Cidades
Pastor denuncia invasão e roubo à Igreja Batista do Pinheiro
Para Wellington Santos, culpa da situação é da Braskem e Defesa Civil de Maceió, que querem interdição do templo

O pastor Wellington Santos usou as mídias sociais no começo dessa semana para denunciar o roubo de equipamentos da Igreja Batista do Pinheiro e a forma truculenta como a segurança privada, contratada pela Braskem, trata a comunidade, toda vez que uma pessoa se aproxima da área de risco isolada pela mineradora.
“Eu não vou mais obedecer esse tipo de lei injusta e imoral”, disse, referindo-se à interdição do templo. “O joelho da Braskem está no nosso pescoço. A nossa comunidade está sendo sufocada”, disse ele.
Para o religioso, a culpa é a Defesa Civil de Maceió que interditou o prédio da Igreja, mas mantém liberada as ruas do entorno para tráfego pesado de caçamba e carretas, além do trânsito normal dos carros e de pessoas pela região.
“Chega de violência contra a comunidade batista do Pinheiro”, postou ele, na sua página no Instagram. “Fomos assaltados mais uma vez nesta manhã [domingo, 22/6]. Para acessar nosso imóvel e território temos que pedir por ofício com 48 horas de antecedência autorização para entrar em nosso imóvel e ser ‘autorizados’ para fazer qualquer reparo”, relatou.
Até para fazer o levantamento do roubo, o pastor disse que teve dificuldade. Mas, por ele, os ventiladores que levaram é o de menos. “Nós queremos o nosso território de volta, a igreja reaberta para nossas atividades religiosas e sociais”, enfatizou.
Indignado com a demora da Justiça em atender o pedido da comunidade para ter acesso à Igreja, ele apelou mais uma vez às autoridades, para que esse impasse, que se arrasta desde dezembro de 2023, seja resolvido.
“Chega de sermos pautados pelos podres poderes. Seguiremos lutando pelo nosso território e por nossas memórias. Pinheiro Vivo e de Pé!”, escreveu.
VÍDEO
No vídeo que postou nas mídias sociais, Santos deixou claro que não irá se intimidar às ameaças da Braskem, ou da Defesa Civil Municipal, em querer enquadrá-lo, processá-lo ou prendê-lo, acusando-o de “desobediência civil”.
O desabafo do pastou ganhou repercussão e muitos internautas interagiram e comentaram a sua mensagem.
“Foi nessa igreja que admirei esse ser humano íntegro e com um olhar grandioso para o bem maior”, comentou Agnes Alencar, ex-moradora do Pinheiro. “A força e a luta de vocês nos inspiram. Vocês não estão sozinhos”, acrescentou a internauta Karine Burity.
Outras manifestações de solidariedade foram registradas, desejando “força na luta contra as injustiças” e enaltecendo as “palavras coerentes e realistas” do pastor.
Para o arquiteto Dilson Ferreira, professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), “a Defesa Civil de Maceió, em breve, terá de dar muita justificativa à sociedade, porque acreditamos na ciência, e a ciência está trabalhando pelas vítimas, pela sociedade, tenha certeza disso. A ciência, o conhecimento está de muito longe, muito longe daqui de Maceió (além-mar), se debruçando diuturnamente e detalhadamente sobre todos os dados da região, para mostrar toda a verdadeira realidade”.
Comunidade e religioso recebem solidariedade por resistência e luta
“Toda minha solidariedade, força e apoio irrestrito ao Pastor Wellington e toda comunidade Batista pela voz forte e resistente que luta pelo direito à vida e o direito continuar na luta”, escreveu o percussionista Wilson Santos.
“A Defesa Civil é financiada pela Braskem através de acordo de cooperação técnica homologado pelo MPF. Nenhuma transparência na divulgação de dados técnicos, nenhuma discussão séria com cientistas, geólogos e especialistas, com acesso e participação da população afetada. Por qualquer ângulo, é criminosa a forma como a Defesa Civil, Braskem e órgãos de Justiça conduzem esse processo”, acrescentou a internauta Gabi Borborema.
“Siga forte pastor, a Defesa Civil, a Prefeitura de Maceió e a Braskem não estão comprometidas com o povo. O prédio segue sendo da Igreja Batista do Pinheiro”, lembrou a internauta Luiza Coffler.
“Seguir nessa luta é sempre um desafio, mas é importante não deixar que essas empresas façam o que querem. Parabéns pela resistência, pastor”, acrescentou.
“Se for ocupar o espaço, pode contar comigo”. ofereceu-se Fernanda Valéria, ao comentar a postagem do pastor Wellington.
“A Braskem sempre implantou uma ‘bomba relógio, uma mina explosiva a céu aberto’ e nunca sofreu nenhuma medida judicial para a solução de tal! Precisamos, como comunidade, como espiritualistas nos unirmos contra esses mandatários vendidos e mostrarmos para eles que eles não detêm o controle de acesso a um ambiente comum a comunidade, que tem história e uma luta justa na causa social e espiritual”, completou Paula Cardeal.

As manifestações de solidariedade ao pastor Wellington se multiplicaram, ao longo da postagem do religioso, mostrando que ele não está só nessa luta e que a comunidade está disposta a ir às últimas consequências pela reabertura da Igreja Batista do Pinheiro.
OUTRO LADO
A Defesa Civil de Maceió informa que o imóvel está localizado na área 00 do Mapa de Linhas de Ações Prioritárias (versão 5), que indica necessidade de realocação. A segurança da região, que ainda não está isolada, é de responsabilidade da Segurança Pública do Estado.
O acesso ao local é realizado somente com autorização e acompanhamento da Defesa Civil, para garantir a integridade física dos envolvidos.
A reportagem da Tribuna Independente tentou ouvir a Braskem, por meio da assessoria de comunicação, mas até o fechamento desta matéria não houve retorno. No entanto, o espaço continua franqueado para a defesa e as explicações da mineradora.
Mais lidas
-
1Sem Alma existe?
Quem é o verdadeiro Sem Alma da série brasileira 'DNA do Crime'?
-
2Um dia que vira pesadelo
Final explicado do filme 'Até a Última Gota'; Janiyah morre?
-
3'Vale a Pena Ver de Novo'
Vilão intenso e revoltado! Como Alexandre morre em 'A Viagem'?
-
4Horários especiais
Veja o que abre e fecha no São João em Maceió
-
5O novo galã de 'Vale Tudo'
Quem é o ator que vive Leonardo, o filho secreto de Odete Roitman?