Ciência e Tecnologia

Europol vai apurar ataques cibernéticos em Alagoas

Custo de invasão de três horas chega a R$ 30 mil e traz enormes prejuízos

Por Tribuna Independente 31/12/2024 09h05
Europol vai apurar ataques cibernéticos em Alagoas
Ângelo Rosa é presidente da Associação dos Provedores de Internet em Alagoas e diz que a população é a maior prejudicada com ataques - Foto: Edilson Omena

Ataques cibernéticos em larga escala têm causado transtornos para cerca de meio milhão de pessoas em Alagoas, prejudicando clientes de quase 80 provedores de internet. Esses ataques, conhecidos como DDoS (Distributed Denial of Service ou “Negação de Serviço Distribuído”), têm ocorrido de forma praticamente diária nos últimos três meses, com uma intensidade de 600 gigas direcionada a até oito empresas simultaneamente.

De acordo com Ângelo Rosa, presidente da Associação dos Provedores de Internet de Alagoas (Aspeal), o custo estimado de um ataque de três horas chega a R$ 30 mil, trazendo prejuízos significativos tanto para as empresas quanto para a população. “A principal prejudicada diretamente é a população, tendo em vista que a internet faz parte do cotidiano de cada um. Esses ataques têm atrapalhado o trabalho, os estudos e até mesmo o atendimento em hospitais, que dependem da internet para realizar exames e tratamentos médicos”, destacou durante entrevista ao TH no canal do Portal Tribuna no YouTube.

As empresas prejudicadas já registraram boletins de ocorrência e incentivam os clientes a fazerem o mesmo, inclusive pelo portal da Delegacia Virtual (https://delegaciavirtual.sines...), para reforçar a gravidade do problema junto às autoridades. “Quanto mais boletins de ocorrência forem registrados, maior será o impacto para as investigações”, explicou Rosa.

A Agência da União Europeia para a Cooperação Policial (Europol) foi acionada para investigar o caso, uma vez que os ataques têm origem em outros países, tornando o crime de responsabilidade federal. “Estamos juntando todos os dados, como IPs e registros dos ataques, para encaminhar à Polícia Civil e à Polícia Federal. O envolvimento de outros países reforça a necessidade de colaboração internacional”, afirmou.

Segundo Rosa, os ataques não apenas afetam a conexão dos clientes, mas também geram desafios técnicos e operacionais para as empresas. “Quem está por trás desses ataques tem um poder financeiro significativo. Desconhecemos empresas locais com capacidade financeira para investir em um ataque dessa magnitude”, frisou. Ele também destacou que as empresas têm sido transparentes com os clientes, informando sobre os impactos e buscando soluções para minimizar os danos.

Um ataque DDoS consiste em sobrecarregar um servidor, rede ou site com um grande volume de tráfego malicioso, tornando-o inacessível. Embora seja um tipo de ataque comum, a escala e a intensidade observadas em Maceió são incomuns. “Contratar um serviço desses não é barato. Isso mostra que quem está por trás tem um grande interesse em prejudicar as empresas locais”, explicou Rosa.

Rosa reforçou a importância da colaboração dos clientes. “Registrar boletins de ocorrência é uma forma de contribuir para as investigações e pressionar por soluções. A situação é grave e afeta diretamente a qualidade de vida da população, o funcionamento das empresas e até mesmo a área da saúde”, concluiu.

As investigações continuam, e as autoridades esperam identificar e responsabilizar os envolvidos nos ataques que têm causado tantos prejuízos ao estado de Alagoas.