O julgamento de Albino Santos de Lima, conhecido como o serial killer de Maceió, alcançou uma nova fase nesta quinta-feira (4), com o réu sendo condenado a 14 anos e sete meses de reclusão, inicialmente em regime fechado, pelo ataque a tiros contra o barbeiro Alan Vitor dos Santos Soares, 21 anos, ocorrido em 12 de junho de 2024, no bairro Vergel do Lago, em Maceió. Além da pena de reclusão, o réu também foi condenado ao pagamento de uma indenização de R$ 50 mil à vítima.

O caso que trouxe à tona mais um capítulo da história de violência de Albino Santos, foi marcado pelo depoimento emocionado de Alan Vitor, sobrevivente da tentativa de homicídio. O barbeiro revelou as sequelas permanentes que carrega após o ataque, como a bolsa de colostomia que precisa usar desde o incidente, e as cicatrizes de um tiro na cabeça e outras marcas nas costas. A vítima, que ficou 30 dias em coma e hoje lida com as consequências físicas e emocionais do atentado, ainda tem receio de que a bolsa de colostomia seja uma condição permanente em sua vida.

Durante seu depoimento, o jovem não escondeu a emoção ao mostrar as marcas do ataque e afirmou que o desejo dele no tribunal era ver Albino encarando suas cicatrizes. "Quero ver ele olhar para a minha cara, porque de todos que ele matou, ele verá que eu fiquei vivo", pontuou Alan.

O ataque ocorreu no bairro Vergel do Lago, quando Albino perseguiu Alan e disparou quatro tiros contra ele — um na nuca, dois no pulmão e outro de raspão na orelha. O jovem sobreviveu, porém ficou com sequelas irreversíveis, e até hoje lida com as consequências físicas e psicológicas do ocorrido.

MUDANÇA DE VERSÃO E DEFESA DE ALBINO

O julgamento trouxe um novo elemento com a mudança de versão por parte de Albino Santos de Lima, que, inicialmente, havia confessado o crime em delegacia e em audiência de instrução, no entanto, durante o tribunal negou a autoria do ataque deixando até o seu único advogado de defesa, Geoberto Luna, surpreso com a mudança no depoimento.

“Ele disse que estava nervoso e queria se livrar do processo, e que por isso confessou antes. Agora ele nega a autoria do crime, e como defensor, tenho que defender a negativa de autoria”, explicou Luna.

Em seu depoimento, Albino também negou ser o autor do assassinato de Emerson Wagner, outra das vítimas atribuídas a ele, e afirmou que as fotos de Alan em seu celular poderiam ter sido baixadas automaticamente de algum grupo nas redes sociais.

Albino já acumula uma série de condenações, com mais de 85 anos de reclusão, devido à sua participação em uma sequência de homicídios e tentativas de assassinato entre 2019 e 2024. Ele é acusado de pelo menos 18 homicídios e seis tentativas de assassinato, sendo responsabilizado por crimes tanto na parte baixa quanto na parte alta de Maceió.

Com a nova sentença, Albino segue sua trajetória judicial, enquanto a vítima. A decisão de hoje representa mais um passo no processo de responsabilização do serial killer, que continuará a enfrentar o peso de suas ações nos tribunais.

Conforme o promotor Antônio Vilas Boas, o réu é apontado como responsável por diversos homicídios, sempre com o mesmo padrão de execução, escolhendo vítimas jovens, com perfis semelhantes, e acompanhando suas rotinas pelas redes sociais. “Apesar do réu negar a autoria do crime, o Ministério Público possui provas robustas da sua participação para convencer os jurados e levá-lo a uma condenação. Portanto, esse será mais um passo fundamental para garantir justiça às vítimas e reafirmar o compromisso institucional do Ministério Público com a defesa da vida e da ordem pública”, disse.

Após a sentença, o processo de Albino Santos de Lima segue para outras fases judiciais, com a defesa podendo recorrer da condenação. O serial killer de Maceió enfrentará novas acusações, e as autoridades continuam investigando outros crimes atribuídos a ele.