Cidades

Falta de um Plano Nacional contra a erosão costeira causa enorme prejuízo a economia do mar

Por Claudio Bulgarelli/Tribuna Hoje 06/04/2024 17h24
Falta de um Plano Nacional contra a erosão costeira causa enorme prejuízo a economia do mar
Conter a erosçao costeria é uma forma de ajudar a economia do mar - Foto: Cortesia/ Ocean Protctions

A importância de um plano nacional contra a erosão costeira, já que ela  está presente em quase toda a costa brasileira, é de fundamental  importância. A avaliação é do engenheiro Marco Lyra, especialista em
proteção costeira e recuperação de praias. Segundo ele, com a degradação do litoral, intensificada constantemente e sem data para parar, tanto pelo aquecimento global, como pela potência dos eventos extremos, seria forçoso que existisse um plano nacional contra a erosão costeira.

Para  isto serve o estado, ou, em outras palavras, direcionar recursos e  investimentos para melhorar a vida da população. Esse plano seria  fundamental para salvar a economia do mar, já que o Censo 2022 do IBGE mostra que, apesar de menor, o litoral abriga 54,8% da população, ou 111 milhões de pessoas.

Segundo o engenheiro, a economia do mar é a quantificação dos usos ofertados  pelo mar. Ou seja, os usos que fazemos do turismo, da energia, do  transporte marítimo, da construção naval, da pesca, e das muitas outras
atividades tradicionais ou emergentes, direta ou indiretamente  relacionadas ao mar. Independentemente de morarmos perto ou longe do  mar, ao consumirmos, usufruirmos e apreciarmos quaisquer recursos que o  mar ofereça, somos a engrenagem que move essa economia.No conjunto  das atividades econômicas relacionadas ao mar, concentram-se 19% do  Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, sendo que destes, 3% são  referentes às atividades diretamente relacionadas ao mar.

Em Maceió, como em todos os municípios alagoanos ao longo da costa, não  existe ainda um plano definitivo contra a erosão costeira, que já está  afetando enormemente a economia do mar. A edição de março de 2024 do
jornal do Clube de Engenharia apresentou o  artigo “Engordamento de praias entrou na moda, mas critérios técnicos  precisam ser seguidos”, escrito pelo geólogo e professor Eduardo  Bulhões. Ele argumenta, por exemplo, que uma das ‘modas do momento’, é a engorda de praias. Mas por motivos diversos, as prefeituras de municípios brasileiros banhados  pelo mar vêm optando por projetos de alargamento das faixas de areia,  principalmente em áreas urbanizadas, medidas tomadas para reparar  erosões causadas por fenômenos naturais ou por intervenções invasivas na orla.

Em seu texto, ele avalia que as prefeituras precisam tomar medidas de  urgência e segurança, já que o avanço do mar sem a proteção da faixa de  areia pode destruir calçadas, pistas de rolamento e imóveis. Segundo um
levantamento do jornal Folha de São Paulo, nos últimos seis anos foram  realizadas no país 24 intervenções de grande porte, movimentando uma  quantidade de areia equivalente a 12 estádios do Maracanã.

Mas infelizmente, segundo uma pesquisa recente, dos 279 municípios  costeiros brasileiros, 87% têm algum segmento litorâneo em erosão.  Levantamento foi feito com base em cruzamentos de dados do instituto  holandês Deltares e do IBGE. Para o engenheiro Marco Lyra, muitas praias alagoanas estão inseridas neste contexto, onde a economia do mar será  seriamente afetada. ``Alagoas tem muitas praias em perigo, como algumas  de Maragogi, Porto de Pedras, Passo de Camaragibe, sobretudo, a praia do Marceneiro, alguns trechos da Ilha da Croa. No litoral sul, alguns  trechos da Barra Nova e praia do Saco, em Marechal Deodoro, em Coruripe e no Pontal do Peba, onde a situação já passou para um estado de  gravidade.

Em Maceió o avanço do mar é preocupante na praia do Pontal e  trechos da Jatiúca e Jacarecica, onde obras de contenção estão sendo  realizadas pela prefeitura´´.