Cidades

Albino Santos é julgado pela tentativa de homicídio de Alan Vitor, vítima sobrevivente de ataque brutal

Barbeiro relatou o momento que foi baleado e perseguido por Albino, que já é responsável por 18 homicídios

Por Lucas França com Tribuna Hoje 04/09/2025 11h14 - Atualizado em 04/09/2025 14h10
Albino Santos é julgado pela tentativa de homicídio de Alan Vitor, vítima sobrevivente de ataque brutal
Vítima relata que ficou em coma e tem bala alojada no corpo - Foto: MP/AL

O julgamento de Albino Santos de Lima, acusado de uma série de homicídios e tentativas de assassinato, entrou em uma nova fase nesta quinta-feira (4), desta vez, ele está sendo julgado pela tentativa de homicídio contra o barbeiro Alan Vitor dos Santos Soares, 21 anos. O ataque, ocorrido em 12 de junho de 2024, no bairro Vergel do Lago, deixou a vítima gravemente ferida e, até hoje, ele lida com as sequelas do atentado. O serial killer de Maceió já confessou 18 crimes e já acumula penas que ultrapassam 85 anos de reclusão, fora outras tentativas de homicídio, conforme aponta a polícia.

No júri popular desta quarta, realizado na 7ª Vara da Capital e presidido pelo juiz Yulli Roter, Alan compartilhou com os jurados os momentos de terror vividos naquele dia. O jovem relatou que foi seguido por Albino e, ao tentar escapar, foi baleado na cabeça. Mesmo caído e inconsciente, Alan foi atingido com mais três disparos. A vítima ficou em coma por um mês, passou mais de dois meses internado e carrega uma bala alojada no corpo. Além disso, ele enfrenta crises de epilepsia, depende de medicação contínua e, devido aos ferimentos, perdeu a função de um dos dedos da mão, o que prejudica seu trabalho como barbeiro.

“Eu estava indo para casa, sem saber que estava sendo seguido. Quando vi o Albino, já era tarde demais. Ele me atingiu na cabeça, e depois, caído, ainda foi mais brutal”, contou Alan no tribunal, com a voz embargada. Os ferimentos foram graves: tiro na nuca, dois no pulmão e um raspando na orelha. Mas Alan sobreviveu.

A irmã de Alan, Laura Nicole, também emocionada, foi a primeira a testemunhar no julgamento. Ela ressaltou que o irmão sempre foi um homem de bem, sem envolvimento com crimes ou drogas, e não compreende a motivação do ataque. “Ele me fez bem, sempre foi um exemplo. A gente ainda não entende porque ele foi escolhido para ser uma das vítimas de Albino”, falou a irmã.

PERSEGUIÇÃO

Outras testemunhas confirmaram o comportamento estranho de Albino antes do ataque. Wesley Michael Alves dos Santos, amigo de infância de Alan, revelou que o serial killer já seguia a vítima nas redes sociais e que, no dia do crime, o assassino assistiu a uma live de Alan enquanto ele cortava cabelo. “Ele foi lá, me seguiu na rede social e depois veio atrás dele. Quando ouvi os disparos e saí de casa, vi o réu passando, todo de preto. Não o conhecia, mas sabia que algo estava muito errado.”

O amigo Diego Rafael Santos Pontes também declarou que, desde o ataque, a vida de Alan mudou radicalmente. “Ele ajudava sua família com o trabalho na barbearia. Agora, está em recuperação, e não foi fácil para ele ou para nós, amigos. Eu esperei muito tempo para olhar no rosto de Albino e testemunhar contra ele”, afirmou.

CONTRADIÇÃO

Sempre em contradição, o promotor perguntou se Albino está negando o crime contra Alan e em resposta ele diz: ‘’Não existe exame de balística’’. O promotor pergunta se foi o Arcanjo Miguel que mandou ele matar o barbeiro. Albino diz que não, porque não teve participação no processo. Questionado se mudou a tática já que não está mais alegando problemas mentais, o réu diz que não, pois não tem participação no crime. “Estava em casa com meus pais e irmãos no dia do crime e que não levou eles como testemunhas porque não foi orientado a isso’’, disse o serial killer.

O Promotor afirma que em nenhum julgamento o réu trouxe nenhuma testemunha de defesa. E Albino não responde sobre isso.

A advogada Júlia Nunes, assistente de acusação perguntou porque na delegacia ele admitiu o crime, disse que a arma travou e deu detalhes sobre o crime, inclusive aonde foram os disparos na vítima.

Albino disse que naquela noite não havia tomado seus medicamentos e nem dormido por causa de mosquitos. Ele diz que assumiu o crime porque estava cansado e queria sair da delegacia logo.
Mas, Nunes insistiu em saber como ele sabia onde eram os pontos exatos de onde a vítima foi atingida e do detalhe da arma. Albino disse que o delegado disse a ele os detalhes. Mas antes ele disse que antes não sabia nenhum detalhe. Ou seja, sempre em contradição.

Albino Santos nega tentativa de homicídio contra o barbeiro (Foto: MP/AL)

O advogado Geoberto Luna, único representante da defesa de Albino Santos de Lima,  também afirma ter sido  "pego de surpresa" após o acusado ter negado a autoria do atentado a tiros contra Alan Vitor.

 "Anteriormente, na delegacia e na audiência de instrução, o Albino havia confessado o crime e nesse tribunal do júri resolveu negar. Ele afirmou que não havia comprovação de que foi ele, e eu como advogado dele, tenho que defender essa teoria. Mas confesso que estou surpreso. Ele disse que estava nervoso e pressionado pelas condições pessoais e afirmou aquilo [que atirou] para se livrar do processo. Mas ele disse que nega a autoria e a minha obrigação como defensor é defender a negativa de autoria", explicou Luna.

O caso continua sendo julgado, e a busca por justiça segue para todas as vítimas de Albino Santos de Lima.

JULGAMEMNTO

Albino Santos de Lima, acusado de ser responsável por uma série de homicídios e tentativas de assassinato entre 2019 e 2024, já confessou diversos crimes e enfrenta o tribunal pela quarta vez. Em um julgamento anterior, ele foi condenado a 37 anos, um mês e 15 dias pela morte de Emerson Wagner da Silva, outro jovem barbeiro, amigo de Alan.