toda cadeia produtiva. “A Petrobras segurou o máximo esse aumento, pois não usa mais a paridade do petróleo internacional. É nas distribuidoras que repassam ao consumidor final ainda muito maior o reajuste. E o sinal ainda é de um próximo reajuste, se o barril do petróleo passar dos 90 dólares. Hoje, está em 86 dólares e não para de subir”, afirmou.