Cidades
Vítimas revivem terror durante novo julgamento do “serial killer de Maceió”
Sessão é marcada por forte comoção e relatos de sobreviventes; réu confessou o crime, mas preferiu permanecer em silêncio diante dos jurados.
Lágrimas, dor e lembranças difíceis marcaram o início do julgamento de Albino Santos de Lima, conhecido como o “serial killer de Maceió”, nesta quinta-feira (31), no Fórum do Barro Duro, na capital alagoana. O réu é acusado de matar Tamara Vanessa da Silva e de tentar assassinar outras duas pessoas durante um ataque ocorrido em junho de 2024, no bairro Vergel do Lago. O júri popular é presidido pelo juiz Yulli Rotter.
O primeiro depoimento foi do esposo de Tamara, José Gustavo, que também ficou ferido no atentado. Visivelmente abalado, ele precisou de atendimento médico durante a sessão, após passar mal ao relembrar os momentos de terror vividos ao lado da esposa.
Entre lágrimas, Gustavo contou que desde o crime luta contra a depressão e ainda carrega balas alojadas no corpo, cujas cicatrizes mostrou aos jurados.
“A gente só queria chegar à casa da mãe de santo Leidjane para ajudar no preparo de um evento. Por causa da chuva, paramos um pouco antes. Foi quando, de repente, começaram os tiros...”, relatou.
De acordo com ele, Tamara foi atingida por quatro disparos, ele levou três, e Leidjane, a primeira a ser baleada, foi atingida na cabeça. Mesmo ferido, Gustavo conseguiu correr até a casa da mãe de santo e pedir socorro, enquanto moradores tentavam ajudar as vítimas.
“Perdi a visão e a memória. Hoje, ainda luto para sobreviver”, diz sobrevivente
A segunda testemunha a depor foi Leidjane, conhecida na comunidade por seu trabalho como mãe de santo. Chorando muito, ela confirmou a versão de Gustavo e disse não entender o motivo do ataque.
“Muita gente pensou que tinha relação com o candomblé, mas depois vimos que não. Foi algo sem explicação. Nós só estávamos juntos, e de repente fomos alvos”, contou, com voz embargada.
Ela relatou que passou nove dias internada, chegou a perder a visão e a memória por cinco dias, e ainda sofre consequências psicológicas. A bala atravessou sua cabeça e, desde então, Leidjane enfrenta dificuldades para trabalhar e sustentar os filhos.
O clima no plenário ficou carregado de emoção durante os depoimentos, que arrancaram lágrimas de parte do público presente.
Réu admite crime, mas prefere silêncio
Após os testemunhos, Albino Santos de Lima foi convidado a se manifestar. O réu, que já foi condenado quatro vezes por homicídios cometidos na mesma região, reconheceu ter consciência do processo, mas optou por não responder às perguntas.
“Tenho ciência do que estou sendo julgado. Confesso o acontecido, mas quero permanecer em silêncio”, afirmou.
Esse é o quinto júri popular enfrentado por Albino, apontado como autor de uma série de assassinatos no Vergel do Lago.
O caso
De acordo com o Ministério Público de Alagoas (MPAL), representado pelo promotor Antônio Vilas Boas, o réu agiu sem qualquer justificativa, movido por motivo torpe e utilizando meios que impossibilitaram a defesa das vítimas.
Durante as investigações, Albino tentou alegar que as pessoas atacadas teriam ligação com o crime organizado, mas a apuração confirmou que Tamara e as sobreviventes eram inocentes, desmontando completamente sua versão.
O julgamento segue ao longo do dia com a apresentação dos argumentos da acusação e da defesa. A sentença deve ser anunciada até o fim desta sexta-feira (1º).
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