Economia
Sindicato dos Bancários de AL diz que reestruturação do BB sobrará para clientes
Para sindicato, fechamento de três agências em Alagoas e aposentadoria incentivada também podem afetar funcionários
O Sindicato dos Bancários de Alagoas está preocupado com a reestruturação do Banco do Brasil (BB) anunciada pela instituição no domingo (20). A medida prevê a reorganização institucional, com o fechamento de três agências e a transformação de outras três em Postos de Atendimento Avançado (PAA) em Alagoas, e plano de incentivo à aposentadoria.
Para o Sindicato dos Bancários, com a diminuição do número de funcionários via aposentadoria incentivada, os correntistas serão prejudicados. Pois, eles serão remanejados para outras agências. Estas, por sua vez, ficarão “inchadas” e farão com que os clientes antigos e novos aguardem mais tempo nas filas para conseguir realizar algum serviço.
O sindicato acredita que a medida também trará prejuízos para funcionários, que terão uma maior carga de trabalho. Outro prejuízo apontado pelo sindicato é a realocação dos funcionários para outras agências. “Muitos moram próximo ao trabalho. E com a realocação, eles podem ir para alguma agência mais distante”, disse o diretor de comunicação do Sindicato dos Bancários, Juan González.
Ainda segundo o sindicato, muita gente também não tem acesso ainda a tecnologia para fazer algumas transações via internet. “A maioria dos aposentados precisa ir até os bancos porque não sabem usar as novas ferramentas”, frisou González.
O sindicato ressaltou que a intenção do BB é mostrar crescimento para os acionistas e o intuito maior vêm do presidente Temer que tem o desejo de privatizar a instituição.
A Superintendência do Banco do Brasil em Alagoas informou que 187 funcionários estão aptos a se aposentar através do Plano Extraordinário de Aposentadoria Incentivada no Estado. A data limite prevista para a adesão voluntária é 9 de dezembro deste ano.
AGÊNCIAS
As três agências que serão encerradas estão localizadas em Maceió, sendo elas a agência da Rua do Sol (Nº 4423), no Centro, a da Avenida Fernandes Lima (Nº 4983) e a do Jacintinho (Nº 5726). Já as três agências que serão transformadas em PAA estão em Mata Grande, Canapi e Piaçabuçu.
Segundo a Superintendência do BB no Estado, para o fechamento dessas agências foram levados em consideração o tamanho do banco, o fluxo de clientes, a localização e a proximidade com outras unidades que irão absorver os clientes, para que não haja problemas de adaptação.
Ainda de acordo com a Superintendência do BB, nenhum funcionário será demitido. Eles serão realocados para outras agências do banco.
ATUAÇÃO
O BB é detentor da maior rede bancária do estado, com 101 unidades de atendimento nas cidades alagoanas, sendo 63 agências e 38 postos de atendimento. Além disso, a rede conta com 283 correspondentes bancários, 555 caixas eletrônicos e 214 terminais da rede banco 24h.
Mesmo com as mudanças, o banco permanecerá com uma das maiores redes de atendimento de Alagoas, com 57 agências, 41 postos de atendimento e 1.067 funcionários que atuam na capital e no interior. A estratégia da empresa é ampliar o atendimento por canais digitais.
ECONOMIA DE R$ 3 BI
As medidas preservam as agências do BB nos municípios em que já atua e vão resultar em uma redução anual de R$ 750 milhões em despesas. A reestruturação de agências e o plano de aposentadoria incentivada podem gerar uma economia anual de R$ 3,798 bilhões, caso os 18 mil funcionários habilitados em todo o País optem por deixar o banco em troca de benefícios.
O encerramento das agências está previsto para começar em 14 de janeiro e ser finalizado no final de fevereiro.
O BB disse que os clientes serão informados das mudanças através de canais diversificados, como o site do banco, SMS, aplicativo para celular, terminais de autoatendimento, além de correspondências e cartazes nas agências.
A mudança de agência é automática. Os clientes não precisam fazer qualquer procedimento adicional e podem manter seus cartões e senhas para transações na nova agência, mesmo que haja alteração no número da conta.
MEDIDA NO PAÍS
No Brasil, 402 agências serão fechadas, 379 serão transformadas em PAA e 31 superintendências em diversos municípios serão encerradas em 2017.
Banco do Brasil gasta ao menos R$ 3 bi a mais que concorrentes
Atualmente, o BB gasta com folha de pagamento aos funcionários pelo menos R$ 3 bilhões a mais que os seus concorrentes diretos. No primeiro semestre deste ano, a instituição financeira desembolsou R$ 9,3 bilhões para cobrir a remuneração dos empregados.
Nesse mesmo período os salários dos funcionários, somados aos encargos e benefícios, custaram ao Bradesco R$ 6,5 bilhões, e ao Itaú Unibanco, R$ 5,8 bilhões.
Internamente, fala-se que a medida de enxugamento da folha ocorre para aumenta a lucratividade da instituição e torná-la mais competitiva com outros bancos, como Itaú Unibanco e Bradesco. Em 2015, o lucro do BB foi de R$ 14,4 bilhões contra R$ 23,36 bilhões do Itaú Unibanco e R$ 17,18 bilhões do Bradesco.
Apesar dos custos elevados, a instituição financeira afirmou que as mudanças em sua estrutura não preveem demissão de funcionários.
Há rumores dentro do banco de que um programa de demissão voluntária (PDV) ainda está por vir. Terá como objetivo reduzir o quadro de empregados em 18 mil pessoas.
Outra opção que deverá ser adotada pela estatal para reduzir os gastos com a folha de 109,6 mil funcionários, é não preencher vagas daqueles que se aposentarem nos próximos anos.
A primeira mudança feita pela gestão de Paulo Rogério Caffarelli foi nas diretorias. Das 27 existentes, duas foram extintas: a de Crédito Imobiliário (Dimob) e a de Relações com Funcionários e Entidades Patrocinadas (Diref), que ficará com a recém-criada diretoria de Governança de Entidades Ligadas.
Perderam os cargos 10 diretores e outros cinco mudaram de área. A Diretoria de Estratégia da Marca foi dividida em Estratégia e Organização e Marketing e Comunicação. Mesmo com a extinção da Dimob, o banco garante que manterá os financiamentos de imóveis por meio do programa Minha Casa Minha Vida.
O BB é hoje o segundo no mercado de crédito imobiliário, com 8,63% do mercado, perdendo apenas para a Caixa Econômica Federal, isolada em primeiro lugar, com fatia de 51,72%. Mesmo com a diferença grande, o BB tem uma carteira respeitável, de R$ 53 bilhões em empréstimos. As novas mudanças estão previstas para iniciar em janeiro de 2017.
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