Celebrado em 15 de outubro, o Dia Internacional das Mulheres Rurais foi instituído pela ONU em 1995 para reconhecer a contribuição essencial da mulher do campo à segurança alimentar, à economia e ao desenvolvimento sustentável. Em Alagoas, essa data ganha destaque especial: o protagonismo feminino tem se consolidado como motor de transformação nas cooperativas e nos empreendimentos da agricultura familiar.

Segundo dados do Observatório Alagoano do Cooperativismo e da Economia Solidária (Observacoop), coordenado pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Sedics), as mulheres representam quase metade das pessoas vinculadas a empreendimentos rurais e solidários em Alagoas. São 4.671 cooperadas, o que corresponde a 46,4% do total de agricultores organizados no estado.

A força feminina está distribuída por diferentes territórios, com destaque para o Agreste, que concentra 1.870 agricultoras (38,7% do total). Logo em seguida, aparece o território Serrana dos Quilombos, com 974 mulheres (20,8%), reforçando a presença significativa das mulheres em áreas estratégicas da produção agrícola.

Mais do que números, esses dados revelam histórias de dedicação, liderança e resistência. É o caso de Danielly Moraes da Silva, de 23 anos, secretária-geral da Cooperativa dos Agricultores Familiares e dos Empreendimentos Solidários (Copaíba).

“Por eu ser uma mulher atuando em um meio que, infelizmente, ainda carrega resquícios de um mundo machista, enfrentar esses desafios me fortaleceu e me fez acreditar ainda mais que o espaço da mulher é onde ela quiser, inclusive na liderança, na gestão e na transformação do campo”, frisa.

Danielly conta que sua trajetória na agricultura familiar transformou completamente sua vida. “Como mulher jovem, vinda de uma realidade urbana e hoje atuando como secretária-geral da Copaíba, vejo o quanto é transformador ocupar um espaço de liderança no meio rural. Cada conquista de uma mulher é uma vitória coletiva, que inspira outras a acreditarem que também podem estar à frente, tomar decisões e sonhar grande. Quando a mulher rural é valorizada, o campo se torna mais justo, humano e cheio de esperança, e é essa visão que quero continuar fortalecendo junto à cooperativa”.

A secretária do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Alice Beltrão, destaca que o protagonismo feminino no campo deve ser celebrado e fortalecido. “As mulheres rurais de Alagoas carregam em suas mãos a força que move a nossa agricultura familiar e inspiram novas gerações. Reconhecer e valorizar esse papel é essencial para construirmos um estado mais justo, sustentável e solidário”.

O secretário executivo do Cooperativismo, Associativismo e Economia Solidária, Benedito Júnior, reforça a importância da presença feminina nos empreendimentos cooperativos.

“Os dados do Observatório demonstram a força das mulheres no campo. Elas estão presentes em praticamente todas as etapas do processo produtivo, ocupando cada vez mais espaços de decisão nas cooperativas. Esse protagonismo feminino é essencial para o desenvolvimento sustentável e solidário de Alagoas”, ressalta.

A presença das mulheres no cooperativismo rural não é apenas uma estatística, mas um pilar para o desenvolvimento do estado. São elas que, com trabalho, visão de futuro e capacidade de liderança, ampliam oportunidades e transformam comunidades, reafirmando diariamente a importância da equidade de gênero no campo.