Economia

VLT registra perda de 10 mil passageiros por dia

Prestes a completar um ano, interrupção de trecho do percurso vem causando prejuízos a passageiros e principalmente à CBTU

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 10/02/2021 09h41
VLT registra perda de 10 mil passageiros por dia
Reprodução - Foto: Assessoria
Em março do ano passado, a Defesa Civil de Maceió anunciou a necessidade de interdição de parte do percurso do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) como medida de segurança na região da capital que sofre com afundamento. O trecho que começa na Ladeira do Calmon e segue até o Bom Parto trouxe impactos profundos para quem dependia do transporte. De lá para cá, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) registrou perda de 10 mil passageiros por dia. De acordo com a CBTU o impacto financeiro vem sendo contabilizado, no entanto, não divulgou valores. Mesmo com a baldeação, sistema de circulação de coletivos criado para interligar os trechos sem funcionamento, a perda de passageiros foi agressiva. O fato é que a Companhia espera que a situação seja resolvida “o mais breve possível”. “Estamos operando entre Maceió e Bom Parto e Bebedouro-Lourenço de Albuquerque, desde quando ocorreu a interdição entre Bom Parto e Bebedouro, recomendado pela Defesa Civil e a própria Braskem. A partir daí, mesmo garantindo a baldeação por via terrestre, perdemos 10 mil usuários por dia. O prejuízo financeiro é muito grande e a CBTU está contabilizando quanto perdeu em reais. Se espera que, dentro de pouco tempo, se encontre uma solução por parte da Braskem. A Braskem, até o momento, tem arcado com o pagamento da baldeação do transporte de passageiros entre Bom Parto-Bebedouro-Bom Parto”, disse a CBTU à Tribuna. Para quem ainda mora na região, a interrupção parcial do VLT criou uma dificuldade ainda maior de locomoção. O líder comunitário do bairro de Bebedouro, Augusto Cícero, explica que o isolamento causado por essa e outras medidas de contenção tem dificultado a vida dos moradores. [caption id="attachment_426518" align="aligncenter" width="662"] Interrupção do VLT ocorreu com bloqueio da Avenida Major Cícero de Góes Monteiro (Foto: Edilson Omena)[/caption] “O transporte que faz a integração do VLT está funcionando. Só que é difícil, a locomoção e o isolamento são muito grandes. Em Bebedouro, os pontos de ônibus estão vazios, e até os ônibus parados naquela localidade colocam em risco a vida dos passageiros. Estamos encaminhando um ofício à SMTT para que seja mudado o ponto de ônibus dali, porque quem mora no Flexal precisa de um apoio, que as linhas de ônibus passem por lá”, afirmou a liderança. Braskem diz que está em tratativas com CBTU Em nota, a Braskem informou que está em tratativas com a CBTU, mas não explicou quais ações estão previstas e se há uma solução definitiva para o caso. “A Braskem tem apoiado as medidas definidas pelas autoridades públicas para garantir que os usuários dos trens possam fazer seu trajeto da melhor forma possível. Já há acordos de cooperação para realização do transbordo, abastecimento e construção do pátio de manutenção. Além disso, a Braskem vem implementando todas as atividades de monitoramento recomendadas pelas autoridades, como instalação de rede de microssísmica e monitoramento da integridade da estrutura da via. A Braskem está em permanente diálogo com a CBTU e demais autoridades visando a mobilidade e segurança das pessoas”, informou. RELEMBRE A interrupção parcial do VLT ocorreu no mesmo período em que a Avenida Major Cícero de Goés Monteiro foi bloqueada. Na época a Defesa Civil explicou que o monitoramento apontava novas evidências de riscos para a região. “A recomendação de suspensão do tráfego na via e da linha férrea é temporária devido à falta de equipamentos adequados que permitam que a Defesa Civil faça o monitoramento e emita alerta antecipado de aviso de possível necessidade de evacuação, como forma de salvaguardar vidas. Estes equipamentos são recomendados tanto pela CPRM quanto pelo instituto alemão IFG, que produziu relatório para a Braskem sobre as medidas de segurança a serem adotados na área”, explicou a Defesa Civil. A medida foi adotada após o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) atestar que o processo de afundamento está evoluindo. “A Questão do VLT não trata da Defesa Civil e Prefeitura como um todo. A gente recomenda que seja paralisado. Mas quem determina o encerramento ou não das atividades no trecho é a CBTU. Até porque trata-se de um órgão federal. A gente recomenda que seja paralisado”, disse a Defesa Civil no ano passado.