Ciência e Tecnologia
Mais de 1800 km separam duas praias que estão sendo devastadas pelo mar
Atafona,no Rio de Janeiro, e Pontal do Peba, em Alagoas

A praia de Atafona, em São João da Barra, Rio de Janeiro, está sendo engolida pelo mar. Há pelo menos sete décadas, Atafona perde cinco metros por ano de terreno para o fundo do mar. Erosão costeira avança há décadas e moradores relatam perdas e mudanças drásticas na paisagem. Já no Pontal do Peba, na foz do Rio São Francisco, em Alagoas, a erosão costeira está devastando a praia desde a década de 80. E 1843 km separam as duas cidades
Atafona é onde mar está literalmente engolindo a cidade, e o cenário é de guerra entre o mar e a terra. Em Atafona, distrito de São João da Barra, no Rio de Janeiro, a batalha é diária. A erosão costeira já destruiu mais de 60 ruas, 500 casas e transformou um dos balneários mais frequentados dos anos 70 em uma zona crítica de risco geológico. As imagens impressionam: casas desmoronadas, postes elétricos tombados, calçadas que terminam em penhascos e o som constante das ondas derrubando muros. E, segundo os especialistas, o pior ainda pode estar por vir.

A erosão extrema, que colocou o Pontal do Peba numa dramática situação ambiental, onde o mar avança mais de 4 metros por ano, aumentou com as mudanças climáticas, com o aumento do nível do mar e com as ressacas de marés meteorológicas, com registro de ondas de até 3 metros. Com o déficit de sedimentos, a praia não se reabastece e vai recuando frente ao avanço do mar. O cenário existente no Pontal do Peba está cheio de escombros, o mar continua avançando e deixando um rastro de destruição.
E mais uma vez o alerta é do engenheiro Marco Lyra, especialista em proteção costeira e recuperação de praias. Segundo ele, "é preciso ação para controlar o avanço do mar no Pontal do Peba, caso nada seja feito, a população, num futuro próximo, terá que ir embora, como ocorreu com os moradores do Povoado Cabeço".
Mas essa situação no balneário vem acontecendo há mais de três décadas, quando a foz do rio São Francisco começou a sofrer com o avanço do mar no local. Os barramentos ao longo do rio, antes navegável, contribuíram para redução do fluxo de areia que abastecem as praias no litoral.
"A redução do volume de água corrente do rio São Francisco, a intrusão de águas do Oceano Atlântico na sua calha é cada vez maior, e seus efeitos já ocorrem a dezenas de quilômetros da foz. Algumas cidades e pequenos povoados da região que captavam as águas do rio para o abastecimento de suas populações estão sofrendo com os altos níveis de salinização das águas", disse o engenheiro.
Atafona, que tem despertado atenção da mídia de boa parte do país, ao contrário do Pontal do Peba, ainda bastante distante da realidade em termos de preocupação da mídia, precisa, segundo o especialista, mudar uma triste realidade. ``Já está acontecendo no Pontal do Peba, e quanto mais tempo passar, a situação vai piorar. É preciso que os gestores olhem para esse drama das cidades à beira-mar urgente e tomem medidas para tentar, pelo menos, diminuir essa ação destruidora do avanço do mar", alerta o especialista.
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