Economia
Petrobras e Exxon pagam R$ 3,4 bilhões por blocos na "franja do pré-sal"
Pedro Parente, presidente da Petrobras, disse que a estatal fez a oferta bilionária pelas áreas justamente porque há indícios de pré-sal nesses blocos
"Vocês têm que lembrar que a Petrobras é a empresa que mais detém o conjunto de informações sobre o offshore brasileiro. Portanto, vocês haverão de convir que não pagaríamos o valor que pagamos se não tivéssemos informações que demonstram que isso vale,” disse Parente.
Questionado se estas informações apontam a existência de pré-sal nestes blocos arrematados, Parente disse que "é uma possibilidade, porque está vizinha às áreas do pré-sal".
Dos R$ 3,84 bilhões em bônus arrecadados na 14ª rodada de licitações de petróleo e gás, cerca de R$ 3,44 bilhões foram pagos pelo consórcio de Petrobras e Exxon para os seis blocos do setor SC-AP3 da Bacia de Campos.
Um deles foi arrematado por R$ 1,2 bilhão e outro por R$ 2,24 bilhões - o maior bônus do leilão. As gigantes Shell e Total também participaram da disputa pelo bloco mais caro - e ofereceram valores muito menores, de R$ 443 mil e R$ 25,2 mil, respectivamente.
Para Adriano Pires, sócio-diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), apesar da área ser considerada "muito promissora", o valor do lance bilionário surpreendeu. "O mais otimista falava em bônus de R$ 1 bilhão", destaca.
Exploração do pré-salA franja do pré-sal é uma área adjacente ao pré-sal, que não está no chamado "polígono do pré-sal", espaço dentro do mar delimitado para as reservas do pré-sal.
Parente afirmou que a Petrobras pode explorar a área contratada sem restrições de profundidade “desde que siga as regras estabelecidas pela ANP e pelo Conselho Nacional de Política Energética".
O ex-diretor-geral da ANP David Zylbersztajn, confirma que não há limites de profundidade para a exploração na área arrematada. "O bloco é a parte vertical naquela área delimitada, é como se ele tivesse um terreno".
"Essas coisas são segredos comerciais, mas a principal hipótese é que eles tenham feito alguns estudos no sentido que aquilo ali pode ser uma continuidade da formação geológica do pré-sal", afirma o especialistas.
Para o especialista, o lance bilionário reflete o tamanho da aposta da Petrobras no potencial da área arrematada.
"É um lance de quem acha que esse dinheiro volta, óbvio. Colocaram os R$ 2 bilhões em um bloco porque acham que vai dar retorno."
Partilha ou concessãoA exploração do pré-sal é feita sob o regime de partilha, enquanto os demais blocos de exploração de petróleo são feitos por meio de concessão. Na concessão, a empresa paga um bônus ao governo pré-definida no leilão e o restante que lucrar com a exploração de petróleo fica com ela. Vence o leilão quem oferecer o maior bônus.
Na partilha, a empresa precisa dividir o petróleo explorado com o governo. Vence o leilão quem oferecer uma parcela maior de óleo para dividir com a União. As áreas do pré-sal são concedidas pelo regime de partilha e nos primeiros leilões existia uma obrigação de que a Petrobras deveria ter ao menos 30% de participação nos consórcios que explorassem os blocos.
Para a nova rodada de licitações, a regra foi revista. Agora a Petrobras não é mais obrigada a participar das licitações do pré-sal. A estatal só entra se quiser na disputa e com qualquer participação acionária no consórcio.
O secretário de óleo e gás do Ministério de Minas e Energia, Marcio Felix, explicou que o grande interesse pelos setores da Bacia de Campos "na franja do pré-sal" indica que haverá um interesse maior para os blocos oferecidos no interior do polígono do pré-sal.
A 14ª rodada de licitações de blocos de exploração de óleo e gás, realizada nesta quarta-feira, tinha apenas blocos de exploração com bacias sedimentares fora do polígono do pré-sal.
As próximas rodadas, que serão realizadas em outubro, terão a venda de blocos de exploração do pré-sal. A ANP já habilitou 8 empresas para segundo leilão do pré-sal e 11 para o terceiro. Ambos serão realizados em 27 de outubro.
Parceria com a ExxonA Petrobras e a ExxonMobil detêm, cada uma, 50% do consórcio firmado para a aquisição dos blocos da Bacia de Campos. A brasileira, no entanto, foi estabelecida como a controladora do negócio.
Segundo Parente, a Petrobras não impôs como condição ser controladora deo negócio, mas isso foi acordada entre as duas empresas considerando, principalmente, a experiência da Petrobras na exploração dentro do território brasileiro.
“Não existe imposição quando se forma uma parceria”, apontou.
Parente enfatizou que “o regime mais comum em todo o mundo é o de parcerias”. Segundo ele, entre as vantagens de se formar um consórcio neste tipo de negócio estão a divisão de recursos do vultosos volumes financeiros que precisam ser investidos, além da divisão do risco da operação.
Para Adriano Pires, a grande notícia foi o investimento da ExxonMobil no Brasil. "Nesse leilão a grande estrela não foi a Petrobras, mas a volta da ExxonMobil, a maior empresa de petróleo do mundo, que até o dia de hoje não tinha praticamente nenhum investimento de exploração de petróleo no Brasil"
Para o especialista, a parceria "faz todo o sentido" e tende a se repetir nos próximos leilões da área de pré-sal previstos para outubro.
"Acho que o leilão de hoje foi um aperitivo e que o do pré-sal será muito mais competitivo. As outras grandes petroleiras, como Shell, Repsol e BP perceberam hoje que a ExxonMobil voltou ao Brasil de verdade e para ganharem áreas no pré-sal vão ter que ser mais ousados", avalia.
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