Economia
Euro cai a menor valor frente ao dólar desde 2003 após decisão do Fed
Moeda europeia desvalorizou após a segunda alta dos juros nos EUA em mais de uma década
O euro caiu até atingir seu valor mínimo frente ao dólar em quase 14 anos nesta quinta-feira (15), dia seguinte à decisão do Federal Reserve (Fed) de elevar a taxa de juros e da possibilidade de mais altas em 2017.
No meio da tarde, o euro chegou a valer US$ 1,0398 em relação ao dólar, um piso ao qual não chegava desde janeiro de 2003. Na quarta-feira (14), às 20h (horário de Brasília), valia US$ 1,0533.
Frente ao real, o euro operava perto de R$ 3,51 na tarde desta quinta. Desde o começo do ano, a moeda europeia perde cerca de 18% frente à divisa brasileira, que também se valorizou em relação ao dólar.
Na véspera, o Banco Central norte-americano elevou a taxa de juros pela segunda vez desde 2008, apoiando-se nas boas perspectivas econômicas antes da chegada de Donald Trump à Casa Branca.
Também deu a entender que poderá repetir esse movimento num ritmo mais acelerado no ano que vem, para evitar o desaquecimento da economia e para manter a inflação em torno de sua meta de 3% anual.
"Os investidores que esperavam um fim de ano tranquilo foram surpreendidos com a firmeza da mensagem enviada pelo Fed. A alta dos juros era amplamente esperada, mas a agenda fixada para 2017 permite ao dólar alcançar seus maiores tetos em 14 anos", comentou o analista Lukman Otunuga, da FXTM.
Divergência de políticas
Diferentemente do Fed, o Banco Central Europeu (BCE) mantém sua política expansiva de compra de ativos, após sua última reunião de governadores de 8 de dezembro.
"A divergência de políticas do BCE e do Fed faz com que nos aproximemos dos níveis de paridade euro-dólar", destacou Michael Hewson, da CMC Markets, acrescentando que a instabilidade política na Europa e as preocupações sobre seu setor bancário podem afetar a moeda única europeia em 2017.
O euro já havia despencado após a contundente vitória, na Itália, em 4 de dezembro, do "não" à consulta popular sobre reforma política. O resultado levou, na semana passada, ao pedido de renúncia do primeiro-ministro Matteo Renzi.
Esse evento, cinco meses depois da vitória no referendo do Brexit, revelou a preocupação dos investidores com a estabilidade da Itália, terceira economia da zona euro, assim como com suas repercussões, em geral, para toda região.
Dólar forte
A dinâmica de alta do dólar, que se acentuou, após a eleição de Donald Trump, se iniciou em meados de 2014. Desde então, o dólar ganhou 25% frente ao euro.
A isso, acrescenta-se a decisão de ontem do Fed, que gerou outro "salto" da moeda norte-americana. Desde a vitória de Trump, em 8 de novembro, a dólar valorizou 5,5% em relação ao euro.
A força do dólar, também estimulada pelos programa de reativação anunciados pelo próximo presidente, tem como efeito que os produtos importados serão mais baratos, mas as exportações americanas ficarão mais caras e, consequentemente, menos competitivas.
No passado, a economia dos Estados Unidos resistiu bem aos períodos de dólar forte, em uma economia que ainda tem o consumo como seu principal motor. Essa nova alta do dólar pode ser mais delicada, sobretudo, se continuar em 2017, já que a economia dos Estados Unidos exporta cada vez mais, afirma o economista Joel Naroff.
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