Economia

Economista prevê um 2023 mais tranquilo e leve

Retomada das atividades pós-pandemia e políticas públicas do novo presidente devem favorecer realidade local

Por Emanuelle Vanderlei – colaboradora com Tribuna Independente 03/01/2023 10h36
Economista prevê um 2023 mais tranquilo e leve
Panorama de manutenção de políticas públicas deve favorecer Alagoas, que depende de transferência de renda - Foto: Adailson Calheiros

Depois de um longo e difícil período com o orçamento apertado e a miséria atingindo uma parcela alta da população alagoana, as notícias para 2023 parecem ser mais animadoras. De acordo com o economista Victor Hortêncio, a tendência de queda no desemprego e aumento no consumo já começou a dar sinais no final de 2022, mas deve ficar ainda melhor neste período.

“Minha perspectiva como economista é que seja um ano mais leve, mais tranquilo que 2022. A esperança de que os bons ventos que aconteceram no último trimestre de 2022 possam ser levados durante todo o ano. Eu acho que vão existir desafios por conta da política, por conta do orçamento, mas hoje no passar do ano de 2022 e 2023, a gente está vivendo um panorama diferente do que 2021/2022 e grande parte 2022. Então a gente passa agora com esse panorama favorável. Agora o que vai acontecer em 2023 a gente vai saber em 2023, mas a minha perspectiva é otimista. É uma perspectiva que tem a esperança”, diz Hortêncio.

O economista destaca o preço dos combustíveis baixo e o panorama de empregabilidade boa. “Ou seja, a desocupação está baixa o auxílio ele também dá renda. Ele cria renda para a população mais carente que a gente sabe que a grande maioria da população brasileira. Então o auxílio foi mantido em R$ 600, e só pra ter uma ideia, uns 45% da população aqui está no cadastro único. E um percentual importante desses 45% estão cadastrados no auxílio. Alagoas é uma é um Estado pobre que precisa muito das transferências de renda. Então quando você mantém o valor com aumento vai melhorar a vida de muita gente. Então esse panorama de mais emprego, taxa de juros e a inflação baixa e manutenção das políticas públicas por parte do Governo Federal vai criar um panorama otimista”.

Hortêncio explica que para pensar 2023 é preciso olhar para o passado recente. Segundo ele, a pandemia que atingiu a economia em 2020 começa a ser revertida com a vacinação, que só em 2022 começou a impactar de fato nas atividades produtivas. “A partir do ano passado a pandemia ficou mais controlada com a vacinação. O que isso tem a ver com a economia? Tem tudo a ver. É a partir do ano passado a gente começou um programa de vacinação que deslanchou basicamente no segundo semestre começou a vacinar a população economicamente ativa, essas pessoas que trabalham”.

Um índice que pesa muito é a questão do emprego, e essa teve grande variação no período. “Até 2021 a taxa de desemprego chegou a 14,5% no Brasil e não foi diferente aqui em Alagoas. Em Maceió a gente vem recuperando esses índices negativos agora em 2022 e na minha opinião em 2023 isso vai continuar acontecendo. Enquanto o desemprego chegou a 14,5%, hoje ele está em 8,9%. Então está abaixo de dez por cento”.

Ele explica como isso impacta em todos os outros setores. “Quando as pessoas trabalham elas têm renda, elas consomem, diminui a miséria, diminui a pobreza e a gente traz o bem-estar da população, principalmente a mais pobre que é a população que desemprega. Grande maioria”.
A transição da presidência da república também traz expectativa positiva, segundo o especialista.

“O Governo Lula é um governo que trabalha muito nessa linha assistencialista. Então possivelmente ele já viu que está tendo um trabalho pra manter as políticas públicas. E eu acho que o governo também tem consciência que esses dois mecanismos, inflação e a empregabilidade, afetam diretamente o bem-estar da população. Com certeza, na minha visão, o governo vai fazer de tudo para manter essa empregabilidade, inflação baixa e também aumento e manutenção das políticas públicas”.

Inflação que chegou a 12% está em 5,7% por conta do valor do combustível

A volta do Brasil ao mapa da fome nos últimos anos foi marcada por um conjunto de fatores da política mundial e local. “A inflação foi atingida em cheio. Foi causada também pela pandemia que foi um jogo de um desdobramento internacional que chegou até a gente por conta da parte de commodities, por conta da parte semicondutores, pela falta de produtos no mercado internacional. A guerra da Ucrânia com a Rússia também atingiu já uma economia debilitada, uma economia mundial debilitada com a crise. Essa crise foi no mesmo âmbito da pandemia, mas foi causada por outra coisa que é o abastecimento. O aumento do petróleo, principalmente os produtos que a gente exporta aqui, como aves, soja, produto derivado do petróleo principalmente, o que faltou naquela região. Então você tem um aumento generalizado dos preços, principalmente os combustíveis aqui que a gente viu”, detalha Victor Hortêncio.

Mas ele ressalta que no último semestre a queda do preço da gasolina vem sendo repassada para os outros produtos. “Depois de junho, julho a gente vê uma queda no preço de outros produtos, porque todos os produtos praticamente são transportados pelo eixo viário, por caminhões. Então, quando você aumenta no preço da gasolina e todos os derivados do petróleo, você vai aumentar toda uma cadeia produtiva que é transportada com combustível fóssil. Então a gente teve uma queda importante do preço dos combustíveis, e teve um impacto também nos preços, diminuiu de forma visível. A inflação chegou a 12% em abril deste ano, agora está em 5,7% então está barateando o custo de vida”.

Apesar do otimismo, ele lembra que há problemas em Alagoas. “Por outro lado, o ano que vem é um ano também de desafios. Existe a possibilidade de desoneração. O aumento do ICMS que foi aprovado agora, então pode ser que tenha um impacto, é um ano incerto”. E a crise deixou sequelas. “Outra coisa também que é importante é a parte do endividamento. Os economistas da Fecomércio, onde eu trabalho, fazem pesquisas de endividamento. O endividamento aqui em Maceió cresceu. Até setembro chegou a 71,2%, ou seja, sete em cada dez famílias maceioenses estavam endividadas”.

A situação recente também não desanima as estimativas. “Isso aí foi caindo a partir do último do último trimestre com a injeção de liquidez do décimo terceiro [salário]. Com todas as panorâmicas que eu já mostrei pra você favorável, e agora em novembro foi pra 68%. Então a gente teve uma queda aí de três pontos percentuais que é uma notícia importante e boa. Por quê? Porque quando as pessoas não estão endividadas elas vão consumir e viver melhor”.

Como de costume, o mês de janeiro também deve apertar um pouco o orçamento familiar. “É um mês complicado, que as pessoas têm contas a mais pra pagar, colégio de criança, fardamento, tributos, IPTU, IPVA, mas quem soube se organizar com o valor que foi injetado com décimo terceiro salário, quem conseguiu poupar, fazer essa balança importante entre consumir e poupar e se organizar pelo menos de um mês pro outro vai conseguir levar um janeiro mais tranquilo”.

“A pesquisa que a gente fez do que seria feito com o dinheiro, primeiro organização financeira familiar, depois pagamento de dívidas, e último lugar, compra de presentes e comemorações. Se a população seguiu essa pesquisa, se a pesquisa for realmente o que a grande maioria das pessoas fez, então agora em janeiro de 2023 as pessoas não vão sentir tanto porque existe uma preocupação com a organização do orçamento familiar”.