Economia
Artesanato alagoano se profissionaliza e soma 13 mil cadastrados
Setor forma uma cadeia produtiva estratégica em períodos de recessão econômica
Atividades nas quais a criatividade e o capital intelectual são a matéria-prima para a criação, produção e distribuição de bens e serviços. O conceito reflete sobre um dos segmentos econômicos que mais cresce no país: a economia criativa.
Caracterizada por modelos de negócio onde o processo de criação é tão importante quanto o produto final, o setor forma uma cadeia produtiva estratégica em períodos de recessão econômica, baseando-se no conhecimento capaz de produzir riqueza.
Como um dos principais pilares desse modelo econômico está o artesanato. Pelas mãos de artistas espalhados pelo Brasil, o ofício de transformar em arte a ampla variedade de tipologias de fibras, cerâmica, madeira e bordados vem passando por um importante momento de transição, onde deixa de ser visto como atividade de lazer e passa a ter um papel econômico, gerando empregos em todo o país.
De acordo com um último levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 8,5 milhões de pessoas trabalham com o artesanato no Brasil. Juntos, estes empreendedores movimentam mais de R$ 50 bilhões por ano.
Em Alagoas, temos atualmente 13.300 artesãos registrados no Sistema de Informações Cadastrais do Artesanato Brasileiro (Sicab) e 60% destes artesãos vivem somente da produção artesanal. O Sicab faz parte do Programa do Artesanato Brasileiro (PAB), um programa do Governo Federal que integra o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC)e que, em Alagoas, é coordenado pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e Turismo (Sedetur).
A experiência da artesã do município de Boca da Mata, Edineuza Teixeira, comprova estes dados. Com 50 anos de idade e artesã há 13, ela participa frequentemente das principais feiras e eventos do segmento, tendo na produção de peças em bordado sua única fonte de renda, Edineuza já realiza entregas em quase todo o Brasil.
Segundo a artesã, o sucesso é fruto da profissionalização e valorização do artesanato. “A forma como trabalhamos hoje em dia mudou muito. Antes, quando comecei, o artesanato era um passatempo, uma diversão. Agora, nós buscamos melhorar nosso trabalho, fazendo cursos e nos profissionalizando, o que faz aumentar, diretamente, o número de vendas”, explicou.
Preservar e Profissionalizar
Conciliado ao aumento da escala comercial alcançada pelo setor, a preservação da identidade e do saber ‘feito à mão’ é uma das preocupações do Governo de Alagoas no apoio ao segmento.
De acordo com a gerente de Design e Artesanato na Sedetur, Daniela Vasconcelos, a singularidade e o cuidado em manter a tradição no modo de fazer são fatores que garantem o bom momento da produção alagoana.
Entendemos que esse aumento na visibilidade e na comercialização pode ser atribuído, também, à qualidade dos produtos locais. O artesão alagoano trabalha a identidade em suas peças, utilizando referências de seu cotidiano, matérias-primas e técnicas que diferenciam e fazem com que a produção seja enxergada com originalidade”, ressaltou Daniela Vasconcelos.
No segmento artesanal, a Sedetur, com o apoio da primeira-dama do Estado, Renata Calheiros, desenvolveu o projeto Alagoas Feita à Mão, que tem como objetivo formular ações que promovam o artesanato de forma a contribuir para a geração de renda e melhoria da qualidade de vida do artesão. Dentre as ações realizadas estão a publicação de edital para seleção na participação nas feiras e eventos nacionais; divulgação do catálogo comercial do artesanato alagoano; mapeamento e identificação das oficinas dos artesãos, além da emissão e renovação da carteira do profissional.
Nesse sentido, um grande parceiro do Governo do Estado e do artesão nas últimas conquistas tem sido o Sebrae. Com uma metodologia voltada especificamente para o segmento, o órgão atua em Alagoas por meio do projeto Brasil Original, que, seguindo a base conceitual do PAB, busca profissionalizar os artesãos e aumentar a competitividade dos pequenos negócios por meio da melhoria na gestão.
“A partir do momento em que o artesão encara sua produção como fonte de renda, o Sebrae enxerga a necessidade de prepará-los melhor para o exigente mercado, atuando de maneira específica em cada caso, com capacitações e consultorias que irão orientá-los a ter produtos mais bem acabados, com apelo comercial e noções de vendas, atendimento, associativismo, controle financeiro, dentre outros, passando a ter o acompanhamento necessário para propagar a arte e a cultura de Alagoas”, afirmou a analista técnica do Sebrae, Marina Gatto.
Com três anos de atuação no Estado, o projeto Brasil Original integra hoje 10 associações, 10 microempreendedores individuais e 3 mestres artesãos - Irinéia, Vânia Oliveira e André da Marinheira.
Os profissionais interessados em emitir a carteira do artesão devem procurar a sede da Sedetur, localizada no bairro do Jaraguá. O documento garante a isenção do ICMS na emissão de notas fiscais avulsas e maior facilidade para aquisição de maquineta para vendas com cartão. Além disso, portando a carteira o artesão se torna apto a se inscrever em editais abertos pela Sedetur para levar seu trabalho para feiras de artesanato em todo o país. Já para participar dos cursos profissionalizantes é preciso procurar o Sebrae/AL, no bairro do Centro, em Maceió.
Regulamentação da profissão
Outra conquista comemorada pelos artesãos foi o projeto de lei 7.755/2010, que reconhece a profissão de artesão. O projeto estabelece diretrizes para as políticas públicas de fomento à profissão, instituindo a carteira profissional e autorizando o Poder Executivo a dar apoio profissional à categoria. A lei aguarda, agora, a publicação no Diário Oficial da União (DOU).
Para conferir o catálogo do artesanato de Alagoas basta fazer o download aqui.
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