Economia

Valor do ovo dispara e assusta maceioenses

Entre março de 2020 e maio de 2022, alimento apresentou a maior variação de preço, com índice de 202% acima da inflação

Por Luciana Beder com Tribuna Independente 13/09/2022 06h50 - Atualizado em 13/09/2022 15h07
Valor do ovo dispara e assusta maceioenses
Bandeja com 30 ovos custava em média R$ 10 há pouco menos de um ano; agora, chega a ser encontrada por R$ 27 - Foto: Edilson Omena

O ovo – um dos alimentos mais consumidos pelas famílias brasileiras – não escapou do aumento de preço. No início do ano, os maceioenses podiam encontrar uma bandeja com 30 ovos por uma média de R$ 10. Hoje, o preço chega a R$ 27 em alguns supermercados da capital. O alimento, considerado prático, saboroso e bastante saudável, deixou de ser acessível.

Segundo o “Estudo Sobre Variação de Preços dos Produtos na Pandemia”, realizado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), com base na variação dos preços entre os meses de março de 2020 e maio de 2022, o ovo apresentou a maior variação de preço com índice de 202% acima da inflação oficial, que foi de 19,9% no período.

O pedreiro Nivaldo Félix disse que comprava a bandeja com 30 ovos por R$ 8, R$ 10 e agora comprou por R$ 26,90 em um supermercado. “Ovo está um absurdo, não tem mais nada barato, principalmente, o ovo. Antes, comprava a R$ 8, R$ 10, a bandeja com 30 ovos. Agora, está na casa dos R$ 20. Aqui, mesmo, custa R$ 27. Está tudo caro. E a pessoa tem que levar, infelizmente, porque tem que comer”, afirmou.

Em uma avícola no bairro do Jacintinho, ainda é possível comprar a bandeja por menos de R$ 20. “Ainda conseguimos vender por R$ 18 porque pegamos mais em conta em Pernambuco. O dono está preferindo comprar ovo e frango em Pernambuco porque está saindo mais barato do que comprar aqui no estado. Hoje mesmo, ele trouxe 50 bandejas e só sobraram três. Os clientes falam que aqui é o lugar mais em conta, porque encontraram em outros lugares de R$ 20, R$ 22”, disse a funcionária Damiana Soares.

A educadora Márcia Marina contou que está difícil manter uma boa alimentação, com os preços cada vez mais elevados. “A gente comprava no carro do ovo, que era R$ 10. Hoje, tem até de R$ 25. O salário, realmente, não está acompanhando. Você não consegue manter hábitos alimentares. O básico é o que está mais caro hoje, e não podemos fugir dele. A nossa mistura está cada dia mais pobre. Até os embutidos e processados, que fazem mal para a saúde, estão mais caros”, afirmou.

“Como pode o brasileiro sobreviver com R$ 1.200?”

O autônomo João Rodrigues também relatou dificuldade em manter a alimentação com o salário mínimo. “A carne está muito cara. A gente não pode comprar mais carne. A saída é o ovo, que também subiu bastante. Como é que pode o brasileiro sobreviver com R$ 1.200? É tomar água para encher a barriga”, disse.

Segundo o presidente da Associação dos Supermercados de Alagoas (ASA), Raimundo Barreto, o aumento foi em todo o país, mas os preços devem baixar ou, ao menos, permanecer como estão.

“Temos a questão dos insumos que aumentaram demais, energia, transporte, tudo aumentou e resultou nessa elevação do preço do ovo. Mas nós acreditamos que, em breve, vai baixar. É só questão de tempo. Permanece como está ou reduz o preço”, afirmou.

De acordo com o nutricionista Mário Neto, o ovo é um dos alimentos mais completos em termos nutricionais e, apesar do aumento no preço, ele continua sendo uma das opções mais rentáveis de proteína, se comparado a outros alimentos.

“O ovo é rico em proteínas de alto valor biológico, além de conter vitaminas do complexo B (B1, B3, B12, ácido fólico e biotina), A, E e D. As famílias estão em busca de alternativas para o seu consumo, por causa do aumento no preço, mas ele continua sendo uma boa escolha. Alimentos tão completos quanto o ovo não existem, mas, falando em alternativas de proteínas, é possível encontrar boas quantidades em peixes, queijos, na soja e em alguns vegetais”, disse o nutricionista.