Economia

Semana Santa do maceioense deve ser magra

Com poder de compra reduzido, muitas famílias devem fazer substituições e abandonar a tradição de consumir ovos de Páscoa

Por Sirley Veloso - Colaboradora com Tribuna Independente 09/04/2022 09h41
Semana Santa do maceioense deve ser magra
Com poder de compra reduzido, muitas famílias devem fazer substituições e abandonar a tradição de consumir ovos de Páscoa - Foto: Edilson Omena

O alto custo de vida já vem pesando no bolso da população há algum tempo. Em 2021, a inflação foi de 10,06%, a maior dos últimos seis anos. Este ano não deve ser diferente, segundo a previsão do Banco Central. Conforme a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a cesta de bebidas e alimentos típicos da Páscoa será 7% mais cara este ano, a maior alta desde 2016. Com os constantes reajustes de preços dos alimentos, a Semana Santa do maceioense deve ser magra.

Segundo a economista Luciana Caetano, “mais de 50% da população [alagoana] ganha até dois salários mínimos e já não está conseguindo consumir o básico com regularidade há muito tempo”. Luciana ressaltou que “essa parcela da população tem muitas restrições aos produtos considerados supérfluos, a exemplo, do chocolate, um dos produtos típicos da Páscoa”.

Com relação aos pescados, ela afirmou que “como existe uma variação de preços a depender do tipo de produto, as pessoas devem procurar os substitutos dos que estão com preços mais elevados. As feiras livres dos bairros e comunidades pesqueiras são os locais mais prováveis de se encontrar preços mais acessíveis”.

A cozinheira Maria Aparecida Santos mora com a mãe e os irmãos. Ela disse que a família toda ajuda com as compras. “Mesmo assim, reduzimos a quantidade de produtos e vamos substituir outros”, afirmou.

Renata Mello fazia compras em um supermercado e disse que o almoço de Páscoa vai ser na casa da sogra. “Os preços de alimentos têm aumentado muito. Vamos manter a tradição da família. Minha sogra gosta de caprichar na variedade de pratos. Mas não está fácil. Está tudo muito caro”.

Índice de intenção de compra dos alagoanos para período é o menor desde 2016


Uma pesquisa de Intenção de Consumo para a Páscoa 2022, realizada pelo Instituto Fecomércio, da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Alagoas (Fecomércio/AL), indica que somente 42,11% dos consumidores pretendem comprar ovos de chocolate, um percentual 23,43% menor do que o registrado ano passado, que foi de 55,4%. O percentual é o mais baixo desde 2016, quando o estudo começou a ser feito.

Mesmo assim, a Fecomércio estima que a data irá movimentar aproximadamente R$ 29 milhões, superando em R$ 3 milhões o valor de 2021, um aumento de 10,34%, portanto. Do montante, cerca de R$ 14 milhões serão destinados a compras de chocolates (ovos ou barras), ficando o tíquete médio em R$ 87,25; e R$ 15 milhões serão gastos entre vinhos e frutos do mar, com tíquete médio estimado em R$ 88,25.

Para o presidente da Fecomércio AL, Gilton Lima, as vendas do período trazem um dinamismo. “É uma celebração que movimenta vários segmentos do varejo e estimula nossa economia. E em tempos de recuperação de vendas, essa perspectiva de crescimento é positiva para as empresas”, ressalta.

CHOCOLATES

Ainda conforme a pesquisa da Fecomércio, entre os 57,89% das pessoas que não irão investir em chocolates, 68,59% afirmaram não ter o hábito de comprar este produto; 24,91% afirmaram está endividados ou sem renda; 3,85% disseram que não irão comprar devido aos valores elevados do produto; 3,25% afirmaram não ter a quem presentear; e 1,81% preferem outros tipos de chocolates. A produção dos próprios ovos foi o motivo apontado por 0,72% para a não aquisição do produto.

VINHOS E FRUTOS DO MAR

As compras de vinhos e frutos do mar devem fazer circular R$ 15 milhões na economia da capital. Isto porque 24,29% dos consumidores estão dispostos a comprar a tradicional bebida e outros 48,39% investirão em frutos do mar, totalizando 72,68% de intenção de compras para estes itens. Os gastos devem ficar até R$ 50 para 23,76% dos consumidores, entre R$ 51 e R$ 100 para 28,73%, R$ 100 e R$ 150 para 18,78%; entre R$ 150 e R$ 200 para 14,92%; e acima de R$ 200 para 13,81%.