Economia

Dólar tem terceira alta seguida e volta a R$ 3,15

Moeda encerrou em alta de 0,14%, cotada a R$ 3,1502, após governo elevar projeção de rombo de R$ 79 bi para R$ 129 bi em 2018

Por G1 07/04/2017 17h53
Dólar tem terceira alta seguida e volta a R$ 3,15
Reprodução - Foto: Assessoria
O dólar fechou em alta pelo 3º pregão seguido sexta-feira (7), anulando a queda vista mais cedo, após o governo anunciar uma meta de déficit primário para 2018 pior do que a esperada o mercad. O governo o admitiu que o rombo nas contas públicas em 2018 será maior que os R$ 79 bilhões previstos anteriormente e deve agora chegar a R$ 129 bilhões.

A moeda norte-americana encerrou em alta de 0,14%, cotada a R$ 3,1502, maior nível desde 14 de março, quando fechou a R$ 3,1693. Na máxima, a moeda marcou R$ 3,1592 e, na mínima, R$ 3,1153, segundo a Reuters.

Nos três últimos pregões, o dólar avançou 1,69% ante o real. E na semana, acumulou ganho de 0,61%. No ano, a moeda ainda acumula queda de 3%.

"A notícia é mais uma a mostrar a dificuldade do governo em avançar", resumiu à Reuters um profissional de uma corretora local lembrando dos percalços com a reforma da Previdência e a fraqueza da economia.

Cenário externo

Antes da divulgação da nova meta, o dólar já havia perdido força de queda ante o real com declarações do presidente do Federal Reserve de Nova York, William Dudley, de que o banco central dos Estados Unidos pode evitar no futuro subir as taxas de juros ao mesmo tempo em que começa o processo de redução de seu portfólio de títulos, o que provocaria apenas uma pequena pausa nos planos de elevação das taxas.

A trajetória de baixa da moeda até então vinha sendo sustentada pelo relatório do mercado de trabalho norte-americano, que ficou aquém do esperado. Mais juros na maior economia do planeta tende a atrair recursos aplicados em outras praças, como a brasileira.

Os Estados Unidos criaram 98 mil vagas de trabalho fora do setor agrícola em março, bem menos do que o esperado. Trata-se do menor número de vagas em 10 meses.

Após a divulgação do dado, os juros futuros norte-americanos passaram a indicar menores chances de uma alta de juros em junho, como também em setembro. O mercado também trabalhava atento ao noticiário geopolítico, depois que os EUA atacaram uma base aérea na Síria de onde autoridades norte-americanas afirmam que foi lançado um ataque com armas químicas nesta semana.

O ataque pode levar a um confronto com a Rússia, que já se posicionou contra, embora o presidente Donald Trump tenha recebido apoio de diversos dirigentes mundiais.

Cenário local

A cautela com a reforma da Previdência no Brasil seguiu como pano de fundo dos negócios.

"O mercado vai remoer a reforma até que o parecer do relator seja apresentado, depois da Páscoa. Sabe que o governo terá que fazer concessões, mas ainda está acreditando que a reforma passará, o que aliviava um pouco a pressão altista nos negócios hoje", explicou o diretor da consultoria de valores imobiliários Wagner Investimentos, José Faria Júnior.

O relator Arthur Maia (PPS-BA) apresentará seu parecer no próximo dia 18 de abril.

O Banco Central brasileiro não anunciou intervenção no mercado de câmbio para esta sessão, por enquanto. Em maio, vencem US$ 6,389 bilhões em swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares.