Economia

Procura por fantasias e adereços de Carnaval é reduzida este ano

Renda extra para costureiras ficou comprometida por conta da pandemia e cancelamento dos festejos

Por Texto: Ana Paula Omena com Tribuna Independente 05/02/2021 09h05
Procura por fantasias e adereços de Carnaval é reduzida este ano
Reprodução - Foto: Assessoria
Faltando uma semana para o Carnaval, o movimento de foliões em busca de fantasias e adereços garantiria uma renda extra para costureiras e donas de ateliês em Maceió, porém por conta da pandemia e o cancelamento da festa de Momo os pedidos de clientes reduziram drasticamente. Rebeca Alves, empresária e figurinista, disse que este ano suas produções foram extremamente menores pela atual situação. “As vendas diminuíram o que me deixa triste, mas como cidadã acredito que as medidas tomadas são as melhores para a população. Tudo reduziu tanto as produções de fantasias como as de makes artísticas que os amantes do Carnaval não abrem mão. No ano passado, tive um lucro de 85% de aprovação relacionado às vendas, e esse ano a expectativa é apenas uns 20%”, revelou. [caption id="attachment_425588" align="aligncenter" width="1108"] Uma das produções de Rebeca Alves (Foto: Arquivo pessoal)[/caption] “Começamos a produzir em janeiro para dar conta de todas as encomendas, tanto para clientes individuais como para empresas que fornecíamos os nossos produtos, mas esse ano foi diferente. Acredito que mesmo assim os amantes do Carnaval não vão deixar de se caracterizar entre os familiares e amigos. Já recebemos encomendas sim de grupos que irão passar em casa de praia, tanto adereços como customização de abadás, creio que o mais fraco realmente será a make artística que as pessoas investiam para os blocos de rua”, ponderou a empresária. A arquiteta Gabriela Oliveira planeja para o Carnaval uma confraternização com a família, mas sem aglomerações. “Sempre festejamos o Carnaval, ornamentamos a casa, reunimos toda a família, participamos de blocos de rua, é aquela festa. Mas este ano não vamos fazer nada disso, cada um vai ficar na sua casa. Lá em casa, vou comemorar apenas com meus pais e meu irmão, só para não passar em branco mesmo”, contou. José Hilton Lopes Feitosa, mais conhecido como Prego, vice-presidente da Liga das Escolas de Samba Independente de Maceió, contou que a Escola Gaviões da Fiel, por exemplo, trabalha todos os anos dando oportunidade para costureiras que estão desempregadas, no entanto essa realidade continua este ano. “Dez costureiras esperam uma renda extra neste período porque estão sem trabalho, sem atividade alguma. Se o Carnaval fosse acontecer na semana que vem hoje as fantasias das 15 alas da escola estariam prontas e as mulheres que confeccionam com o dinheiro no bolso”, salientou Prego. MATERIAL GUARDADO De acordo com ele, todo o material foi guardado e o prejuízo é grande para as costureiras e decoradores que ficaram sem ganhar nada. “O projeto das escolas de samba é para 2022 e os trabalhos devem começar em agosto próximo, não para setembro agora como o prefeito JHC já definiu. A liga não concorda com o Carnaval deste ano para setembro. Acho absurdo. O gestor municipal deve pensar na saúde do povo para futuramente fazer o Carnaval, que tem todo ano, saúde não tem. Espero que ele revogue e pense na população”, ressaltou José Hilton. O vice-presidente da Liga das Escolas de Samba Independente de Maceió lembrou ainda que Carnaval com máscara não combina e que a pandemia continua. “Toda a população não estará vacinada até setembro. Então, mesmo estando no prejuízo e de mãos atadas, temos que pensar na saúde que é fundamental. Não vamos participar do Carnaval em setembro, não vamos nos arriscar. A doença está aí, temos respeito aos nossos componentes”, pontuou. Encomendas para festas particulares e turmas de escola Para a empresária Maria Mendonça, o Carnaval deste ano vai deixar a desejar, isso porque o movimento de confecções de fantasias e adereços é consideravelmente menor que nos anos anteriores. Apesar disso, ela destacou que as pessoas estão encomendando para festinhas particulares entre a família, em casas de praia ou em turminhas da escola, além das festas de aniversário que caem no período da data festiva. “Grupos que vão para casas de praia estão encomendando também. Acredito que este carnaval vai ser até melhor do que os outros, já que a previsão é de acontecer duas vezes este ano, agora e em setembro. Os foliões não vão deixar passar em branco”, mencionou. “A minha renda baixou muito, porque trabalho com vendas e alugueis de fantasias e adereços, e essa pandemia afastou os clientes, somente as festas restritas restaram, não tive mais demanda e o lucro despencou em mais de 80%”, disse Maria Mendonça. Ela reforçou que mesmo diante da pandemia continua otimista mesmo com as demissões que precisou fazer. “Nessa temporada, por exemplo, eu estaria com cinco costureiras. Reduzi para apenas uma, infelizmente e em meio expediente. O restante é só lavando as fantasias com muita esperança de voltar a alugar com a mesma frequência de antes”, declarou Maria Mendonça. Fernanda Vasconcelos, que tem um ateliê de roupas, também viu sua produção baixar. Segundo ela, existem, mas bem pequenas em comparação com anos anteriores. “Nessa época do ano, já estava entregando muitas roupinhas com o ateliê a todo vapor. Os pedidos ainda não chegaram, acredito que devido o retorno das atividades escolares e todas essas incertezas de novos casos”, avaliou. [caption id="attachment_425591" align="aligncenter" width="675"] Fernanda Vasconcelos, com uma de suas criações voltada para o público infantil no carnaval (Foto: Arquivo pessoal)[/caption] “Pensando nisso tudo. Criei uma mini coleção de Carnaval, que será feita sob encomenda com roupinhas mais simples e mais leves para um Carnaval em casa. Muito diferente eu sei, sem muito brilho, mas com muita alegria e esperança que dias melhores não tardam em chegar”, frisou. A Aliança Comercial informou que os comerciantes do ramo investiram pouco na renovação de produtos para o Carnaval, já que é preciso ter novidades nas lojas, porque caso contrário o cliente não vai ao estabelecimento. “Não há produto estocado e nem os empresários investiram, por conta da pandemia”, frisou a entidade por meio da assessoria de comunicação.