Cidades
Explosão em prédio foi causada por confinamento indevido de botijão e vazamento de gás
Laudo foi divulgado nesta sexta-feira (6); três pessoas morreram e outras três ficaram feridas
Segundo a Polícia Científica de Alagoas, a explosão seguida de desabamento de prédio do Residencial Maceió I, no bairro Cidade Universitária, que deixou três mortos e três feridos, em novembro deste ano foi causado por confinamento indevido de botijão e vazamento de gás. O laudo foi apresentado nesta sexta-feira (6) durante uma coletiva de imprensa no auditório do Instituto de Criminalística (IC) de Maceió.
Devido a explosão, quatro edifícios foram danificados. Segundo o perito Gerard Deokaran, o acidente foi incomum e ocasionado por vazamento de gás de cozinha. A investigação apontou que o vazamento de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), mais conhecido como gás de cozinha, originado no apartamento 731 B, o epicentro da tragédia, foi causado pelo armazenamento incorreto dos botijões e o transbordo irregular de um botijão para outro.
“A gente constatou que foi uma explosão muito incomum causada por vazamento e confinamento de gás de cozinha. A gente pode dizer que foi um incidente difuso, onde teve uma explosão característica de uma bomba que foi arremessada. Um cenário parecido com cenário de guerra. A gente pode comparar com um avião de guerra ter jogado um explosivo e ter causado aquela destruição em um raio de aproximadamente 155 metros. Causou muitos danos na região e a gente conseguiu ver esses fenômenos atípicos. No início, suspeitamos de materiais explosivos, mas descartamos essa hipótese”, explicou o perito.
O trabalho da perícia durou 30 dias e foram necessários 16 exames complementares para a produção do laudo final. O laudo confirmou a hipótese dos peritos no local.
“Graças a essa equipe multidisciplinar, a gente conseguiu chegar a esse nível de resposta. Infelizmente, a pessoa que portava esses gás fazia uso indevido e acabou na morte dessas três pessoas”, relatou Gerard.
O perito criminal Marcelo Velez destacou o raio e a quantidade de destruição que foi constatada na perícia do local. Mais de 100 unidades habitacionais foram examinadas pelas equipes. Ele explicou que a existência de modificações irregulares no layout das unidades residenciais contribuiu para a propagação do evento explosivo.
“Lembramos que é proibida a realização de alterações sem inspeção e aprovação prévia de um engenheiro projetista responsável. Em decorrência dessas modificações estruturais das paredes do piso térreo, é possível que tenha acontecido uma fragilização da estrutura como um todo, aumentando o raio de destruição constatado no local”, explicou o perito Marcelo Velez, que ao lado dos peritos criminais Mariela Januário e Paulo Grepino, foi um dos responsáveis pelos exames no Laboratório de Química.
A perícia administrativa do Corpo de Bombeiros ficou sob a responsabilidade dos majores Holanda e J. Alves, que destacaram a importância de ações como esta, reforçando o compromisso do CBM/AL não só com o resgate e salvamento, mas também com a realização de pesquisas, estudos e análises para entender a dinâmica de acidentes e, assim, prevenir futuras tragédias.
"A partir dessa perícia, o Corpo de Bombeiros entrega um produto interno, que visa capacitar nossas guarnições para lidar de forma mais eficiente com possíveis eventos futuros semelhantes. Além disso, apresentamos à sociedade as causas identificadas, que resultaram em um evento tão desastroso como este", disse o Major Holanda durante a coletiva.
O major ainda explicou que a conclusão do laudo do CBM foi de um evento indeterminado, não pela inexistência de hipóteses comprovadas, mas, pelo contrário, pela coexistência de hipóteses válidas. “Uma hipótese é de um evento humano acidental, não intencional, que provavelmente tenha ocorrido, inicialmente, com fósforo, acendimento de um interruptor ou até um isqueiro. Esta é uma hipótese válida. A outra envolve algum fenômeno termoelétrico dentro da própria residência, no mesmo momento em que havia quantidade de gás suficiente para causar a deflagração", concluiu o militar.
Conclusão do inquérito
O delegado Sidney Tenório confirmou que a equipe irá analisar os laudos periciais para definir, junto com a delegada Cassia Mabel, o relatório final do inquérito. Ele explicou que, em função do falecimento do proprietário do apartamento onde aconteceu a explosão, o Direito Penal fala que pode haver a extinção da punibilidade.
“Dentro do inquérito policial ainda investigamos se existe outra pessoa que participou de alguma forma desse tipo de crime. Mas, com as falas de hoje dos peritos criminais e do Corpo de Bombeiros, a tendência é de o inquérito ser concluído com autoria, mas com extinção da punibilidade pela morte do autor.” Afirmou o delegado.
A EXPLOSÃO
Uma explosão destruiu um prédio, deixando três mortos e três feridos, na madrugada do dia 7 de novembro de 2024, no Conjunto Maceió 1, no bairro Cidade Universitária, parte alta Maceió. Outras edificações foram atingidas, mas não desabaram. A suspeita é a de que a explosão tenha sido causada por um botijão de cozinha de um apartamento do residencial.
O Conjunto Maceió 1 é composto de edifícios de dois pavimentos. A explosão destruiu quatro apartamentos, causando a morte de três pessoas. Entre os mortos está um menino de 10 anos e seu avô, de 57 anos, e outro homem, de 37 anos, que moravam no térreo. Três pessoas ficaram feridas, foram socorridas e encaminhadas ao Hospital Geral do Estado (HGE). Outros quatro apartamentos precisaram ser evacuados.
Equipes do Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas (CBM/AL), da Polícia Militar de Alagoas (PM/AL), da Serviço de Atendimento de Urgência (Samu), Instituto de Identificação (IC), Instituto Médico Legal (IML) e Defesa Civil de Maceió estiveram no local para os procedimentos cabíveis.
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