Economia
Após quedas, emprego formal cresce no País
No mês passado, contratações superaram as demissões em 35.612 vagas
O resultado foi comemorado pelo governo. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (16) pelo presidente Michel Temer e pelo ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, no Palácio no Planalto - nos últimos meses, a divulgação vinha sendo feita pelo ministério apenas via nota em sua página na internet.
Temer disse disse que os dados do emprego são "boas novas" e um sinal da retomada do crescimento da economia brasileira. Segundo o presidente, esses sinais são "a cada dia, mais claros."
“Na verdade, um começo. Mas isso [criação de vagas] é depois de 22 meses de números negativos. É praticamente a primeira vez que temos um número positivo no tocante à abertura de empregos”, disse Temer. Em 2016, a economia brasileira encolheu 3,6%, segundo ano seguido de queda.
Ele ressaltou que outras medidas, como a queda dos juros e a injeção na economia de bilhões de reais com a liberação de saque de contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), vão contribuir para a reativação da economia.
Os números do emprego divulgado nesta quinta têm como base o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). A criação das 35.612 vagas de emprego é resultado de 1.250.831 admissões e de 1.215.219 demissões em fevereiro. No acumulado do primeiro bimestre de 2017, porém, o país registra fechamento de 5.475 postos de trabalho.
Antes de fevereiro, o último mês em que houve mais contratações do que demissões março de 2015, quando foram criados 19,2 mil postos de trabalho. De lá pra cá, o desemprego só cresceu no Brasil e atingiu 12,9 milhões de pessoas em janeiro de 2017, o maior valor da série histórica do IBGE.
A geração de empregos com carteira assinada em fevereiro também representou o melhor resultado, para este mês, desde 2014, quando as contratações superaram as demisões em 260.823 vagas. Ou seja, foi o melhor mês de fevereiro em três anos.
Em 2016, o país fechou 1,32 milhão de vagas formais. Apesar de o número ainda ser alto, houve uma pequena melhora em relação ao ano de 2015, quando 1,54 milhão de brasileiros perderam o emprego com carteira assinada.
O ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, disse que a geração de emprego em fevereiro mostra que as medidas que o governo tomou começam a surtir efeitos. Segundo o ministro, os dados do mês passado não foram impactados ainda pela liberação do FGTS, que terá um efeito positivo principalmente no comércio varejista.
"Os números só não foram melhores porque o setor do comércio ainda em fevereiro ficou negativo. Acreditamos que a partir de março os números do comércio virão positivos e, como consequência, os demais setores serão beneficiados", disse.
"Estamos otimistas e acreditamos que, assim como fevereiro foi positivo, março será positivo e abril será positivo. Quem está apostando que o Brasi não vai dar certo vai errar. O Brasil vai dar certo”, disse.
Setor de serviços criou mais vagasO setor de serviços foi o que mais gerou empregos formais em fevereiro: 50.613. O setor não criava postos de trabalho desde agosto de 2016, quando abriu 2.319 vagas. Antes disso, o setor vinha acumulando resultados negativos desde setembro de 2015.
A administração pública foi o segundo setor em criação de vagas (8.280). A agropecuária criou 6.201 postos de trabalho no mês passado.
A indústria de transformação também contratou mais do que demitiu no mês passado e criou 3.949 vagas de emprego formal.
O comércio, porém, monteve as demissões e, no mês passado, fechou 21.194 vagas. A construção civil também cortou postos de trabalho formais: 12.857.
Dentro do setor de serviços, divulgou o Ministério do Trabalho, Ensino foi a área que mais criou vagas (35.484). Na agropecuária, o resultado positivo foi puxado pelo cultivo de soja, com um saldo de 2.949 postos de trabalho com carteira assinada, seguido pelo cultivo de frutas de lavoura permanente (exceto laranja e uva), que criou 2.528 vagas.
Na indústria, o setor de calçados gerou 8.824 postos. O têxtil, abriu 6.247 e, o de borracha, criou 4.957 postos. O setor de produção de alimentos, porém, fechou 15.799 postos de trabalho.
Na construção civil, que também segue em trajetória de corte de postos de trabalho, a área de construção de edifícios foi responsável por 6.086 vagas.
Segundo Mario Magalhães, coordenador geral de estatísticas do Ministério do Trabalho, o ritmo de queda do emprego na construção civil diminuiu. O setor, disse ele, é complexo demora mais para se recuperar.
"O importante é que o saldo foi mais negativo em fevereiro do ano passado. Ao longo do segundo semestre de 2016, o saldo negativo da construção foi negativo, mas menos negativo do que em 2015", disse.
Ele afirmou que os saques das contas inativa do FGTS devem impulsionar o setor nos próximos meses.
"A população se sentirá capaz de, por exemplo, fazer uma reforma", disse. Segundo Magalhães, os resultados dos saques do FGTS devem começar a aparecer em março.
Números regionaisSegundo o Ministério do Trabalho, houve o registro de abertura de vagas em três das cinco regiões do país em fevereiro.
A região Sul liderou as contratações no mês passado, com 35.422 postos formais. Já nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, foram criadas 24.188 e 15.740 vagas, respectivamente.
A região Nordeste, porém, fechou 37.008 postos em fevereiro. Já as demissões na região Norte somaram 2.730.
No acumulado do primeiro bimestre deste ano, segundo dados oficiais, porém, foram fechadas mais vagas do que abertas. Neste período, as demissões superaram as contratações em 5.475 empregos com carteira assinada.
Mesmo assim, houve melhora frente ao mesmo período do ano passado e do ano retrasado, quando foram demitidos, respectivamente, 204,9 mil e 80,7 mil trabalhadores.
Os dados de janeiro, nesta comparação, foram corrigidos para englobar declarações fora do prazo, mas os números de fevereiro foram comprados sem esse ajuste.
DivulgaçãoO ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, foi questionado sobre o fato do governo organizar uma cerimônia com a presença de Temer para divulgar os dados do Caged de fevereiro. O ministro afirmou que “não era possível comemorar resultados negativos” e que, daqui para a frente, haveria mais transparência nas divulgações.
A cerimônia ocorre na semana em que foi divulgado que ministros do governo Temer foram alvo de pedido de abertura de inquérito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, com base nas delações de 77 ex e atuais executivos da Odebrecht.
Nesta semana, também, houve protestos em todas as capitais e no DF contra a proposta de reforma da Previdência do governo Temer.
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