Economia
Bilionários do País têm riqueza maior que 100 milhões de brasileiros
Relatório da Oxfam Brasil indica que fortuna do grupo supera os R$ 236 bilhões (US$ 73,6 bi)
Um seleto grupo dos seis homens mais ricos do Brasil possui uma fortuna maior que a soma da riqueza de 100 milhões de brasileiros juntos. É o que indica um levantamento da ONG Oxfam Brasil com base em dados da revista Forbes e do banco Credit Suisse (veja a lista com as fortunas de cada um abaixo).
Juntos, Jorge Paulo Lemann (Ambev, Burger King e Heinz), Joseph Safra (banco Safra), Marcel Herrmann Telles (Ambev, Burger King e Heinz), Carlos Alberto Sicupira (Ambev, Burger King e Heinz), João Roberto Marinho (Grupo Globo) e José Roberto Marinho (Grupo Globo) possuem a bagatela de R$ 236,6 bilhões (US$ 73,6 bilhões).
Na sétima posição, entre os mais ricos do Brasil, aparece ainda Roberto Irineu Marinho (também herdeiro do Grupo Globo), com uma fortuna estimada de US$ 4,3 bilhões (R$ 13,82 bilhões) — mesma riqueza de cada um dos irmãos João Roberto e José Roberto. Se esse valor fosse adicionado, a disparidade com os 100 milhões de brasileiros mais pobres seria ainda maior.
A diretora-executiva da Oxfam no Brasil, Katia Maia, alerta que “a tendência é de uma maior concentração da riqueza” nos próximos anos. “No caso do Brasil, há números que mostram que melhorou a renda na década passada, mas essa melhora não foi suficiente para diminuir a desigualdade em valores absolutos”, diz.
O relatório aponta que, “no caso do Brasil, os salários reais dos 10% mais pobres da população aumentaram mais que os pagos aos 10% mais ricos entre 2001 e 2012, graças à adoção de políticas progressistas de reajustes do salário mínimo”. Porém, em números absolutos, a disparidade entre ricos e pobres segue aumentando. Katia aponta os motivos.
— As principais razões são a crise econômica, os impostos pagos por grandes empresas e super ricos, que são menores proporcionalmente, e falta de ganho real dos salários. Os ricos geram políticas que os beneficiam, e o poder econômico interfere muito nas decisões políticas.
Kátia explica que, “às vezes, uma guerra fiscal para a instalação de uma empresa, gera uma isenção de impostos essa empresa. Claro que vai gerar empregos, mas não receber nada em impostos... Tem ainda a sonegação fiscal. Existe uma estimativa de R$ 500 bilhões sonegados por ano”.
— É muito mais que o orçamento para saúde e educação.
A desigualdade social, medida por essa diferença de riquezas, “interfere diretamente nas condições de vida” dos mais pobres.
— Nesse mundo com tanta riqueza, uma em cada nove pessoas no mundo ainda dorme com fome. São 700 milhões de pessoas que convivem com menos de US$ 2 por dia (R$ 6,50), é uma situação dramática.
Pra Katia, o Brasil está no caminho certo para reduzir as disparidades, com as políticas de complemento de renda, por exemplo.
— O Brasil é um bom exemplo, com o aumento real do salário mínimo, e programas sociais de complementação de renda, cada vez mais comuns na América Latina, que fazem diferença. Porém a situação que temos é de aumento da desigualdade e, se nada for feito, o impacto na pobreza continuará a ser grande.
Veja a lista dos ricaços brasileiros, conforme a posição na lista da revista Forbes:
19º lugar: Jorge Paulo Lemann Riqueza: US$ 27,8 bilhões Principal fonte: bebidas
42º lugar: Joseph Safra Riqueza: US$ 17,2 bilhões Principal fonte: bancos
70º: Marcel Herrmann Telles Riqueza: US$ 13 bilhões Principal fonte: bebidas
87º: Carlos Alberto Sicupira Riqueza: US$ 11,3 bilhões Principal fonte: bebidas
353º: João Roberto Marinho Riqueza: US$ 4,3 bilhões Principal fonte: mídia
354º: José Roberto Marinho Riqueza: US$ 4,3 bilhões Principal fonte: mídia
355º: Roberto Irineu Marinho Riqueza: US$ 4,3 bilhões Principal fonte: mídia
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