Cidades
Prédios históricos são derrubados em Bebedouro
Movimentos repudiam demolições de edificações como da Granja Conceição e da antiga Escola Rural Alberto Torres

Integrantes do Movimento Unificado em Defesa das Vítimas da Braskem (MUVB) e do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM) criticaram a derrubada de prédios históricos, com da Granja Conceição e da antiga Escola Rural Alberto Torres, localizados no bairro de Bebedouro, em Maceió.
Construídos a partir de 1943, o conjunto arquitetônico foi utilizado durante cerca de 80 anos por várias repartições públicas do Estado e do município, mas estava abandonado desde a tragédia do afundamento do solo provocado pela Braskem. A petroquímica disse que não foi ela quem mandou derrubar.
A prefeitura de Maceió, por meio da Defesa Civil Municipal, está sendo responsabilizada pela demolição. A assessoria do prefeito JHC (PL) foi procurada para explicar de quem partiu a ordem de derrubada, mas até o final da tarde não deu retorno.
VÍDEO
Um vídeo, postado nas redes sociais no final de semana, aparece um líder comunitário, que se identificou apenas como Adriano, agradecendo à prefeitura pela demolição dos prédios históricos. Segundo ele, as estruturas abandonadas representavam uma ameaça tanto para a população quanto para os motoristas que trafegam pelas imediações.
No vídeo, o líder comunitário, que seria um cabo eleitoral do vereador Chico Filho (PL), diz que o trabalho de demolição foi feito pela prefeitura de Maceió e a derrubada das edificações iria trazer mais segurança para os moradores da região.
Segundo um dos coordenadores do MUVB, o líder comunitário é ligado ao vereador Chico Filho e não participa dos movimentos de moradores vítimas da Braskem. “Não conheço, mas deve ser um oportunista, nunca vi em nossas lutas. Além disso, ele demonstra uma completa falta de sensibilidade quanto ao impacto devastador causado pela demolição desses prédios históricos”, acrescentou, referindo-se ao Adriano.
“Essa ação representou uma perda irreparável para o patrimônio cultural e artístico da nossa cidade, revelando o descaso com a preservação da nossa história e identidade”, destacou Maurício Sarmento, que é servidor público.
AGRESSÃO À CIDADE
Para o coordenador do MUVB, Cássio Araújo, a destruição dos prédios é mais uma agressão à cidade e seu patrimônio histórico.
“Desconsiderando toda a história da cidade, tendo em vista que a antiga Granja Conceição teve uma importância histórica relevante para Maceió, já que representou uma empresa modelo, um marco na atividade de agricultura sustentável. Então, derrubar esse prédio é negar a nossa história. Isso é lamentável, sendo feito pela Braskem e com a conivência da prefeitura, por conta do acordo de R$ 1,7 bilhão, quando a prefeitura transferiu para a mineradora os prédios públicos dentro da zona de risco”, disse ele.
Na opinião da bióloga Neirevane Nunes, representante do MAM em Alagoas, essa demolição não poderia ter acontecido. “Infelizmente, a Prefeitura de Maceió segue a prática da Braskem de violar o patrimônio histórico de Maceió”, afirmou Neirevane. “Não tinha necessidade de demolir era possível restaurar o prédio e servir pra própria comunidade”, completou.
Ela disse ainda que “não aceito esse apagamento da nossa história da nossa memória; isso é mais uma violência”. E acrescenta: “Eles alegaram que a demolição desses imóveis era para dar segurança a quem transita ali já que com a realocação dos órgãos que ali funcionavam os prédios ficaram abandonados. Isso é um absurdo; se estava abandonado, deveriam ser recuperados e não demolidos. Mas, infelizmente, quem deveria preservar, é quem manda demolir”.

Instituto do Patrimônio Histórico e Arquitetônico Nacional não foi consultado
A derrubada dos prédios históricos é considerada um desrespeito à história da cidade, não só por ecologistas e militantes das causas sociais, mas também por arquitetos e técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Arquitetônico Nacional (Iphan). De acordo com um dos técnicos do Iphan em Alagoas, o conjunto arquitetônico derrubado em Bebedouro não está inserido na área tombada pelo órgão no Estado.
O funcionário do Iphan disse ainda que não estava autorizado a falar sobre o assunto, mas questionou se a derrubada dos edifícios históricos não teria contrariado o acordo firmado com os órgãos de fiscalização e controle, a exemplo do Ministério Público Federal (MPF) e a Defensoria Pública da União (DPU).
Segundo ele, os acordos firmados entre a Braskem, a Prefeitura de Maceió, os Ministérios Públicos Federal e Estadual e a Defensoria Pública da União (DPU) estabeleceram, entre outras medidas, a realização de um mapeamento das edificações históricas localizadas nos cinco bairros impactados pelos crimes ambientais causados pela empresa.
Por isso, fica evidente o descumprimento dos termos previstos nos acordos firmados, já que, pelo que se observa no vídeo, as decisões sobre intervenções importantes, como a demolição de edificações históricas, parecem estar sendo influenciadas por um suposto líder comunitário, e não por um processo técnico ou institucional adequado.
Os edifícios da antiga Granja Conceição tiveram uso ativo em um passado recente, sendo ocupados, principalmente, pela Prefeitura Municipal de Maceió.
No local, funcionaram órgãos como a Secretaria Municipal da Criança e do Adolescente, a Superintendência Municipal de Energia e Iluminação Pública (Sima), a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentável (SEMDS) e o Regimento de Policiamento Montado (RPMon) da Polícia Militar de Alagoas.
Além disso, o antigo Grupo Escolar Rural Alberto Torres serviu como sede de uma das Regiões Administrativas do Conselho Tutelar de Maceió, desempenhando um papel significativo no atendimento às demandas sociais do município.
OUTRO LADO
A Braskem negou qualquer participação da derrubada das edificações históricas em Bebedouro e disse que os prédios citados não estavam inseridos no mapa de risco traçado pela Defesa Civil de Maceió.
“As construções não fazem parte do mapa e não foram demolidas pela Braskem”, afirmou a petroquímica, por meio da sua assessoria de comunicação em Maceió.
A Prefeitura de Maceió, também foi procurada, por meio da sua assessoria de comunicação, para se manifestar sobre o assunto, mas não deu retorno, até o fechamento da matéria.
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