Cidades
Declaração em treinamento da SSP gera reação da imprensa, e Governo de Alagoas divulga nota de repúdio
A repercussão de uma declaração feita durante um treinamento da Secretaria de Segurança Pública (SSP) de Alagoas provocou indignação entre profissionais da imprensa e motivou a publicação de notas de repúdio. Durante o evento — que tratava do tema “operações psicológicas” — um palestrante teria citado veículos alagoanos, incluindo a Mídia Caeté, de forma ofensiva, associando o trabalho jornalístico à propagação de conteúdos ligados ao crime organizado e desinformação.
O vídeo do momento circulou nas redes sociais e gerou reação imediata de jornalistas e veículos locais, que classificaram a fala como um ataque gratuito à imprensa e ao exercício da comunicação independente. Parte do conteúdo dizia respeito a críticas dirigidas ao jornalismo alagoano e à cobertura de temas sensíveis, como direitos humanos e segurança pública.
Diante da repercussão negativa, a Secretaria de Estado da Comunicação divulgou nota oficial lamentando o ocorrido e reforçando que a fala não representa, em nenhuma hipótese, a posição do Governo de Alagoas.
Segundo o comunicado, o governo mantém como diretrizes a defesa da liberdade de imprensa, a valorização do trabalho jornalístico e o diálogo permanente com os profissionais da área. A pasta também destacou avanços recentes, como a reativação do Conselho de Comunicação Social, a criação do Núcleo de Integridade da Informação e a equiparação salarial dos assessores de comunicação ao piso da categoria.
“A fala não representa — em nenhuma circunstância — a posição do Governo. Nossa política é clara: defesa da liberdade de imprensa, valorização da atividade jornalística e diálogo permanente com os profissionais de comunicação. Por isso, repudiamos o teor da declaração.”, diz a nota.
O governo acrescentou ainda que reconhece e agradece o trabalho de Mídia Caeté, Extra Alagoas e demais veículos de comunicação do estado, enfatizando que a atuação da imprensa é essencial para a democracia e para o acesso à informação de qualidade.
Em complemento, outra nota reforçou que não há, na SSP, qualquer prática de cerceamento da informação, destacando que a relação com a imprensa sempre foi pautada pela transparência e pela colaboração institucional.
Com a polêmica ainda em debate, veículos e profissionais da comunicação aguardam medidas internas sobre o episódio e a posição oficial da Secretaria de Segurança Pública quanto à atuação do palestrante.
Veja nota do Sindjornal
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Alagoas e a Federação Nacional dos Jornalistas repudiam com veemência a insinuação que buscou associar o trabalho da imprensa alagoana com a narcocultura. Reportagens da Mídia Caeté, do Extra, G1 foram irresponsavelmente citadas como
propagandas a favor do crime. O coronel da reserva do Exército, Márcio Saldanha Walker, em um evento promovido pela Secretaria de Segurança Pública de Alagoas, na última sexta-feira, classificou levianamente o trabalho de dezenas de profissionais do jornalismo como "ameaça" a instituição.
Walker ainda afirmou que seria necessário "chamar o repórter" para inquisição ou "explorar a vida" de jornalistas alagoanos, e que desistiu afirmando que a inteligência da SSP faria esse trabalho. Durante o curso, várias matérias, de diversos veículos alagoanos, foram citadas, como exemplos de ameaças ao trabalho policial e que essa pesquisa foi realizada em parceria com a SSP, a quem caberia identificar os profissionais.
Para o Sindjornal, a posição do consultor, configura grave ameaça ao estado democrático de direito, flerta com a volta da ditadura, que no Brasil teve participação ativa de integrantes do Exército, e onde a imprensa, para atender aos caprichos de ditadores chegou a publicar receitas de bolo em jornais, para não denunciar os excessos do Estado e nem ouvir os dois lados do fato, premissa primordial do bom jornalismo.
O Sindjornal também repudia a criação de dossiês, devassando a vida pessoal dos jornalistas que atuam em Alagoas. Um risco à vida desses profissionais e de seus familiares, que assim como as forças de segurança, precisam ser reconhecidos como aliados da sociedade, da democracia e da cidadania, uma vez que lutam para reduzir as distorções sociais.
SINDICATO DOS JORNALISTAS PROFISSIONAIS DE ALAGOAS
FEDERAÇÃO NACIONAL DOS JORNALISTAS - FENAJ
ALEXANDRE LINO - PRESIDENTE
Nota do Governo
A Secretaria de Estado da Comunicação lamenta a declaração feita por um palestrante em evento recente do Governo de Alagoas e reafirma seu compromisso histórico com a liberdade de imprensa e com o respeito absoluto ao trabalho jornalístico.
A fala não representa — em nenhuma circunstância — a posição do Governo. Nossa política é clara: defesa da liberdade de imprensa, valorização da atividade jornalística e diálogo permanente com os profissionais de comunicação. Por isso, repudiamos o teor da declaração.
Reconhecemos e agradecemos o trabalho sério da Mídia Caeté, do Extra Alagoas e de toda a imprensa alagoana, cujo papel é decisivo para garantir informação de qualidade e fortalecer a democracia.
Esta gestão reativou o Conselho de Comunicação Social, instalou o Núcleo de Integridade da Informação, reequiparou o salário do assessor de comunicação ao piso da categoria e consolidou uma relação madura, transparente e respeitosa com a imprensa. Comunicação profissional é pilar de instituições fortes e de uma sociedade melhor informada.
Nosso compromisso permanece firme e inalterado.
Nesse mesmo sentido, deixamos claro que nunca houve, na SSP, qualquer tipo de cerceamento da informação ou ação que pudesse, de alguma forma, dificultar ou impedir o trabalho da imprensa. Pelo contrário — sempre atuamos com transparência, parceria e total respeito ao papel fundamental dos veículos de comunicação no fortalecimento da segurança pública e no serviço à sociedade.
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