Economia

Fase vermelha: Fecomércio estima prejuízo de R$ 239 milhões

Entidade destaca que o setor ainda sente reflexos das medidas anteriores tomadas por conta da pandemia

Por Carlos Amaral 18/03/2021 08h06
Fase vermelha: Fecomércio estima prejuízo de R$ 239 milhões
Reprodução - Foto: Assessoria
Diante do aumento expressivo de casos de covid-19 em Alagoas, com a lotação de leito para o tratamento da doença já na casa dos 90%, o Governo do Estado, em novo decreto válido a partir da próxima sexta-feira (19), pôs todos os municípios alagoanos na fase vermelha do Plano de Distanciamento Social Controlado por 14 dias. Segundo estimativa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Alagoas (Fecomércio), o prejuízo do setor no período pode chegar a R$ 239,2 milhões. “Estima-se que o faturamento potencial do setor de comércio e serviços gira em torno de R$ 418,6 milhões semanalmente. Todavia, com as novas restrições, o comércio em geral deixará de funcionar sete dias por semana para abrir, proporcionalmente, cinco dias. Com isso, estima-se que haja uma queda percentual de -28,57% na receita semanal, representando um prejuízo semanal de R$ 119,6 milhões”, relata. “Se considerarmos que o período de validade do novo decreto englobará praticamente duas semanas, a queda do faturamento deve se aproximar de R$ 239,2 milhões; impacto relevante, principalmente quando se observa que esses setores já vêm de uma sequência de quedas: o setor de serviços teve uma retração de -16,1% entre janeiro de 2020 e de 2021, e o comércio registrou pico negativo de -18,4 no volume de vendas do varejo, em abril de 2020, conforme dados do IBGE”, completa a Fecomércio em nota, assinada por seu presidente Gilton Lima, enviada à Tribuna. A Federação ressalta que as empresas do setor ainda sentem os reflexos da paralisação passada, ainda em 2020, em que muitos empréstimos foram realizados e dívidas foram acumuladas. “Assim, restrições mais severas sem contrapartidas proporcionais poderão comprometer a sobrevivência das empresas. Por tudo isso, a Fecomércio defende que a permanência do Comércio aberto é importante para a superação desse momento com o mínimo de consequências negativas possíveis. E volta a afirmar que a luta é coletiva. Autoridades públicas, empresários e consumidores precisam, cada um, fazer a sua parte no enfrentamento à pandemia. São muitas famílias envolvidas, muitos empregos, muitas vidas”, afirma a nota da Fecomércio. ABRASEL Na noite desta terça-feira (16), o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) em Alagoas, Thiago Falcão, divulgou vídeo nas redes sociais em que pede ao governador Renan Filho (MDB) que reveja as medidas adotadas para bares e restaurantes. Segundo o novo decreto, estes estabelecimentos só podem funcionar no sistema “pegue e leve”. “A Abrasel faz um apelo ao governador para que reveja a medida que proíbe o funcionamento do nosso segmento, principalmente, no horário do almoço de segunda a sexta-feira. A gente entende que é preciso ter uma opção segura para a população fazer sua alimentação”, diz. “A gente concorda com o funcionamento escalonado de lojas e shoppings centers, mas não ter opção para uma alimentação segura traz risco à população. Se formos olhar o que ocorreu no Agreste e Sertão, mais especificamente o Centro de Arapiraca, com as pessoas consumindo em ambulantes sem regramento, em ambientes clandestinos sem nenhum protocolo sanitário. Teremos o sistema de pegue e leve funcionando e as pessoas tendo de fazer sua refeição nas calçadas, nas ruas, nos estacionamentos, sem nenhum controle sanitário”, completa Thiago Falcão. A reportagem tentou saber a posição da Associação Comercial de Maceió, mas não houve resposta até o fechamento desta edição. OBSERVATÓRIO Para Gabriel Badue, do Observatório Alagoano de Políticas Públicas para Enfrentamento da COVID-19 (OAPPEC), o ideal seria que se adotasse o lockdown, mas ele reconhece as dificuldades para que isso ocorra. “No atual estágio, o ideal seria um lockdown, de pelo menos 14 dias, com um rigoroso controle pelos agentes de segurança e com punições para o descumprimento. No entanto, nossas condições socioeconômicas dificulta a implementação desse tipo de estratégia. Então, esperamos que as medidas anunciadas ontem sejam suficientes para conter o aumento de casos que tem sido observado, freando a demanda por leitos de UTI que hoje cresce numa velocidade maior que a da oferta”, comenta o coordenador do OAPPEC à Tribuna. ATUALIZAÇÃO A Associação Comercial de Maceió enviou nota sobre o novo decreto governamental após o fechamento desta edição da Tribuna. No documento, ela reconhece que as medidas anteriores “não foram suficientes para conter o avanço do contágio, sendo um dos fatores relevantes para tanto a persistência do descumprimento das medidas do protocolo sanitário e de isolamento social por parte da população”, diz. “De nada adiantarão as restrições e alternâncias horárias, atos de fechamento de atividades, lockdown ou quaisquer outras medidas, se a população continuar se aglomerando e tratando com descaso esse contexto pandêmico”, completa. Contudo, a Associação Comercial também ressalta a crise financeira que o momento tem gerado e que apresentará propostas de ajuda para o setor. “Não poderíamos deixar de nos compadecer, igualmente, perante os inúmeros estabelecimentos que já fecharam suas portas e tantos outros que estão na iminência de encerrar suas atividades, gerando desemprego, queda de arrecadação e tantas outras consequências deletérias, a comprometerem a própria capacidade do Estado de cumprir seu papel na saúde, segurança pública e tantos outros setores e serviços não menos importantes”, diz a nota. “No momento oportuno, apresentará aos entes governamentais competentes sua proposta de apoio e custeio públicos, tendentes a assegurar um mínimo de sobrevida ao setor produtivo, em especial as empresas de micro, pequeno e médio portes, até a superação do período pandêmico, evitando-se a instalação de um caos socioeconômico em nosso Estado, suplicando à população alagoana que colabore mais do que nunca com o combate à pandemia, fazendo sua parte e cumprindo incondicionalmente as determinações governamentais”, completa.